segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Objetivos à parte


Hoje acabei de ler
que o publicitário
Nizan Guanaes
estará apresentando
em Davos,
no Fórum
Econômico Mundial,
um trabalho seu
intitulado
.
“Pessoas jovens versus modelos antigos”.
.
Seu objetivo é aprofundar como os valores e comportamentos de uma geração mais nova estão removendo os padrões de consumo e de negócios.

Ontem dei de cara com um artigo numa revista de ensino religioso, chamada Diálogo, com o título de “Platão e o Homem Musical”.
Nesse artigo a autora, Bethânia Maggi Ballielo objetiva expor, de forma brilhante, a importante função da música na formação do ser humano.

Objetivos à parte, comecei a pensar nos estragos que a sociedade vem sofrendo pelo comportamento da nossa juventude, e de vários indivíduos, embalados nas baladas perniciosas espalhadas pelo Brasil a fora.
Particularmente na Bahia e na cidade de Salvador.

O nível de criminalidade nos fins de semana sofre aumento constante com os aplausos dos traficantes de drogas seguidos de alguns usuários, onde as músicas tocadas e repetidas centenas de vezes são convites de exaltação à imoralidade, ao desrespeito a mulher e à libidinagem.

Bethânia, em seu artigo escreve o seguinte: “A Paidéia musical de Platão, baseada na música e na ginástica, vai muito além da educação meramente cultural, almejando a formação completa, de corpo e alma, que leva a pessoa a alcançar a essência das coisas e não apenas viver os efeitos que delas emanam.
A ginástica que proporciona um corpo forte e saudável em consonância com a música, traz a harmonia necessária ao corpo e a alma.”
E continua:” Para Platão a educação da alma deve preceder a do corpo..., assim o homem poderá realizar-se por inteiro, evitando os males e buscando viver de acordo com o bem.”
E mais adiante “A educação se inicia já pelas sensações de um recém-nascido, que, ao ser embalado no colo sente o movimento que lhe dá a noção de ritmo e é encantado com uma canção de ninar, experimentando calma e tranquilidade.”

Agora, o que dizer ou esperar de uma menina que desde a gestação é embalada com as vibrações das composições desastradas e indecentes que enxovalham as rádios e televisões?
Como dizer à adolescente, que chega a sala de aula ainda com o as marcas da balada de ontem à noite, que ela deve se conduzir com mais cuidado em prol de sua segurança, se a mãe dela é quem lhe ensina a ralar a "tcheca" no chão?

Platão; continua Bethânia, “critica severamente tudo que, de alguma forma, impede o desenvolvimento de um carater digno. Para ele a música é a iniciação à verdade quando atinge a alma, e o cidadão educado na música tem o carater moldado pela virtude e vive mais harmoniosamente;
Por isso a escolha dos modos musicais é de uma importância essencial para o legislador da cidade.”
Bethânia ainda esclarece “Através do livro Leis, Platão apresenta três modelos de criação musical, necessários para que a música possa cumprir sua função. O primeiro modelo deverá refletir palavras de bom augúrio e votos de felicidades; o segundo, acompanhar as preces aos deuses; e o terceiro, buscar o bem e o belo.”

Diante das teorias de Platão, como então acreditar ou aceitar composições ridículas contendo frases como “bota a buceta no pau” e “me dá a patinha” sejam palavras de bom augúrio ou votos de felicidade para uma geração extremamente carente de orientação sexual e de educação de modo geral?

Como entender que a submissão da mulher através das propostas de aceitação do macho, como dono e senhor das “cachorras”, possa ser uma prece aos deuses?

E o bem e o belo poderiam ser as mulheres dando as patinhas a quem lhes solicitasse?

Não tenho dados para uma elaboração eficiente sobre as mudanças sociais sofridas através da música, desde o começo do Brasil como terra civilizada. Mas me lembro da fase das músicas latinas (os boleros, os mambos e similares), de Elvis Presley, da Bossa Nova, dos Beatles, da MPB, e o que aconteceu com os jovens depois de cada uma dessas fases.

Não me sai da memória a grande colaboração ofertada pela MPB aos anseios dos brasileiros durante a revolução militar e nem a geração que veio depois.

Confesso que eu tenho medo de imaginar o que virá a ser produzido para a sociedade, pelos jovens que agora se embalam nas perniciosas composições ditas musicais, que só repetem uma frase, geralmente indecente e convocatória ao despudor, ao sexo explícito e à submissão da mulher.

Everaldo Duarte
Fevereiro de 2011.
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Everaldo Duarte é religioso, tramaturgo, pensador e amigo meu.
Reinhard Lackinger

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