terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Maluquices do taverneiro


Um detalhe vem chamando
a minha atenção.
Sentado do lado de fora
do Bistrô PortoSol
todo inicio de noite,
observo o povo alegre
que passa.
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Uns, com corpos atléticos
vindo da praia, carregando tralhas, outros, vindo da academia exibindo musculosos troncos e membros.
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A impressão que tenho, é que os rapazes que vem da academia se parecem com aqueles frangos cheios de hormônios, criados em aviários, enquanto que os trabalhadores da praia são enxutos como aves caipiras...
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Será maluquice minha, querer trazer essa analogia para a mesa e ver uma diferença nítida entre as perfumarias de restaurantes tidos como chiques e a comida de verdade do Bistrô PortoSol?
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Restaurante temático de culinária austro-húngara.
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"A inguinorança que astravanca o pogréssio!"


Ainda outro dia me permiti
chamar a atenção para
pedradas linguísicas que
empregados da Globo
cometem todo santo dia.
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Agora a mesma emissora
de TV lança uma nova
novela das 8,
cuja protagonista se chama
Paola Oliveira.
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Tanto os coleginhas da moça
quanto elazinha própria,
pronunciam o nome Pa-o-la!
Gente, o nome Paola só difere do nome Paula na escrita!
A pronúncia é "Paula", tanto em italiano quanto em português!
Sei disso porque tenho uma amiga - una piu bella ragazza italiana - chamada Paola.
De tanto ser chamada por aqui de Pa-o-la, ela resolveu mudar a escrita do nome dela para Paula! Pronto... ou seja... punto e basta!!!
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Reinhard Lackinger
há mais de 40 anos sofrendo horrores com o nome que tem... tanto na escrita quanto na pronúncia!

Cuidado com garrafas PET de 2 litros


A foto mostra uma garrafa
de petaloide de 2 litros com
um rombo no fundo.
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... e não foi a primeira vez
que isso aconteceu comigo.
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De repente um estouro dentro de casa e ao rocurar a causa, você se depara com 2 ( dois ) litros de refrigerante derramados, sujando o móvel, onde a garrafa havia sido colocada... isto é, num local apropriado, não exposto à luz, nem calor.
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A primeira vez que isso aconteceu, a fábrica mandou uma comissão de prepostos logo no dia seguinte até a minha para assuntar.
Isso foi há mais de 10 anos.
Agora ( há mais de 6 meses ) fui procurado por um preposto que queria apenas vender efrigerantes, não ligando a mínima para a explosão de maisuma garrafa Pet.
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Só posso pensar: Descarou!!! DEscararam!!!
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Durma com um barulho desses, com um estouro de garrafa pet..
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Reinhard Lackinger
p.s. além ter guardado a garrafa, fiz mais algumas fotos dos fundilhos dela.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OI way.. ou OIWEI


"Oiwei", como interjeição
iidiche pode significar
"ui", "que lástima" etc.
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"Oi way" parece ser o
jeito da Oi
- companhia telefônica -
de passar a perna na clientela.
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Explico:
além de todos os transtornos na comunicação dos
primeiros dias após aquele incêndio e da gente ainda não conseguir falar para um monte de telefones, desde o ano passado, a OI parece se aproveitar do caos para praticar mais crocodilagens, metendo a mão no bolso do consumidor.
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De 2 ( duas ) das minhas 3 ( três ) contas da OI do mês passado, não recebi a conta em papel, o relatório do consumo como de costume.
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Pior: nessas duas contas foram cobrados valores acima do comum.
Uma com serviços fixos de bloqueio de chamadas à cobrar e do BINA, que há anos é de R$ 17,00, foi cobrada e paga pelo débito em conta no valor de R$ 27,00.
A conta do Bistrô PortoSol, que nunca passou dos R$ 70,00 por mês, passou dos R$ 90,00... sem poder conferir o consumo.
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O pior de tudo, não consigo telefonar para o 103 31 para reclamar das respectivas contas.
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Oiwei!
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Reinhard Lackinger
indignado... para variar OIWEI!!!

Idioma, mais que...


