terça-feira, 27 de abril de 2010

Barra : que violência?


Ontem ouvi na Rádio Metrópole uma pessoa convocando o público para a audiência que iria ter na Camara Municipal, sobre os problemas da Barra.
Todos os ouvintes devem ter sido curiosos, querendo saber quais eram todos esses problemas aos quais a pessoa se referiu.
Todos os ouvintes, inclusive eu, ouvimos a tal pessoa citar apenas um problema : Violência!
De que violência será que essa pessoa estava falando?
De assaltos, de arrombamentos, de assassinatos, de roubos?
Qual era a fonte que essa pessoa usou para chegar a essa conclusão?
Em que pesquisas ela se baseou para afirmar que a violência é o pior mal que a Barra anda sofrendo?
Ou será mais um palpite de uma dessas pessoas que não sai de casa depois das 18:00 horas, como aquela figura que recentemente deu entrevista sobre o uso de craque no Porto da Barra.
Gente, se alguém pode falar sobre o assunto segurança na Barra, esse alguém, sem falsa modéstia, sou eu.
Sou eu que vivo na rua, trabalho na rua na Barra todo dia até de madrugada e vejo o que se passa!
A Barra, graças à polícia e uma vantagem geográfica importante, é com certeza um dos bairros mais seguros da cidade!
É claro que turista babaca fantasiado de árvore de natal, cheio decordão de ouro e câmera fotográfica, é depenado num minuto...
Mas não só na Barra, como também em Paris, em New York eem Zurique.
O que falta àquelas pessoas "sem noção" é andarem na rua antesde darem palpites sem fundamento.... e se calar até descobrir que gente maltrapilha não é necessariamente assaltante perigoso.
Se há algum tipo de violência na Barra, essa violência está nas transgressões quotidianas.
Os embriões da violência estão no lixo jogado nas ruas e praças pelainexistência de lixeiras adequadas e /ou mal distribuídas, está nos transeuntes urinando nas ruas e defecando na praia pela falta de sanitários públicos.
A violênca também está na poluição sonora e nas manobras insegurase agressivas de certos motoristas de carros particulares e/ou de taxi e de ônibus.
A maior violência porém é a que a Barra sofre ao longo do ano com todo tipo de eventos que transformam a Barra num caos fedorento, causando prejuizos para moradores e comerciantes.
Os guardiães da Barra como a AMABARRA e SOS-BARRA peferem chafurdar num preconceito e numa suposta violência, em vez de enfentar os órgãos públicos que deveriam coibir as transgressões do quotidiano, admoestando e multando os transgressores...
preferem redigir cartas para Papai Noel em vez de enfrentar a Bahiatursa e demais órgãos oficiais, que costumam fazer bonito com o chapeu dos outros, ajudando os trios e blocos a encher as burras de dinheiro em detrimento de nós moradores e comerciantes.
Violência é o que foi denunciado através da matéria "Fundo da Folia"!
e tenho dito
Salvador, 27 de abril de 2010
Reinhard Lackinger

domingo, 25 de abril de 2010

Aldeia de Asterix no Porto da Barra




Outro dia comparei a confusão colorida de minha vizinhança à aldeia de Asterix e Obelix.

A pracinha é ponto de encontro de moradores do beco, trabalhadorese desocupados com aparência um tanto inconvencional.


Eles não carregam menires como o Obelix, mas levam espreguiçadeiras, guarda sóis, engradados, caixas de isopor e outras tralhas necessárias para dar conforto aos banhistas na Praia do Porto da Barra.


Os banquinhos e as cadeiras de plástico empilhados nos ombros daquele povo simples, lembram os capacetes colhidos por Asterix e Obelix depois de terem enchido de pancada mais uma patrulha romana de um dos fortes que circundam a aldeia desses gauleses irredutíveis.


Já resolvi: o Shopping Barra é o Forte Babaorum, o Shopping Iguatemi o de Laudanum, o Shopping Salvador o Forte Petibonum e finalmente a Marina do Contorno, Aquarium.


