Como Deus dá o frio conforme o cobertor, ele também dá as leis e o amor de acordo com a necessidade de cada povo!
Existem as leis da física para quem estudou física. Quem faltou àquelas
aulas não sentirá falta! O máximo que lhe pode acontecer é ser fulminado
por um raio na praia, durante uma pelada, ou trepado num trio elétrico
em dias de tempestade.
Leis naturais podem ser observadas e estudadas à exaustão, mas, segundo o
teólogo austríaco Helmut Griess, não são capazes de convencer um físico
agnóstico da existência de Deus, muito menos fazer com que nós leigos
compreendamos a misericórdia divina!
O amor de Deus não pode ser medido por nenhum aparelho, por mais
sofisticado esse seja. Nem hoje, nem amanhã, ou quando o homem chegar a
construir um shopping center em Marte.
Existem as leis de Deus, com que os humanos há milênios tentam organizar suas respectivas sociedades.
O povo eleito, livrando-se do jugo do Faraó, em vez de curtir a
liberdade, logo logo sentiu saudades da canga e do cabresto e aceitou o
peso das tábuas da lei, que na verdade não eram de madeira e sim de
pedra, já que naquele deserto não havia nenhuma árvore e sim apenas um
arbusto que acabou pegando fogo.
Como o povo eleito tem fama de ser muito inteligente, tratou logo de
domesticar as leis contidas naquela tábua, também chamadas de
mandamentos.
Nenhum outro povo da face da terra é capaz de seguir melhor as leis com
todos os "efes" e "erres", pontos e vírgulas. Esse mesmo povo encheu as
estantes com livros escritos por ele próprio, falando das leis e de como
interpretá-las. É por isso é conhecido como o povo dos livros!
Poderíamos escrever ainda muito mais livros falando da sagacidade desse
povo no trato com as tais leis vindas daquele monte no meio do deserto e
à caminho da terra prometida.
No momento só quero citar um exemplo de como esse povo eleito obedece às leis:
Momentos antes do dia de descanso semanal, ou seja, minutos antes do
shabbes,
quando ao seguidor fiel das leis divinas - ocupado com orações - não é
permitido trabalhar ( repare você que acender a luz é considerado
trabalho maquela estranha religião ) ele vai à cozinha, abre a porta da
geladeira e afrouxa a lâmpada... para ela não acender enquanto não for
enroscada e apertada de novo. Dessa forma, o seguidor fiel das leis
divinas pode pegar uma cerveja gelada ou outra durante o dia sagrado,
sem cometer nenhum pecado!
O amor universal daquele povo atende pelo nome de "Tradição"!
Um dia surgiu em meio a esse povo um jovem e ousou desdenhar da atitude
dos religiosos diante das lei de Deus, dizendo que no duro só valia um
mandamento, ou seja, "amar o próximo como a si mesmo"! Cobriram o cara
no pau e o crucificaram... literalmente!
Já do outro lado do rio e demais fronteiras secas ou molhadas, bem
definidas por meio de barreiras de concreto, cercas de arame farpado,
muralhas e guarda costeira.. do lado de lá, o povo só tem um livro, que
não é nem grosso nem nada e sim fininho. Esse livrinho contém pouco
mais de uma centena de parágrafos chamadas de suras, textos ditados por
Deus, que por lá se chama Alá e rabiscado em lumbrigas um tanto
ilegíveis por Maomé, que a paz de Alá esteja sobre ele. Cabe dizer aqui e
agora que toda vez que alguém cita o nome de Maomé, que a paz de Alá
esteja sobre ele, é preciso emendar dizendo "que a paz de Alá esteja
sobre ele. Já no mundo ocidental e entre kafirs, ou seja entre os
infiéis, essas recomendações são um pouquinho diferentes como por
exemplo: "Fulano, o diabo que o carregue..."
Voltando àquele livrinho, ele contém orientações de como o fiel deve se
comportar, quantas mulheres pode desposar e maltratar à vontade e
quantas bombas pode carregar embaixo do
kaftan dele, para suicidar a si mais centenas de sunitas ou shiitas. Aquele livrinho, que também é conhecido por Alcorão, originou a
Sharia, as leis que os fieis seguidores de Maomé, que a paz de alá esteja sobre ele, devem seguir.
O amor universal daquele povo é do tamanho da mesa onde fazem apenas uma
refeição por dia, começando pela manhã e acabando momentos antes de
dormir. Exceto durante o ramadã, quando jejuam durante o dia e enquanto
houver luz do sol e se empanturram de comida tão logo o sol tiver se
posto atrás das muralhas dos
souks para lá de Marrakech.
Nas terras ocidentais, as leis têm cara de sargento, de auditor fiscal
incorrompível, de carrasco! O povo parece estar usando permanentemente
fraldas geriátricas com medo de cometer algum deslize e ser chamado
atenção por um guarda ou transeunte qualquer.
Essas leis, normas de procedimento e demais papéis, papéis e mais
burocracia, fazem com que haja muita urbanização para pouca gente; muito
transporte urbano para poucos passageiros, muitas moradias para poucos
habitantes. A organização é perfeita, graças à obediência às leis! Ou
quase! Existe uma certa falta de assunto! Não acontece nada! Às vezes
surge a notícia de terem achado um cadáver morto há vários anos, sem que
ninguém tenha dado por falta do sujeito. Nem parente, amigo ou
vizinho... Esse defunto, com cara da mãe de Norman Bates, só foi achado
porque as pessoas já não conseguiam passar pela porta dele.. . Por causa
do cheirinho? Que nada! O povo percebeu que havia algo de errado por
causa da correspondência - exclusivamente propaganda - acumulada na
porta do morto. A caixa de correios transbordou e a papelada acumulou´se
no passeio, no corredor... até que alguém, impedido de passar, chamou a
polícia, a prefeitura.
O amor universal desse povo costuma ser ele próprio, ou no máximo um
gatinho, um periquito ou um peixinho dourado... além de um pacote de
cerveja e um "
salsichón"!
Tudo isso é difícil de entender pela gente em nossa terra tropical.
Embora não haja nenhuma outra nação com mais dispositivos legais neste
planeta de Deus, as leis por aqui não são feitas para serem obedecidas e
sim para serem ignoradas, transgredidas e desrespeitadas!
O caos, o mangue, a desordem - tanto por parte do povo quanto por parte
do governo - , obrigam a gente a interagir permanentemente com o
próximo, de ter que negociar cada milímetro de espaço com gente
espaçosa! Esse intenso corpo a corpo com o próximo faz com que nos
aproximemos do próximo ao ponto de começar a amá-lo loucamente!!!
Em nenhum outro país do mundo as pessoas amam tanto o próximo e são cristãos tão perfeitos como aqui em Salvador, Bahia, Brasil!
Amen
Reinhard Lackinger