...uma simples
convenção!
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Ontem me apareceu
um cidadão no
Bistrô PortoSol,
dizendo ser alemão,
expressando-se
com alguma dificuldade.
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Os avôs paternos dele migraram da Turquia para a Alemanha nos anos 60.
O pai dele e a mãe - também filha de turcos - nasceram na Alemanha.
Há uns dois ou três milhões de descendentes de turcos e filhos de migrantes de outros países islâmicos vivendo na Alemanha, sem dominar o idioma alemão.
Esse é um dos problemas de integração na Europa de hoje.
Pior, outro dia, o primeiro ministro da Turquia, visitando a Alemanha e falando para patrícios e respectivos filhos e netos, sugerindo e até exortando-os em não abandonar a fé islâmica, nem assumir o jeito alemão de ser. Alá os livre de se tornarem infiéis...
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Penso que qualquer migrante tem obrigação moral de aprender o idioma do país no qual decide viver!
Mesmo cometendo erros de ortografia, como as pedradas que eu dou dia sim, outro também.
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Para quem não quiser aprender o português, nem se integrar, o saguão de embarque do Aeroporto 2 de Julho é a serventia da Bahia.
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Digo isso tudo depois de ler num jornal online de minha terra natal que o mundo espera um crescimento econômico imenso da China.
Até que ponto estou equivocado em pensar que o regime comunista chinês teve o seu lado bom e tratou de alfabetizar até os mais pobres daquele bilhão e meio de habitantes, tornando-os produtivos e consumidores?
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Será que o nosso ensino brasileiro está à altura das necessidades do futuro próximo?
À luz das vagas de emprego não preenchidas hoje mesmo, percebe-se que estamos no buraco desde já.
A grande vantagem que temos é que praticamente todos os imigrantes no Brasil procuram integrar-se, tentando aprender o português... de preferência numa escola.
O problema é que muita gente aprende o idioma assistindo a televisão.
Resultado:
uma epidemia de "menas", de "aonde" usado no lugar de "onde", sem falar do "houveram" que certa apresentadora de televisão usou outro dia, estourando o meu tímpano e estraçalhando minhas víceras.
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Penso que não se deva censurar a mídia. Bastava que os meios de comunicação fossem avaliados periodicamente pelo MEC, recebendo notas.
Até um minuto de direito de resposta também seria uma boa idéia, com um professor ou uma professora de português aparecendo em horário nobre, chamando a atenção para os erros mais comuns cometidos por um(a) ou outro(a) apesentador(a), mais 97% do elenco da TV Globo.
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Aprender o português foi o primeiro passo para eu me integrar nesta sociedade e para me sentir brasileiro...
Um brasileiro de origem austríaca, como a prima Poldi e o primo Pedro II.
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p.s. A palavra "tauba", muito usada por gente simples, no lugar de "tábua", deixo passar com alegria!
Mesmo não entendendo nada de etimologia, ouso achar que "tauba" tem a mesma raíz etimológica da palavra alemã "Daube"(1), caindo em desuso com a introdução dos barris de chope de metal.
"Daube" era chamada a tábua côncava usada para a confecção de barris(1), seguras por dois ou mais aros de ferro e tampos nas extremidades. Uma das "Dauben" tinha um buraco bem no meio, fechado com um batoque, que ao abrir o barril tinha que ser substituido pela torneira num só golpe. O vacilão fatalmente tomava um banho de cerveja.
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(1) vide ilustração acima, que mostra parte de um barril feito ainda com "Dauben" = tábuas de madeira.
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Prost
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Reinhard Lackinger

"Sonho profundo"