Além do povo se parecer com os gauleses irredutíveis, quero arriscar o palpite de haver um dono de loja de peixes como o Ordenalfabetix na pessoa do Enoque... e Bernardo está perfeito no papel do bardo Chatotorix.
Luiz Avelino é o autêntico Veteranix. Quanto ao Dunga, ao Augusto com a cadelinha dele, à Nice, ao Babau, ao Buda, ao Rasta cabem personagens não menos importantes.
Eu mesmo poderia ser o Obelix, se fosse uns 25 anos mais jovem.
O Asterix, o chefe Abracursix & Senhora, o Vercingetorix e o Panoramix podem ser qualquer um de nossos clientes.
Aliás, há muitos druídas entre os frequentadores do Bistrô PortoSol e mulheres lindas como Falbalá também não faltam no nosso espaço cult.
Embora a movimentação na pracinha perto do Bistrô PortoSol seja maisilógica do que o vai e vem dos peixes no meu aquário, justificando a comparação com a aldeia gaulesa, há uma diferença nítida e importante: os meus vizinhos são mais pacíficos que os irredutíveis gauleses, já que a turma de Asterix volta e meia se envolve numa briguinha.
Os vizinhos do Bistrô PortoSol são coadjuvantes perfeitos! Eles combinamsuperbem com a nossa proposta ordeira e pacífica de gastronomia temática.
Reinhard Lackingero
o taverneiro do Bistrô PortoSol www.reg.combr.net/bistro.htm
aberto de terça feira a sábadoRua Cézar Zama, 51 Porto da Barra
71 3264-7339 9963-6433

quinta-feira, 22 de abril de 2010


Até agora não sei porque pago IPTU de bairro nobre... e duas vezes!
Tanto no imóvel em que moro, quanto no imóvel onde trabalho e mantenho o Bistrô PortoSol.
O que bairros de Salvador como Campo Grande, Vitória, Canela, Graça, Barra, Ondina etc. tem de tão especial que justifique a cobrança a mais sob alegação de residirmos e trabalharmos num endereço "nobre"?
Nossa urbanização por acaso dispõe de mais recursos do que qualquer bairro da periferia?
Nosso lixo é colhido mais vezes do que em Cajazeiras XXVII, em NovaBrasília ou em Capelinha de São Caetano? Ou apenas 3 vezes por semana?
Nossos bairros dispõem de algum sanitário público?
Nossas esquinas de ruas, praças e pontos de ónibus contam com cestas de lixo adequados e periodicamente esvaziados?
Nós podemos confiar no serviço público e numa coleta coerente e adequadado lixo?
Nós podemos confiar nos fiscais da SUCOM para coibir poluição sonora como a da buzina poderosa do vendedor de pão no carrinho de mão ou dosgarotos folgados com porta-malsa aberto na orla da Barra?
As árvores em nossos bairros são cuidadas e podadas por gente que sabe o que faz, tendo o mínimo de cuidado com o verde?
Além de responder todas as perguntas acima com um NÃO, nós moradores da Barra temos mais um bom motivo para questionar o pagamento de IPTU de bairro nobre!
Durante pelo menos 3 ( três ) meses, o bairro da Barra não nos pertence!
Nem aos bairros vizinhos!!!
Durante o verão, a Barra e a Ondina viram feudo da muvucocracia, de nulidades incensadas pela mídia ( sócia da muvuca ) e subvencionadas pelos governos municipal e estadual.
A muvuca que começa antes do reveillon no Farol da Barra... e o que tem chamado a minha atenção: a pretenciosa afirmação daquela jumentinha daDaniella Mercury apossando-se de algo que ela e a sócia-mídia chamam de"show tradicional de Daniella no dia primeiro de janeiro", enchendo as burras com o dinheiro do contribuinte, isto é, de nós otários!
E tome-lhe shows fim de semana sim, outro também, infernizando a vida dos moradores e comeciantes, a começar pelo trânsito caótico!
O carnaval no circuíto Barra Ondina deixa os dois bairros impraticáveis por quase 2 meses com montagem e desmontagem de camarotes e demais favelõesde apoio.
Depois vem ainda o famigerado "Espicha Verão" que os idiotas da Bahiatursainventaram.
Se a gente procurar, vai achar ainda mais motivos para questionar o pagamentode IPTU, quanto mais pagar essa taxa para bairro nobre.
Está na hora de rever isso tudo e de eleger gente comprometida seriamente com os moradores, osd comerciantes e com um turismo mais saudável e rentável do que o turismo sexual de de muvuca!!!
Se alguém quiser saber onde essas nulidades como Ivete, Bell, Jammil, Netinho,Tommmati, Daniella, Claudinha etc. devem se apresentar, é só perguntar a mim!
Tenho a resposta na ponta da língua!
Devolvam a minha Barra Porra!
Salvador, 22 de abril de 2010
Reinhard Lackinger

