domingo, 11 de setembro de 2011

Cultura? Que diabo é isso?

Tentando por alguma ordem no que penso acerca de cultura, me vêm à mente as diferentes formas que o ser humano tem achado para se virar em cada ambiente, em cada canto neste planeta.
Relevo do solo, rios, beira mar e praias, clima, recursos naturais, terremotos e tsunamis, inundações e secas têm norteado os indivíduos, criando padrões de comportamento. Um marujo enxerga o mundo de uma forma, um montanhês de outra. Quem foge da falta de comida, mais cedo ou mais tarde terá que enfrentar a disputa com quem chegou primeiro ao oasis de terra fértil.

Muitos de nós experimentam culturas diferentes apenas como uma fantasia carnavalesca. Alguns chegam a vestir sarongues, quimonos ou caftans tão logo descem do avião em Bali, no Japão, no Marrocos e só os tiram do corpo, depois de voltar triunfantemente para casa em Coração de Maria, em Xorroxó, ou em Santana do Carirí.

Penso que ser culto significa compreender o modo como estranhos se comportam, aceitando as respectivas diferenças ( esquisitices ) e saber conviver com elas.
Quem estiver disposto a encarar essa aventura, logo logo ai tropeçar numa pedra enorme: o idioma!
Como toda e qualquer sociedade é composta tanto de pessoas cultas, interessantes e de boa índole, quanto de plebe ignara, cretinos e indivíduos de sangue ruim, só há uma maneira de achar o interlocutor ideal: tentando falar com ele.
Nem sempre o inglês resolve. Tem gente interessante em Ouagadougou, em Kopfsberg bei Iggensbach ou em Lujan de Cuyo, que não fala inglês... e mesmo toda fluência neste idioma universal nem sempre garante a compreensão do outro. Lembro do exemplo do poeta Katsimbalis em "O Colosso de Maroussi" de Henry Miller, afirmando que os "causos" dele só podiam ser contados em grego e jamais traduzidos para o inglês...

Há quem fale rudimentos do idioma alheio. Essa pessoa achará o máximo, conseguir comunicar-se mesmo com uma pessoa nativa simples e de pouca cultura. Falar do tempo, de um quilo de batatas ou pedindo mais uma geladinha, já é muita aventura para uns.
Neste estágio, os habitantes de um país vizinho da Áustria levam uma enorme vantagem. E fácil entender o que eles dizem, já que habitualmente a conversa deles gira em torno de quantidades. Eles falam com naturalidade da segunda maior cidade do estado, onde fica a quarta maior torre de igreja do distrito e um estádio para 34.379 espectadores. De lá até a maior cidade do país são exatos 137km e o automóvel deles, um Volkswagen, gasta 6,32 Litros para percorrer 100 quilómetros. Não importa a língua em que Franz Mustermann vai contando isso. Qualquer pessoa entende a narrativa dele. Não há conversa mais agradável para quem sofra de insônia e que tenha um saco do tamanho de um rinoceronte negro da Tanzânia.

Esse mesmo Franz Mustermann se depara com outra cultura, ao fazer turismo. Morando e trabalhando num país, onde na maior parte do ano faz frio, chove e neva, obrigando-o a usar botas com sola antiderrapante, ceroulas, meias e gorro de lã, casaco e capote, ele deseja passar as férias num lugar praiano com muito sol, "cerfecha" e "caipirrrinhaa", enrolando-se com umas putinhas e uns vagabundinhos, dispostos a descolar uma graninha em troca de algumas macaquices e, quem sabe, outros favores não tão inocentes assim.
Como Franz Mustermann, além de poucas palavras em português só sabe pensar de forma linear, logo logo chega a concluir que toda sociedade baiana está no mesmo nível cultural daquela garotada da praia. Que há em Salvador, na Bahia e no Brasil pessoas cultas, preparadíssimas e de boa índole, ficará transparente para esses "Franz Mustermann da vida", para "Ferenc Nemeth" e para Francesco Tedesco" e outros visitantes interessados apenas no sol, na praia e na muvuca.
Por falar em Franz Mustermann... Conheci uns analfabetos nativos com conversa bem mais interessante do que muita gente com um currículo enooorme!