Ontem, dia 13 de janeiro de 2011,
dia da Lavagem do Bonfim.
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Preparado para o cochilhinho
da tarde,
com tampões de ouvido e
cortinas com black-out na janela,
ventilador de teto ronronando, tentei tirar a soneca melhor possível.
Era 14:00horas.
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Explico:
fatalmente lá pelas 15:30h costuma passa o vendedor de pão pelas ruas da Barra, inclusive embaixo de minha janela, aos gritos e acionando uma poderosa vuvuzela... uma corneta, capazde derrubar as muralhas de Jericó.
( só os fiscais da prefeitura,de tão surdos que são, não ouvem nada! )
Um dia ainda vou mandar fazer um ebó para aquele padeiro, que traz o pão lá de Itapagipe para atormentar a gente na Barra!!!
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Curiosamente nesta segunda quinta feira de janeiro de 2011 caí num sono profundo e cheguei a ter um sonho assaz interessante e ao mesmo tempo aterrorizante, parecendo real!
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Sonhei estar vagando por entre gabinetes de políticos, repartições do serviço público, com um monte de gente sem fazer nada além de uma boa figura, vestindo os respectivos figurinos.
De repente se aproximou um cidadão exquisito que parecia estar familiarizado com o ambiente, prontificando-se a ser meu guia.
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- Somos todos extraterrestres -, dizia o cara... e eu, roncando estava, roncando continuei a sonhar.
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- Nós da oposição, somos do planeta Nibiru. Prazer, sou XptOtto, um Nibiruta nato.
Somos um tipo de segundo time por aqui -, disse ele.
- Quem manda e é da situação é o pessoal de Venus -.
-Venusianos??? -, indaguei incrédulo.
-Venusianos nada! São Venais! Simples Venais de Venus!-
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Ao contrário do que vocês terráqueos pensam, somos nós a tomar a iniciativa na exploração do meio ambiente, do povo.
Nós Nibirutas e Venais, em pele de políticos. Fantasiados de legisladores, executivos e togados, nos alimentamos da ganância dos terráqueos!
Nós os extraterrestres fomentamos obras faraónicas como a construção de túneis, que ligam o nada a coisa alguma, de metrôs, que jamais transportarão um pé de gente, prédios luxuosos e condomínios fechados, em meio a áreas de proteção ambiental.
Enfim, quanto maiores os projetos, maior a fatia do bolo que cabe a nós.
Assuntos como limpeza urbana, a construção e manutenção de sanitários públicos, arborização da cidade, fiscalização da ordem pública e outros serviços não dão dinheiro... portanto não interessam à gente!!!
Ou você acha que a gente liberaria meio milhão para pagar uns babacasdo axé por uma apresentação mambembe, se não tivessemos a garantia de que grande parte dessa bufunfa iria voltar logo logo para os nossos bolsos...
Nós extraterrestres podemos ser feios, verdes e cheios de anteninhas, mas de bobo não temos nada.
Imagine... outro dia, um terráqueo exigiu que a construtora que abriu aquele túnel que errou o alvo por apenas 300 metros, corrigisse o mal feito por conta dela.
Santa inocência! Como iriam fazer isso, se boa parte da verba foi para o bolso da gente de Nibiru e de Venus???
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- Vocês Nibirutas, mesmo sendo da oposição, também comem? - perguntei.
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- Estamos numa democracia, pois não! -, disse XptOtto, o Nibiruta.
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- Mas o que você está me dizendo é um enorme absurdo -, disse entre uma apneia e outra.
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- Não me venha com papo fajuto! Quando vocês terráqueos comandavam a política e a administração do bem comum, as coisas não andavam melhoresdo que agora.
Portanto fique na sua. Até logo! - , disse o Nibiruta e sumiuem meio a uma multidão desfilando naquele ambiente de ar refrigerado...cafezinho, lobbistas e cortesãs.
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Quando acordei era 16:30h e apesar do pesadelo maluco, me senti bem disposto e revigorado. Pudera... nessa tarde, ao contrário dos outros dias, não acordei bem no meio da soneca com o som da vuvuzela...
Graças ao Senhor do Bonfim!!!
Como era dia da Lavagem do Bonfim, a kombi, que costuma trazer o pão lá da Cidade Baixa, não pode vir nesta quinta feira e eu pude dormir e descansar em paz.. apesar do night mare, que botou uma grande pulga atrás de minha orelha esquerda...
De que túnel, de que metrô será que o tal extraterrestre estava falando?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quem está com o mico preto?