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pequena cortesia do taverneiro



Texto de uma época em que ainda não sofri com
prejuizos financeiros causados pelo poder público como
hoje e"enquanto"taverneiro do Bistrô PortoSol...


Velha profissão no novo mundo
Nos bastidores do turismo sexual

copyright by Reinhard Lackinger

Quando recebi a notícia para aparecer na redação do jornal virtual alemão “Der schlaue Brasilienreisende”, “o sabido viajante pelo Brasil”, a fim de discutir um trabalho de “freelancer”, estava excitado demais para farrejar algum problema.

>Mas chefe – disse eu. – Eu não posso me mostrar com uma dessas pessoas “públicas” em público! O gravador entre pratinhos e copos num barzinho da orla... As minhas quatro filhas estudam num colégio de freiras. A minha esposa e eu frequentamos a Igreja Nossa Senhora dos Desvalidos. Nós somos respeitados por toda comunidade paroquial. Padre Friedrich Wilhelm, seu patrício, não iria gostar nada dessa parada em que você quer me meter... –

>Osório – disse o chefe. – Osório, não seja tonto! Use o telefone! Você se esqueceu que se trata de uma entrevista com uma call girl? Com uma massagista?

As perguntas criteriosamente preparadas, as folhas de papel presas na pranchetinha de acrílico – a mulher tinha saído para levar as crianças à escola - peguei o telefone sem fio e comecei a discar.
Os primeiros oito números estavam ocupados. Do intenso movimento nas linhas telefônicas deduzi uma ocupação animada em outro âmbito, em outra esfera... Finalmente, na nona tentativa, logo no décimo sexto toque atendeu a voz sonolenta de uma mulher.

>Boa tarde – disse eu. – Meu Nome é Osório Matos da Silva Oliveira. Eu sou reporter do novo jornal virtual “Der schlaue Brasilienreisende”. Um informativo para turistas e empresários européus. Nossa intenção é mostrar ao visitante em potencial tudo que o Brasil tem a oferecer de bom e bonito, aproximando-o ao máximo do nosso país... Uma entrevista com uma massagista, de uma profissional do sexo iria iluminar um tema mais que obscuro até então. Uma realidade, que em nossa opinião não deve ser ignorada por mais tempo... Se você fizer o favor de me responder algumas pergu... –

Um “clic” se fez em meu ouvido e eu estava de novo sozinho e no início de minhas tentativas. Continuei a discar, ouvindo o sinal de ocupado. Insisti, procurando novos números nos classificados do jornal local e discando de novo. De repente atendeu uma voz de homem. Surpreso, me sentindo apanhado num flagrante delito, desliguei o telefone.

