quinta-feira, 15 de julho de 2010

Relato da jovem Giovana Reis Mesquita


Cena 1:
Semana passada recebi a visita de um amigo que é daqui de Salvador, mas mora no rio há 4 anos.
Estávamos conversando sobre o abandono da nossa cidade,
o quanto Salvador está longe de ser uma cidade dita civilizada.
Estávamos em Dinha no Rio Vermelho assistindo ao jogo da Alemanha e Espanha: serviço ruim dos bares, pedintes, ruas fedidas e passeios mal cuidados, garçons sem o menor preparo para atender ninguém, que dirão estrangeiros.
Chegou uma família de turistas alemães e ficamos com vergonha, constrangidos, pela total ineficiência de Salvador para o turismo.
Perto deles tinha um sujeito sujo-drogado-bêbado a sorrir e dizendo "só alegria".
Pra quem cara pálida?
Depois chega outro com um violão mais desafinado do mundo, incomodando as pessoas nas mesas e querendo trocados por seu barulho.
E na medida que a noite cai aparecem mais e mais pedintes.
O último - não porque cessaram mas porque resolvemos ir embora - tinha um olho vasado e mostrava a todos dizendo que não podia mais trabalhar como garçom e por isso pedia ajuda. Soube na mesma noite que ele faz isso há mais de 3 anos.
Na saída, esse meu amigo que é torcedor do Bahia disse: - o torcedor do Bahia é o retrato do soteropolitano. O time (a cidade) está uma merda, não exigem nada, não se organizam pra nada, e qualquer golzinho está lotando os estádios. Mudar pra que?
Cena 2:
Domingo passado, a chuva deu uma trégua e o Sol ensaiou sorrir com um ventinho levemente frio. Pensei ser um dia ótimo pra dar um passeio no Farol da Barra, tomar uma água de coco e caminhar um pouco.
Que decepção! O gramado do Farol não existe, os bancos são sujos - no que sentei tinha um copo plástico enfiado entre as madeiras, com a lixeira do lado!!
Pois bem, o serviço de atendimento é ruim (quem foi que disse que atender bem é invadir a intimidade alheia???).
Fui confundida com turista e logo saquei pela forma idiota com que fui tratada e pela tentativa infeliz do vendedor em me fazer acreditar quer ser baiano é rir de tudo.
"Só alegria".
Acarajé caro e mal feito. Drogados que vendem quinquilharias ditas artesanais para turistas. Fiquei com vergonha mais uma vez. Ainda bem que o mar estava lindo, e a natureza é sempre bela.
nota do taverneiro:
Não só taverneiro idoso e rabugento que se indigna com o estado lastimável em que está a nossa cidade.
O relato dessa linda jovem me faz acreditar num futuro melhor para Salvador.

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