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De repente, alí na fila do supermercado, um fiapo de conversa despertou a minha atenção.
Pensei que o assunto das cotas para negros tivesse morrido.
Pensei que já tivessemos conseguido avançar no pensamento em torno de ações afirmativas.
Mas não!
O que captei do relato da senhora bem vestida em minha frente: ... a filha havia oferecido uma carona para uma colega de curso de mestrado e ficou chocada com a forma ríspida com que o oferecimento foi rejeitado.
- Sou cotista, vou pegar o meu buzú -!
Motivo suficiente para que a filha da moça ficasse perplexa, ofendida e triste.
Mais uma razão para que as duas senhoras ratificassem sua opinião contrária à adoção das tais cotas. Ironia da vida ou não, ambas eram negras!
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Até onde a maldição da Casa Grande ainda vai nos perseguir?
Com inteligência limitada seguro no binômio Casa Grande e Senzala como um corrimão, temendo não saber concluir o pensamento.
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Depois daquele 13 de maio de 1888 havia um ambiente úncio para todos os brasileiros... não importando se nasceram na Casa Grande ou na Senzala.
Havia esse ambiente. Parece que até agora, até hoje, ainda não sabemos direito que cara esse ambiente deve ter.
Vejo um enorme cabo de guerra entre a Casa Grande e a Senzala.
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Durante séculos o Mico Preto estava permanentemente nas mãos dos negros, nas mãos dos ocupantes da Senzala... desdenhados e desmerecidos pela "elite branca" da Casa Grande. Durante séculos convivemos com um conflito permanente que uns tentavam varrer por debaixo do tapete, esperando que o tempo e as novas gerações resolvessem o problema e arrumassem a bagunça gerada com a escravidão.
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Muitos outros, cansados de esperar, chutaram o pau da barraca, abandonaram o papel de vítima, assumindo as regras de jogo da Casa Grande, se tornando doutoras e doutores.
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Por mais que alguém tente ignorar e negar os efeitos do preconceito racial enraigado na nossa sociedade, eles se manifestam a cada instante, em cada gesto, como no caso da carona rejeitada pela colega do mestrado.
Outro exemplo emblemático está na suposta lentidão do Baiano. Será que não se trata de uma forma velada de desobediência cilvil e reação à postura dos que ainda se julgam "sinhozinhos" da Casa Grande? Penso que toda e qualquer segregação atinge os limites da idiotice humana.
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Penso que o conflito criado com a escravidão do povo negro e com o extermínio dos indígenas não pode ser ignorado enquanto a gente ouve piadinhas e sente vontade de generalizar...
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E por falar em generalizar... penso que não há uma só ação afirmativa que não possa ser alvo de críticas. Será que ações afirmativas como os sistemas de cotas são injustas só para mostrar quão injustos têm sido as regras de jogo impostos pela Casa Grande.
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Ouvi as duas senhoras pronunciarem palavras como "cizânia", "trauma" e "violência", resultados inevitáveis em cada sistema de cotas.
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Durante séculos o ônus desse conflito racial, cultural e econômico estava apenas de um lado.
Era natural empurrar o Mico Preto para os Afrodesendentes, para os índios.
Durante séculos vivemos num conflito social velado, que eu acho muito pior do que um confronto declarado.
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Vejo as ações afirmativas como uma forma de dividir o ônus da bagunça social ainda existente no Brasil.
Como menino fiz várias amizades que duram até hoje, que começaram com uma briga de socos e a cara enfiada num monte de neve...
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Se o assunto das cotas e demais ações afirmativas ainda está vivo, em uma década ou duas, com certeza, estará morto e enterrado. Daqui a uns 10 ou 20 anos, ninguém mais falará em cotas.
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Não importa que maluquices que o respectivo ministério ainda irá inventar.
Tenho certeza de que a Casa Grande vai ganhar um puxadinho joinha!
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Por favor me desculpe se chutei a bola muito longe por cima do travessão, mas diante daquele papo na fila do supermercado não pude me calar e mesmo correndo o perigo de ser mal interpretado e pagar um enorme mico, me senti na obrigação de dar a minha opinião.
Salvador 10 de janeiro de 2011
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Reinhard Lackinger
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p.s. Jogávamos Mico Preto em longas noites de inverno austríaco... Lá pelos anos 1950. Ainda não havia televisão e o rádio só era ligado quando havia algum programa que a gente queria ouvir. Era época do pós guerra e hora de economizar em tudo. Havia um baralho com um número impar de cartas. Pares de cartas podiam ser baixadas na mesa. Quem ficasse no fim com a carta solitária, com o "Mico Preto", perdeu o jogo.

Ainda as cotas...

Dizem que a competição é o sal do capitalismo... e eu diria que é o sal, o açucar, a manjerona, o tomilho, a raiz forte, o alho, a cebola...
Isso vale até para o capitalismo de araque que é praticado no nosso Brasil!
Um capitalismo de cartas marcadas, dando um drible de vaca em eventuais concorrentes "maomeno" sérios.
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Esse bolodório todo só porque ainda não consegui digerir por completo o assunto das cotas, das ações afirmativas.
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Vamos conferir a seriedade do ensino de outrora e dar uma olhada nas salas de aulas e nas repartições públicas, numa época, em que ninguém falava ainda de ações afirmativas, nem ousou sonhar com cotas em universidades!
Até durante o período da ditadura militar havia colégios do tipo "pagou-Passou"!
E o que eram os cursinhos pré-vestibulares senão uma forma velada de cotas para quem tinha pais que podiam pagar o tal curso preparatório.
Além disso, em cada turma de curso universitário ... e quem sabe, até na Escola Técnica, havia pelo menos um "cotista" para assuntar e descobrir entre os colegas eventuais subversivos e comunistas...
Sem falar daqueles, que iam se formando sem jamais ter pisado numa sala de aulas. Gente, que eu só encontrava no dia da matrícula.
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Você pensa que em concursos públicos as coisas eram diferentes, mais corretas e transparentes?
Fala sério! A criatividade de nossa gente é ilimiada.
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So havia ações afirmativas naquela década de setenta no Bar Omolú, defronte do Campus da Católica. A minha cota era de 3 ( três ) Brahma por noite.
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Prost
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Reinhard Lackinger