quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Love-Food é outra coisa!





Vê se isso não é mais uma incongruência dos países ricos:

Lá fora e no primeiro mundo os consumidores dão cada vez mais valor a verduras orgânicas e aos ovos postos por galinhas felizes, ou seja, os bichos, antes de por ovos, dar leite ou serem abatidos, não podem mais ser confinados em gaiolas sem espaço para se movimentar nem luz do dia!

Agora repare só em que locais essa gente se enfia para comer!
Praças de alimentação ruidosas, filas de comida a peso, restaurantes tidos como chiques, com comida padronizada num ambiente que lembra um estábulo de bichos premiados prontos para o desfile.

Há quem prefira frequentar tavernas com pratos elaborados artesanalmente, num ambiente descontraído e ordeiro, sobrando sempre um tempo para um dedinho de prosa.

Espaços desse tipo são cada vez mais raros.
Uma dica:
Bistrô PortoSol, onde se pratica o tal LOVE-FOOD! Basta ultrapassar o equator do linguição e se aventurar nas demais produções culinárias dos taverneiros Reinhard e Maria Alice.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Barulho do Baralho



- Há barulho normal ou inevitável -, disse R., o novo paciente do manicômio judiciário.
- Há ruídos que são inevitáveis e outros tantos perfeitamente evitáveis - explicou.
- Já morei próximo de indústrias. Havia uma linha de trem passando a menos de vinte metros de meu quarto. Eu conseguia contar o número de vagões só pela mudança do som das rodas batendo nas emendas dos trilhos. Era barulho inevitável e normal. Não me assustava, nem me tirava do meu sossêgo, o meu sono.

Se eu tivesse estudado psicologia, entenderia a razão pela qual o indivíduo não se assusta com ruídos normais e inevitáveis.
O som que o vento produz ao agitar as copas das árvores, ou o mar, quebrando as ondas na praia, nos rochedos. Nem o barulho dos automóveis com silenciosos intactos e ônibus com os freios regulados assustam. Alguns motoqueiros saem da linha. O resto é burburinho normal da rua. Não assusta! Não coloca ninguém em estado de alerta! Pelo contrário, acalenta!
Já passei noites em claro, sofrendo a ausência de ruídos. Estava em viagem e cansado por ter dirigido o dia inteiro de Paris até Kopfsberg bei Iggensbach. Mais de 1.000 km ao volante e depois meia dúzia de canecas de cerveja durante o jantar, antes de cair nos edredons.
A falta de barulho me despertou. Eu olhava pela janela e para a noite gélida, observando a beira da mata alemã. Ainda não era hora de algum gamo ou veado sair da "madeira" para pastar e se deliciar na grama cheia de orvalho.

O cérebro humano seleciona os ruídos. Barulho normal, ou seja, o som que não oferece perigo, recebe "um visto permanente", uma licença e um sinal verde.
Por outro lado, qualquer ruído anormal e fora do script, o som, onde deveria ter uma pausa, arranca o indivíduo do sossêgo e catapulta para um estado de alerta total.
Os que estudaram a mente humana chamam o estado mental da pessoa que sofre constantes interrupções do sossêgo por ruídos fora do comum ou evitáveis de stress! "Poluição sonora deixa a gente maluca", diz o Dr. Mittagsruhe, diretor desta instituição -, disse R., o novo paciente do manicômio judiciário.

- Como vigia noturno acostumei-me com os ruídos normais da rua, do trânsito, do burburinho da vizinhança, conseguindo dormir de dia. Pelo menos até aquela hora no meio da tarde, quando costumava passar o miserável do vendedor de pão com a desgraça da buzina! Aquele estrondo não era inevitável e sim pefeitamente evitável, além de ilegal! Há uma lei do Controle da Poluição Sonora que diz claramente que é proibido acionar uma buzina com a finalidade de chamar alguém que mora no decimonono andar do prédio, despertando toda a vizinhança, menos o comparsa do buzinador. Já falei para ele vir até a portaria e usar o interfone e já me prontifiquei em interfonar para o ap. 1904, mas o buzinador me olhou como quem olha para uma sinaleira com o parabrisas embaçado.
O buzinador motorizado não me estressava! Quando ele passava, já estava no trabalho.

O meu problema era filho da mãe do vendedor do pão. Já pensou ser arrancado todo dia do sono profundo por uma corneta do inferno tipo carreta Scânia? Nem em estádio de futebol usam geringonças potentes como essa.
Fui falar com o dono da "biboca" de onde saem os vendedores de pão, empurrando carrinhos de mão com enorme cesto coberto por uma lona listrada de azul e branco. Expliquei a minha condição de vigia noturno, dizendo que era despertado todo santo dia pela corneta pneumática montada no carrinho de pão para chamar a clientela de todo bairro e adjacências. Falei para o vento. Nada mudou.
Voltei até aquela portinha que originalmente era uma garagem e perguntei se ele, o don, me dava uma nota fiscal se eu comprasse alguma coisa na mão dele. Não havia nota fiscal e eu não consegui nenhum nome do estabelecimento para denunciar na delegacia.

- Agora você entende o porquê eu estar aqui -, disse R., o novo paciente do manicômio judiciário. - Se eu lhe puder dar um conselho -, finalizou R., o novo paciente do manicômio judiciário. - Procure tolerar todos os barulhos inevitáveis ou não, toda toda sujeira e toda desordem nesta cidade. Tente com fé... pelo menos até o fim deste ano! Caso contrário você vai ficar maluco que nem eu e passar o resto de seus dias nesta instituição! -

Napoleão Bonaparte

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Toda e qualquer forma de cotas é injusta!
Toda e qualquer ação afirmativa nasce de pé quebrado!
O que não é justo, é deixar o preto pobre e eterno desvalido com o mico preto na mão!
O que não é justo, é deixar o preto pobre e eterno desvalido sozinho na chuva segurando a bomba da desigualdade social, criada na época do Brasil feudal e mantida até hoje de forma velada!

Todas e quaisquer ações afirmativas têm uma única razão de ser: a de democratizar esse conflito! A de revelar, materializar e dividir esse antigo conflito por toda a sociedade.
Estou convencido de que em 10 anos ninguém falará mais em cotas para estudantes, nem para empregos no serviço público!
Estou convencido de que em 30 anos não haverá mais bolsa família nos moldes de hoje!

Dirigindo hoje pela manhã pelas ruas da cidade baixa, tive uma revelação!
O mesmo raciocínio que acabo de descrever se aplica aos folgados desta cidade! Hoje, quem paga sozinho a conta da bagunça reinante em Salvador é o cidadão correto e respeitador da lei e da ordem, o condutor de veículo que dirige, observando o que aprendeu na autoescola, tendo consideração com demais motoristas.

No dia em que o serviço público resolver trabalhar para o bem da coletividade e punir os folgados, os motoristas inescrupulosos, que se acham no direito de transgredir, pensando estar dirigindo na roça deles, e multando todos que agem contra a coletividade, o cidadão correto não pagará mais sozinho pela conta social!
Basta por um i-phone na mão de cada homem fardado e ensinar a ele aomo usar esse trem para multar os folgados!
Haverá num primeiro momento uma enorme receita ( das multas cobradas ) para melhorar o serviço público como um todo!
Haverá também um alívio
Violência não principia só quando um sujeito saca uma arma de fogo ou uma p
eixeira!
Desordem, sujeira, bagunça e pecados no trânsito são embriões da violência! Esse e-mail vou mandar para o meu candidato a prefeito de Salvador!

Reinhard Lackinger