domingo, 10 de outubro de 2010

Estudo maomeno sério


- Burrice e corrupção, quanto maiores, mais invisíveis se tornam -, disse o Prof. Dr. Gefiltfish y Mazzes para os botões dele, enquanto eu estava às voltas com outro assunto...
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Se eu, pagador de impostos, não voto, por ser cidadão austríaco, porque me mandam diariamente dezenas de mensagens eletrônicas denunciando candidatos a presidência do Brasil?
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Alguns tratam atos ilícitos e demais mutretas como se fossem a maior novidade neste país!
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Ora, a primeira pessoa que encontrei em solo brasileiro foi um servidor da alfândega no porto do Rio de Janeiro. Naquele 15 de maio de 1969 ainda não compreendia como funcionava a simbiose entre o público e o privado.
Eu não engoli o fato do servidor da alfândega desqualificar um documento oficial do governo federal, carimbado e assinado pelo então embaixador brasileiro em Viena, que me permitiu trazer equipamentos e instrumentos que eu usaria para lecionar no interior da Bahia.
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Como eu não segui o conselho daquele senhor de pedir a ajuda de um despachante, que me cobraria NCR 50,00 para facilitar a retirada de minha bagagem, levei 10 manhãs, travando uma guerra burocrática insana, sendo mandado de pôncio para Pilatos... que me custou 10 vezes mais em hospedagem no Rio, incluindo os gastos pessoais na Praia de Ipanema todas as tardes, devidamente ressarcidas posteriormente pela organização que me trouxera para oBrasil.
Eu aprendi rápido...
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Tanto como empregado de empresas no Centro Industrial de Aratú quanto como aluno de uma universidade particular, tropecei sobre as mais diversas formas da criatividade humana...
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Havia colegas de curso que além de aprender estavam em sala de aula para assuntar... coisa da época. Me formei em 1982.
Outros "colegas" eu só encontrava no dia da matrícula. Gente que se formou sem jamais ter pisado em sala de aula.
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Metalúrgicas sediadas em São Paulo vendiam sucata para a "filial" da Bahia. Havia outros casos ainda mais cabeludos marcando a dilapidação da SUDENE.
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Coisa grande, mas no dia a dia só nos deparamos com as mutretas pequenas de compradores e inspetores de qualidade... com cada um levando o dele.
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As pequenas corrupções realmente foram sempre mais visíveis que as grandes negociatas que deixavam o Brasil com as calças na mão.
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- Por falar em calças -, disse Prof. Dr. Shmuel Gefiltfish y Mazzes. - Fazendo uma estimativa grosseira, somando todo dinheiro desviado da coisa pública para o bolso privado, incluindo empreiteiros, negócios da "privataria" e a materialização de outros interesses escusos...
Melhor dizendo... se quisessemos enfiar todo dinheiro, fruto da corrupção dos últimos 50 anos em roupas de baixo, seriam necessários 65 milhões de cuecas tamanho XG e 25 milhões de pares de meias!
Isto é, se fizermos as contas apenas com notas de US$ 1.000,-
Pois é.. o resultado desse estudo é tão surreal que qualquer ser humano normal prefere enxergar apenas as corrupções miúdas. Pegando um ilícito alí, outro acolá, num instante a gente pensa que nada neste Brasil anda sem que se molhe a mão de alguém. O que não é verdade! - , concluiu Shmuel Gefiltfish y Mazzes.
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Ele tem razão, pensei. Eu mesmo, enquanto empregado e micro-empresário, nunca levei bola nenhuma!
Também não levo mais de meio segundo para deletar e-mails que falam horrores de políticos!
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Salvador, 10 de outubro de 2010
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Reinhard Lackinger

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