Pensamentos grotescos invadiram o meu cérebro de heterosexual e homem macho. Menos a idéia de ter discado errado. Afinal de contas propagam, recomendam e apregoam naqueles anúncios todo tipo de Apolos, Adonis, Hércules e Zulús tanto a sua incansável prontidão como seus dotes físicos. Um chegou a vangloriar-se falando em 25 centímetros de sua descomunal masculinidade e eu me perguntei, de que maneira alguém poderia chegar a um resultado desses... Onde se poria o início da fita métrica, daquela régua de madeira? No “zero”? Como diante do perigo eminente de um metro do tipo “craveira”, daquela peça direita de seção quadrada e grossa de pau, com escala em baixo relevo, alguém poderia atingir a ereção...

Finalmente atendeu a voz de uma moça. Uma garota de vinte anos, natural de Vitória da Conquista, com nome de Leidejane. Com o meu coração batendo mais forte procurei uma saída rápida para evitar que me batessem de novo o telefone na cara. De repente surgiu a idéia salvadora.

>Oi – disse eu. – Eu tenho um amigo estrangeiro, solteiro, que não fala português. Ele não quer passar a noite sozinho. Por isso ele me pediu para que o ajudasse em arranjar uma acompanhante. Posso lhe fazer algumas perguntas nesse sentido? –

Leidejane – Naturalmente – gorjeou a jovem.

Der schlaue Brasilienreisende, doravante DsB
– Quanto você cobra por uma noite? O anúncio no jornal menciona o valor de R$ 80,00

Leidejane – 80 Reais mais táxi ida e volta são para duas horas. Para a noite inteira cobro R$200,00. Em que hotel está o seu amigo? Qual é o nome dele? Uma vez conheci um alemão chamado Manfred... –

DsB – Friedrich Wilhelm está no Pero Vaz de Caminha Plaza e está esperando um telefonema meu. Diga-me, como você resolve o problema da comunicação, quando o seu cliente não sabe nada de nosso idioma, nadica de português? –

Leidejane – Não vejo problema nisso. Eu não sou tão experiente como outras profissionais, mas sou muito inteligente. Estou financiando os meus estudos com este trabalho. Você compreende? Você não prefere saber de mihas medidas, saber, como sou físicamente? Não quer que eu lhe descreva a minha pessoa? –

DsB - Eu gostaria de saber como você consegue deitar-se na cama e ter intimidades com uma pessoa que você não conhece, com quem não consegue trocar uma palavra sequer... ? –

Leidejane – Mímica! Eu falo com as mãos, com o corpo todo. Além do mais, cada um de nós sabe o que um erpera do outro. –

DsB - Friedrich Wilhelm tem um forte cheiro de corpo, fede como um gambá. Ele também tem um chulé poderoso e halitose... tem um bafo de urubú brabeza -.

Leidejane - Eu sei o que fazer para que ele tome um banho e escove os dentes... Você não gostaria de saber como é o meu corpo? Sou mulata, bonita, tenho 1,69 de altura e todos os dentes, peso 56 kg, sou do tipo violão... Bumbum grande seios pequenos, cabelos pretos do tipo rasta até o bumbum ... faço tudo... quase tudo... –

DsB - Você faz questão que o seu cliente use camisinha? O meu amigo me disse que não gosta de transar com preservativos. –

Leidejane – Por mim, o seu amigo pode colar de suor, ter um corpo frio e pegajoso e cheirar como um peixe longe do mar e morto há tempos... Contra isto posso fazer algo. Uma possível transmissão de HIV só posso evitar usando camisinha. Sem preservativo não faço programa.! –

DsB - Mesmo se ele aumenta o seu cachê? –

Leidejane - Por dinheiro nenhum no mundo –
DsB – E se ele na hora “aga” não conseguir colocar aquela borrachinha? –

Leidejane – Estes detalhes você pode deixar comigo. Tenho cá os meus truques” –

DsB - Muito bem, agora vou ligar para o Friedrich Wilhelm. Lhe telefono mais tarde! –

Leidejane – Diga ao seu amigo que eu cobro R$ 350,00 ... pelas condições de extrema insalubridade. Imagine se eu pego uma frieira, ou chatos, ou ácaros, baratas... ou coisa pior...-

Coloquei o telefone de lado e anotei os pontos mais importantes. Não satisfeito, liguei para mais alguns números da coluna “acompanhantes”. Adriana, uma gaúcha loira de 29 anos, com 1,73 de altura, cobraria a fortuna de R$ 700,00 por uma noite, enquanto Márcia, uma morena clara citava o valor de R$ 360,00. Conceição, uma jovem afro-brasileira de 18 anos, com cabelos curtos pixaim, faria o mesmo programa por apenas R$ 70,00.