Com nossa infraestrutura física e cultural destruída, arrebentada e esquecida, a chance de se ter por aqui um turismo de qualidade e rentável é praticamente nula!
Ninguém vai conhecer a verdadeira riqueza cultural que há nesta nossa terra!!!
A cultura que oferecemos aos turistas - que vêm a Salvador - se resume numa lata de "Iskó" gelada, numas bundas remexendo ao som de pagode e parangolé e numa chupança de beiços alheios ao som de trocentos trios elétricos.
Para alguns, tá muito bom assim! Desse jeito ganham uns bons trocados... e a cidade que se dane... os cidadãos também!

Pior é a cultura das nações mais ricas do planeta!!! Pior para os países, que esses todopoderosos resolvem bombardear até destruir tudo, inclusive a cultura, para depois reerguer nos moldes que lhes convém, impondo a cultura do mais forte e, quem sabe, mais cretino. Tenho acompanhado isso, assistindo televisão, lendo jornais pela internet.

Falando em cultura... até o espaço enorme e a visibilidade imensa que nossa mídia dá a bandas horríveis com músicas bobas e com letras cacofônicas é impressionante!
Nossa cultura é isso?
Nossa cultura se resume no axé e nesse neo-panteismo trioeletrizado com sacerdotes e sacerdotizas berrando para dentro de microfones e se requebrando em cima de palcos móveis ou fixos, com uma liturgia previsivel e grotesca, tipo mãos para cima, bunda para trás???
É claro que não!
Temos mais bala na agulha em termos de cultura baiana!!!
Afirmo isso porque tenho a sorte de me relacionar com gente baiana culta e nobre desde quando cheguei em Salvador há mais de 40 anos.
É exatamente essa gente que frequenta o Bistrô PortoSol. Pessoas, que um dia já moraram e estudaram no exterior, tendo tido contato com outras culturas, não se incomodando com eventuais esquicitices de um taverneiro montanhês ligeiramente rústico, permanentemente obrigado a defender o espaço dele de pessoas pouco ou nem um pouco acostumadas com tavernas temáticas com culinária austro-húngara, confundindo um espaço ordeiro como o Bistrô PortoSol, onde há 10 anos se pratica love food de forma artesanal, com um boteco de praia!.

Outro dia falarei mais do love food, que acaricia o paladar, enche a barriga, ao passo que desperta o apetite para o amor!!!

Prost Mahlzeit

Reinhard Lackinger
o taverneiro do Bistrô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pequenas ações, grandes presepadas

Sugeri uma forma diferente de reagir diante dos problemas que nos afligem, por não sentir muita firmeza nas inúmeras manifestações que entulham o meu cérebro e o meu coração.
Eu já não acredito mais em passeatas, em abraços simbólicos, em revoadas de pombinhos soltos por gente vestida de branco nem de preto, nem em cruzes cravadas nas areias de Copacabana. Não acredito em mega-eventos, enquanto a gente se engasga com trocentos pequeninos detalhes de desordem pública diante do nosso nariz.
Detalhes, que chegam a inviabilizar por exemplo a construção de hotéis de luxo no bairro mais charmoso de Salvador e ao longo do famigerado circuito carnavalesco Barra-Ondina, onde tudo conspira a favor de camarotes e da muvuca rasteira e ordinária, e do turismo pé de chinelo!

Acredito sim na célula de cada um! Minha célula é composta por familiares, amigos e vizinhos, colaboradores e destinatários de minhas "malas diretas sem alça"!
Sugeri apontar os erros de quem se acha no direito de transgredir a lei, de bagunçar e subverter a ordem pública... nos passeios, nas ruas, nas praças, nas praias, nas filas de supermercado, no estacionamento, no shopping center e onde tiver pessoas sofrendo agressões por quem quer levar vantagens espúrias na marra.

