terça-feira, 7 de junho de 2011

Atestado de óbito do carnaval oficial de Salvador



Os mais antigos se lembram daquela leveza frívola dos carnavais passados, com a rua virando salão e os salões virando rua, onde cada um aprontava à sua maneira... de sábado até as primeiras horas da quarta feira de cinzas.


Era tudo amadoresco. Mortalhas, fantasias, brincadeiras, cheirinho da loló, lança perfumes, bandinhas...

Havia quem saísse na rua com um penico cheio de cerveja e uma salsicha cortada dentro, ou carregando uma gaiola com a portinha aberta, com um cartaz dizendo: "Quem achou a minha rola?"

O "Broco" do Jacu não tinha corda, mas tinha charme e eu encontrava gente amiga, que só se via nessas ocasiões.


O carnaval mudou, se modernizou, se profissionaliziou.

Onde havia uns três ou quatro trios elétricos e uma multidão a espera, passou a ter "trocentos" trios, que já não são mais trios faz tempo.

O carnaval, que era uma oportunidade de cada um se auto-realizar, se esbaldar e brincar pra valer, perdeu a fantasaia, tornando-se uma coisa óbvia!

Mataram o carnaval de Salvador!

O carnaval podia ser tudo! Tudo, que a gente inventasse, menos óbvio!


"Vambora reagir! Vambora a gente se mexer"


Pode ser que não consigamos mais domar o monstro em que o carnaval de Salvador se transformou, mas podemos evitar que façam com o São João o mesmo que fizeram com o carnaval. Um mero negócio!

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