quarta-feira, 23 de março de 2011

Taverneiro, o coadjuvante no Bistrô PortoSol


Reinhard
Lackinger
numa
comédia
de
Carlo Goldoni
em
1964
aos
17 anos
de idade..
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Já me peguei sentindo forte inveja, ouvindo um Jô Soares qualquer comentando peripécias de colegas e amigos atores e diretores. Coisas que acontecem entre os palcos de teatros e os botecos depois dos ensaios, estréias de peças e demais espetáculos.
Eu já vivi isso quando era jovem, fazendo teatro amador na Áustria e sei que todas essas estórias sobre eventuais contratempos, fatos curiosos e improvisações só são engraçadas depois...
Na hora, só um Miguel Falabella da vida e sua trupe podem achar graça de uma falha cometida por um ator, por uma atriz, em cena, como um tropeço de língua, uma deixa errada, ou um tombo federal, já que a Globo fatura alto até com esse tipo de "Video-cassetada"... durante o Vídeo-Show.
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Na Áustria, eu chegava a ficar horas diante de um café com brandy ou uma taça de vinho em Cafés frequentados por celebridades regionais, escritores e outros intelectuais, respirando o ar de pessoas interessantes. ;-)
Passei até a fumar cachimbo, tentando fazer parte daquele circo.
Coisas da juventude.
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Com a minha vinda para esta terra apaixonantemente louca que é o Brasil, percebi que tudo aquilo que eu conhecia até então em termos de arte e cultura era bobagem.
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Para piorar... aqui em Salador não encontrei Cafés como os há em cada esquina da Áustria, na França e até em Portugal... mas por aqui havia vida, muita vida! Algo que me cativaou desde o primeiro minuto.
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Não tive muito tempo para pensar nisso. Tive que tabalhar e me virar para sobreviver, ralando em indústrias, fazendo coisas que eu não curtia muito.
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Ficou o desejo de frequentar um espaço onde circulavam intelectuais e artistas, médicos, juristas e jornalistas... Gente interessante!
Ficou o desejo de estar num Café, numa Casa de Chá, num Barzinho, num Restaurantinho transadinho, num ambiente descontraído e ordeiro, com ou sem papo-cabeça, mas com uma atmosfera bacana.
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Por absoluta falta de assunto... e para não sentir-me isolado como Muammar al-Gaddafi no atual cenário político internacional, procurei unir o agradável ao útil, abrindo a própria taverna!
O Bistrô PortoSol.
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Virei coadjuvante numa peça, em cartaz há uma década!
O Bistrô PortoSol graças a Deus é frequentado por VIPs, protagonistas de uma epopéia chamada Brasil XXI.
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Receber e servir pessoas interessantes e cultas num ambiente anos 50 é ótimo! É maravilhoso!
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Ser o taverneiro do Bistrô PortoSol foi o papel que pedi a Deus!
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O melhor de tudo: a minha mulher Maria Alice, que está comigo no batente, curte o nosso restaurantinho temático tanto quanto eu!!!
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Prost
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Reinhard Lackinger

domingo, 20 de março de 2011

foram legais as nossas férias











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Passamos quinze dias rodando, de automóvel alugado, pelas serras gaúcha e catarinense, abraçando amigos, conhecendo gente nova, comendo, bebendo e descansando... com o tubo digestor sendo a única parte de nosso corpo a trabalhar bastante.
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Não, não fizemos apenas turismo eno-gastro! Nossas férias foram de certa forma um retiro espiritual!
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Principais ingredientes:
o sossêgo, podendo às vezes até ouvir o silêncio, o sangue pulsando em nossas veias; temperaturas mais baixas mexendo com a nossa consciência, além de ver gente trabalhando, executando tarefas simples, passando despercebidas no nosso quotidiano estressante de Salvador.
Com outras palavras, conseguimos nos desvencilhar do eterno burburinho enervante da cidade grande, fazendo bonitos passeios sem pingar suor, comendo e bebendo produtos caseiros, coisas das colônias alemã, tirolesa e italiana.
Degustamos geléias, cucas, doces, pícles e até pão teitos em casa. Os sucos de fruta e o vinho também, com as uvas maduras e boas sendo catadas uma a uma do cacho.
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Preciso dizer que praticamente todas essas comidas e bebidas não são preparadas por empregados mal remunerados e descontentes da vida, e sim pelos próprios donos do restaurante, da pousada, da vinícola por onde andamos!
Não quero com isso afirmar que tudo foi mais gostoso do que qualquer alimento ingerido em outros lugares... apenas diferente!
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Fica a impressão que o sabor da comida e da bebida muda, tornando-se mais agradável, se a gente souber quem manipula os alimentos.
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De volta em casa e em nosso querido bairro da Barra, recebo mensagens de amigos de infância, falando de lugares paradisíacos no Caribe, na Indochina, onde passaram férias, fugindo do inverno austríaco.
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Não, não tenho mais inveja desses "cosmopolitas"! Conheço a gastronomia oferecida em transatlâticos e nos hotéis tipo "all inclusive"!
Também não consigo ver-me em nenhum desses ônibus de excursão que lembram transporte de gado bovino... hehe sacaneei!
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A essa altura da vida não caibo em nenhum curral! Aliás, nunca coube!
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Com um excelente gastro, um competente urologista e uma fantástica cardiologista cuidando deste corpitcho de 130kg, contando ainda com o aconselhamento valioso de amigas ortopedista e psiquiatra, não posso ingerir qualquer badofe, qualquer gororoba saindo de fritadeiras e de fornos micro-ondas!
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Eu quero comer bem! O meu paladar e o meu tubo digestório exigem comida caseira preparada com ingredientes escolhidos a dedo!!!
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O que sobra de forma sólida, ou seja, o que o tubo digestório devolver, eu dedico aos atuais gestores de Salvador!
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Reinhard Lackinger
o taverneiro do Bistrô Portosol