Essas informações deixaram evidentes que a regra brasileira: quanto mais escura a pele - menor salário, vigorava também na mais antiga das profissões...

De noite, nós estávamos com visitas, tocou o telefone. Angélica, a nossa menorzinha, como sempre atendeu, anunciando o nome da pessoa que ligou, dizendo também o que ela queria... Em seguida ligaram todas as outras, querendo saber do paradeiro do cliente em potencial. Assunto, que a estas alturas eu já havia esquecido. A primeira chamada foi de Leidejane. Conceição ligou quatro vezes, Márcia duas e finalmente Adriana.

Eu havia esquecido que alguns telefones hoje em dias possuiam aqueles aparelinhos que registravam o número das chamadas recebidas...

Foi uma tragédia ter que explicar à minha querida e santa esposa todos aqueles telefonemas... diante das crianças e das pessoas mais importantes da paróquia Nossa Senhora dos Desvalidos... inclusive Padre Friedrich Wilhelm.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

ainda sobre esse bundão...


Imagino que esse bundão pertence a alguém que se alimenta quase que exclusivamente de pizzas, de junk food, comendo de tudo que a fritadeira - com óleo reutilizado sabe-se lá quantas vezes - oferece!
Geralmente não se sabe o que está se ingerindo.
Já a comida do Bistrô PortoSol, além de ser saborosa e ter "sustânça", é preparada de forma saudável, sendo cozida na panelinha, usando ingredientes da melhor qualidade, escolhidos a dedo pelo próprio taverneiro.
No Bistrô PortoSol, além de identificar os ingredientes de cada garfada, você sabe quem está manipulando os alimentos.
Mais um motivo para você prestigiar o Bistrô PortoSol www.reg.combr.net/bistro.htm

sábado, 10 de abril de 2010

Quem acha que esse é o maior bundão que há no mundo,
não conhece os gestores públicos da Bahia, de Salvador,
não conhece os que deveriam cuidar do pedaço
mais lindo da cidade, que são Barra e Ondina.

Reinhard Lackinger
indignadérrimo!!!

p.s. o carro compactador da vega espalhou a fedentina ontem, 09/04/10 ainda mais cedo e antes das 22:00 horas, espantando clientes de restaurantes da orla da Barra.

sábado, 3 de abril de 2010

novo estudo de Gefiltfish y Mazzes

Eu já escrevia antes de me tornar taverneiro, mas nunca os meus textos fluíram como agora.

Deve ser a vibração do bistrô, o clima provocado pela clientela seleta do Bistrô PortoSol.
Pudera, nosso espaço é frequentado por jornalistas, escritores, professores universitários,médicos, juristas, comerciantes, pesquisadores, psiquiatras, dramaturgos, atrizes, atores,políticos, músicos, estudantes, engenheiros, arquitetos, urbanistas e até por analistas de sistemas.
Estou certo de que toda é essa aura de intelectualidade que vem turbinando o meu cérebro um tanto limitado.

A bem da verdade, há sempre alguém que me abastece com informações sobre um lugara visitar na próxima viagem à Serra Gaúcha, sobre como cuidar melhor do aquário, umadica de uma receita tailandesa, ou um ponto de vista novo acerca de um assunto do qualeu nunca havia ouvido falar antes.

Um bom exemplo está no que o famoso psicólogo de massas Shmuel Gefiltfish y Mazzesme falou outro dia.