Vários internautas me disseram que isso é utópico e que não dá para apontar um erro de um infrator, nem que seja com voz de anjo, em tom amistoso e com toda vaselina.
Infrator é gente ruim e a possibilidade de um individuo indignado e reclamão levar um tiro é enorme!
E se a gente conseguir transformar um gesto individual numa ação coletiva? Uma arma de fogo tem apenas seis a oito balas... hehehe
Diante dos olhos de minha imaginação há centenas de indignados com a ousadia de um bagunceiro, enquadrando-o numa boa! Outros, se fingindo até então de morto, vêm correndo, engrossando as fileiras... assim espontâneamente... e de repente a gente está com moral de peitar aqueles que se julgam donos do Brasil!

Reinhard Lackinger
P.s. Amanhã vou comprar cartolinas vermelha e verde para recortar cartões em forma de careta. Cara vemelha com os cantos da boca curvada para baixo, para mostrar para quem quiser ver, o que eu acho de determinada transgressão. Cara verde risonha para quem recolhe o cocô do carchorrinho e o leva embora... o cachorrinho e o cocô!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Manifestações diferentes, mas permanentes

Corrupção não é coisa só do Brasil!
Até nos países sacrossantos da Europa há patifes se beneficiando de informações privilegiadas, há gente corrompendo e se deixando corromper...
Mas ai de quem é pego! Vai pro ostracismo para sempre, além de ir para a cadeia!
Falo de países, onde o próprio povão se encarrega de repreender eventuais malfeitores.
Quem cometer o menor deslize, é condenado de imediato pelo público e se sente tão mal, que vai pensar três vezes, antes de fazer o que não deve.

No Brasil vamos fazer grandes manifestações! Tem mais uma sendo organizada. Maravilha!Imagino caras pintadas indo para as ruas e praças como na época das Diretas Já!

O meu cérebro prejudicado intelectualmente sugere uma manifestação um pouco diferente... e... permanente!
Que tal a gente passar a apontar, identificar e repudiar de forma civilizada e educada, porém ostensiva, quaisquer atos de transgressão à lei, por menor que seja, como...
- estacionar o veículo em vagas para idosos, gestantes e deficiêntes
- dar roubadinha e contra-mão nas ruas- dar fechada com o celular na orelha
- jogar lixo pela janela do carro- jogar lixo fora de recipientes apropriados e fora da hora da coleta
- agredir os outros com som exageradamente amplificado
- urinar para onde o pinto apontar
- infringir quaisquer normas da convenção de condomínio
- furar filas- tentar levar quaisquer vantagens- sonegar impostos, ignorando a Nota Fiscal
- jogar cestinha de supermercado com as alças dobradas, impedindo que o próximo consumidor possa encaixar a cestinha dele
- retardar uma ação - fazendo cera - fazendo com que outros percam tempo inutilmente
- complete você mesmo esta lista!
Já imaginou, se a gente começar a ter uma postura de repúdio a todo tipo de ação de gente folgada e bagunceira, formando um exército de vigilantes, não deixando passar mais nenhuma transgressão à lei, por menor que seja?
Na boa, elegantemente, sem violência verbal, de forma educativa!!!Sempre frisando firmemente, que quaisquer transgressão é um embrião da violência!!!

Indo para a tal manifestação Anti-Corrupção, se a gente não se dispuser também em combater as menores corrupções e picaretagens de nosso quotidiano, corremos um sério risco de sermos chamados de presepeiros!
É o que me ocorre neste dia 7 de setembro
Penso que a gente só se sentirá verdadeiramente independente dos corruptos, se combatermos a corrupção nas mínimas coisas!!!

sábado, 3 de setembro de 2011

eu conspiro, tu conspiras, nós conspiramos




A palavra "conspiração" era para mim algo que cheirava a máfia, a grupos de pressão e políticos fisiologistas de alguma bancada ruralista ou evangélica, na melhor das hipóteses clubes fechados com propósitos humanistas... até o dia em que ouvi um monge tibetano dizer que Budismo significa "conspirar a favor da vida"!

Cuidando de 44 metros quadrados do bairro da Barra e de um restaurante temático de culinária austro-húngara no Porto da Barra em Salvador, conspiro a favor deste nosso charmoso bairro... tão maltratado e esquecido pelo poder público.Venha você também conspirar junto, frequentando o Bistrô PortoSol




Reihard Lackinger