quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

iwe lori tabili Edição extra

Ouvidos e juizo da gente são bombardeados diariamente com todo tipo de "cocô acústico".

É o cacarejar de Ana Maria Braga, parecendo um galinácio ciscando no quintal, o "songamonguês tatipitati" de Xuxa, um carro que passa com o som nas alturas - já reparou que o morotista invariavelmene está seminu, usa "boneu" e óculos ecuros.. um babaca se achando...- com o repertório sendo repetido à exaustão pela mídia, que parece só ter espaço para essa "não cultura"!

Ilhas de conforto auditivo são as maluquices leves e descontaídas que rolam na Rádio Metrópole, as observações desconsertantes da taveneira Maria Alice e o papo interessante e bem humorado de nossa clientela do Bistrô PortoSol.

De repente outro atentado acústico: Durante a transmissão da festa de Iemanjá diretamente do Rio Vermelho ouvi inúmeos gritinhos... da reporter e também de pessoas entrevistadas por ela: "odoiá... odoiá... odoiá" como se fosse um tipo de grito de guerra, uma saudação entre os presentes como "colé de mermo brodi".

Com "Odoiá" ou melhor"odò iyà" a gente se dirige apenas a Iemanjá.

A expressão vem do Yorubá.
"Odò" traduzo com o meu parco conhecimento em nagô como "doce", já que "omi odò" significa água do rio, que como a água de meu aquário é doce.
"Iyà" significa mãe.

Não curto muito os festejos do dia 2 de fevereiro. A confusão do trânsito faz com que muita gente prefere não sair de casa.. e eu fico com a casa quase vazia... lamentando em Yorubá: "owó kosi", o que significa "sem dinheiro".

Ifenokonun fun gbogbo òré mi

Reinhard Lackinger
onileounjé ni Bistrô PortoSol

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