terça-feira, 10 de maio de 2011

Ser Patriota

Terá sido coincidência eu ter marcado minha viagem à Brasilia, a fim de renovar o meu passaporte na embaixada austríaca, justamente na semana em que completaria 42 anos de Brasil?

Foi!

Devo ter premonizado o prazer cívico incomensurável que me daria esta viagem.

Levantei às 4:30h e me mandei para o aeroporto 2 de julho, achando uma vaga para idoso a poucos metros do caixa. No check in não tive a mesma sorte. Avião da Webjet penúltima fila.

Imagine uma baleia encalhada... Ao meu lado, o da janela, outro cetácio loiro, grudando a caraça no vidro, filmando quase todo trajeto, liberando a vista apenas quando só havia nuvens.

Minha perspicácia fez com que em menos de 40 minutos conseguisse um daqueles taxis, que você chama pelo telefone. Se o meu nome fosse José, Ricardo ou Raimundo, teria sido mais fácil ainda. Pelo menos para os taxistas, que chegam aos montes gritando, Se na segunda tentativa não pegasse um motorista poliglota, provavelmente estaria naquela fila até agora.

Rodamos por uma paisagem linda. Achava que a qualquer momento estaríamos chegando em Conceição de Feira ou em Coração de Maria, quando o táxi diminuiu a velocidade num lugar lembrando uma empresa do Centro Industrial de Aratú dos anos 1970.

O porteiro, simpaticíssimo, a telefonista, a atendente idem! Soube, que eu estava na embaixada austríaca, quando me mostraram uma escada que tinha que subir até um andar superior. Era coisa de alpinista. A linda moça, que me atendeu, já tinha tudo preparado. Só precisava assinar a papelada. Levei os originais dos meus documentos pessoais de graça. Até a máquina, que queria copiar as impressões digitais de meus dedos indicadores já estava pronta para ser usada... e quase me ofereceram um copo d´água! A gentil atendente mandou a telefonista chamar um táxi e fui embora.

Não levei mais de 30 minutos plantado diante daquela "empresa do CIA". Finalmente o táxi chegou e mostrei ao motorista um papel com o endereço do Restaurante Fritz na asa sul, já que não não conseguia mais falar. O ar seco de Brasília havia colado a minha língua no céu da boca.

Probleminha que uma Antárctica Original resolveu nos primeiros goles. Bebi, comi e conversei longamente com Fritz Klinger, simpático dono daquele estabelecimento. Numa certa altura do papo animado, dois jovens sentados à mesa do lado, se meteram na nossa conversa. Um deles disse conhecer o nosso Bistrô PortoSol, elogiando a comida de nossa taverna.

A viagem de volta foi bem mais agradável que a ida. Estava na fila 9, onde a distância entre a sua cadeira para a da frente é aproximadamente 3 centímetros maior do que nas últimas fileiras. Medi isso com a palma da mão. Voltando a Salvador, o tempo e o trânsito estavam bons, chegando são e salvo em casa às oito e meia da noite. Apenas a minha bunda estava quadrada de tanto ficar sentado...

Em quatro semanas receberei o meu passaporte.

Da próxima vez em que alguém disser espantado:" "o que? você ainda não é brasileiro naturalizado??" saberei o que responder!

Será?


Salvador 10 de maio de 2011




Reinhard Lackinger

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