- Você é cinéfilo, pois não? -, perguntou ele, olhando para as fotos de atrizes e artistas, e para os cartazes de cinema na parede de nossa taverna.

Expliquei a ele que cultivamos comida caseira tradicional e artesanal austríaca dos anos 50 e do pós-guerra, quando todos aqueles rostos na parede estavam fazendo sucesso. Uma época, em que eu, garoto e adolescente austríaco, fixava os sabores da cozinha de minha mãe, trazendo-os anos depois na minha memória para o Brasil.

- Num recente estudo -, disse Gefiltfish y Mazzes, - num recente estudo ousei comparar habitantes da Europa com coadjuvantes de algum filme.
Austríacos por exemplo já nascem assumindo o papel secundário em alguma peça teatral. Não importa o script. Eles são excelentes transeuntes, passageiros de transporte coletivo, carteiros, faxineiras, taverneiros, professores, turistas e ocupantes de uma caderia na última fila de uma casa de espetáculo.
A elegância com que jogam algum lixinho na cesta apropriada, ou cedem o lugar para uma pessoa idosa, é impressionante. Seus patrícios são coadjuvantes de primeira!
A certeza de que o grande protagonista do país deles é a coletividade, está escrito no semblante de cada um. Eles tem orgulho disso! Eles, os austríacos, os alemães, os suiços e até os espanhóis.

Já na Bazófia Oriental, país à beira do Mar Asmo, entre a Bessarábia e o Maghreb, a coisa é bem diferente.
Na Bazófia Oriental cada indivíduo um é protagonista! Cada habitante é ator principal da própria soap opera, da própria tragicomédia.
Cada um se comporta no trânsito como se estivesse só.
Cada um dirige como se estivesse no caminho da roça dele.
Cada um suja o ambiente como se a mucama dele limpasse o rastro de lixo deixado por dele. Cada um fura filas, passa a perna nos outros.
A palavra "coletividade" não existe no dizionário bazofiês. -

- Você não deve gostar muito daquele país... da "Baztófia"-, falei para ele.

- Pelo contrário!!! -, respondeu ele com certa veemência.
- A Bazófia Oriental é um dos lugares mais animados do planeta.
Enquanto em países como a Áustria as pessoas parecem agir como se seguissem cegamente algum protocolo estranho para forasteiros, parecendo soldadinhos de chumbo adestrados... enquanto na Áustria de hoje bate um tédio pela impossibilidade de se viver espontâneamente, a bagunça da Bazófia Oriental está cheia de vida.
Como não há regrinhas cumpridas, nenhuma ordem, como na Bazófia Oriental se vive um eterno "salve-se quem puder", com transgressões para todo lado, as pessoas são obrigadas a negociar, a baquerar e até a brigar umas com as outras, a fim de obter seus direitos.
Isso faz com que os bazofianos se aproximem uns dos outros. Isso cria inclusive um flair de erotismo!

Se você chega no mercado municipal de Sdansk, capital da Bazófia Oriental, perguntar o preço de alguma mercadoria e pagar o preço citado, o vendedor se sentirá profundamente ofendido, achando que você não quer convesa com ele. Agora, se você fizer um escândalo e chamar aquele vendedor de ladrão miserável, além de lhe vender a peça pela metade do preço, ainda lhe abraça e lhe convida para jantar.

O Brasil e principalmente a Bahia também tem um pouco desse calor humano, dessa doideira.

Por isso gosto tanto de vir a Salvador toda vez que meus estudos permitem.

Deve ser também por esse motivo que muita gente escolhe a sua taverna temática. Ela tem um charme que nenhum templo de fast food com drive tru automático e impessoal consegue ter...

Antes dele concluir o pensamento, somei ao consumo dele a despesa de outro dia, quando ele saiu sem pagar, enfiei a conta na salva e a coloquei diante dele.
Com Shmuel Gefiltfish y Mazzes a gente não pode brincar em serviço.