quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

40 anos vivendo na Barra


Os quilinhos a mais
desse corpitcho,
os cabelos grisalhos
e a minha
cara metade
Maria Alice,
que conheci a exatos
40 anos e
em 29/12/1070
são testemunho de minha vida na Barra e arredores!
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Brincadeira do destino, alguém querer que eu escreva sobre a Barra, exatos 40 anos depois de vir morar em Salvador.
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O primeiro ano e meio no Brasil trabalhei no interior da Bahia, que naquela época mais se parecia com um Jurassic Park, com um cenário do filme "O Nome da Rosa", criando o ensino metalúrgico na comunidade de Jequitibá, município de Mundo Novo, antes de aceitar o convite para vir lecionar na Escola Técnica Federal da Bahia, morando numa pensão no Barbalho.
Da Barra, até então, só conhecia a Praia do Farol, o consulado da Áustria e a residência de nossa querida e saudosa consul Eva Adler.
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( Ligue o som: "As terras do Brasil ensolaradas, la la lá la..." )
Foi no baile de formatura da Escola Técnica, logo alí na AABB - onde hoje fica o supermercado da Rua Barão de Itapuã -, que me apaixonei em dose dúpla!
Vestindo o meu terno alemão, e cheio de mesuras austríacas, pedi a linda moça para dançar.
Ela, cabelos mechados, blusa branca, saia longa tricolor e uma conversa agradável, com voz de veludo... quando aconteceu um incidente: o salto da sandâlia da jovem quebrou.
Na Áustria de minha época, isso seria motivo para sentar à mesa e voltar para casa... porém aquela garota não titubeou, chutou o calçado para longe e continuou a dançar descalça.
Foi naquele instante que ela me ganhou.
No fim da festa, dia claro e ensolarado, eu a levei para casa... junto com a irmã e um séquito de amigas, que morvam na vizinhança da Rua Alameda Antunes. Isso aconteceu no dia 29 de dezembro de 1970 e nunca mais desgrudamos.
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O entorno da casa dos pais da jovem, a Barra Avenida com a Praia do Porto da Barra passou a ser o novo cenário de minha vida.
Namorávamos passeando até o Barravento ou até o Oceania,mcom Vovô trazendo Campari, Gim Tônica e Provolone à milanesa.
Até as caneladas involuntárias nas cadeiras pesadas de jacarandá do Van Gogh têm lugar sagrado em meu coração até hoje.
Esse era o pano de fundo para nova aprendizagem... na varanda da casa número treze, esperando a kombi da Primavera... um sorevete e um beijo de boa noite.
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Eventual bagagem cultural trazida da Europa, não parecia valer muito.
Como decidi viver apenas entre brasileiros, tive que aprender tudo do zero.
Não atinava em nada! Não conhecia ninguém, nem letra de múscia. Muito menos matemática moderna para passar no vestibular...
Só sabia a escalação da seleção canarinho, que acabara de ganhar o Tri!
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Entre acordes de Haroldinho Sá, compondo no quarto ao lado, bebendo as palavras do sogro, o Eng. Haroldo Lopes de Sá, e tudo mais que herdei em forma de cunhadas, cunhados e amigo, consegui fazer uma pequena idéia do mundo em que fui viver.
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( Aumente o som: "... tem Jacú na rua, te querendo bem...")
Resolvi torcer pelo Baêêêa, o que melhorou e muito a minha intergração nesta terra.
Logo logo era conhecido como aquele torcedor maluco que gritava com sotaque engraçado.
A mortalha azul, eu vesti até 1980, quando o Jacú virou branco.
Preferia aquele pássaro preto, com olhar sacana, olheiras profundas e chope na asa.
A banda do Habeas Copos colocando alegria no coração de todos os foliões presentes.
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Fui ser sócio da Associação Atlética da Bahia.
Tentei aprender a jogar tênis. Nunca ganhei mais do que uma bruta sede, aliviada com umas "Brahmas" geladas trazidas por Coruja e Vermelho.
Era uma confraternização permanente. Via Yoshida passar de quimono, ouvia as histórias sobre Cachoeira de Onofrinho da Bahia. curtia as noites no salão e os domingos de eleição.
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Para austríaco ir à praia ... em Grado, em Lignano, em Rimini implica viajar umas cinco a sete horas... de junho a setembro. Em meu mais novo habitat bastava levantar o traseiro e caminhar uns 500 metros... a qualquer hora, de janeiro a janeiro.
Além disso, o litoral da Barra dava e dá de goleada em qualquer cidade praiana do mar Adriático.
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( Aumente o som mais um bocadinho: "Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia.." )
Para ser sincero, volta e meia há uns diabinhos invadindo esse nosso paraíso tropical.
Há quem veja nessa bagunça mais ou menos alegre uma conspiração a favor dos shopping centers climatizados, isentos de pedintes, mijões e pontos de lixo.
Apesar de certas máculas nesse jardim do Eden da Barra, só sairei daqui para o Campo Santo. Pode não ter muita ordem neste nosso lindo bairro, mas há vida brotando a cada centímetro quadrado!
Adoro passear pela Barra, encontrar pessoas conhecidas como o Zé Vieira com sua esposa Alice, Saul, o ex-árbitro de futebol, Maria e Esther vindo da missa na capelinha, o professor Arquibaldo, Geraldo e Rubinho, Olga, Paulo, o pianista, Joce o contrabaixista, Chiquitinha dobrando a esquina, Praxedes, Marivaldo e Roberto Alemão nas suas respectivas bancas de revista.
Dilo, que até outro dia servia boa comida, resolveu fechar o restaurante e nos deixar, juntando-se a Roberto Rebouças, Dudú Bacalhau, Camilo e tantos outros lá no andar de cima...
Até aquele baixinho, outrora responsável por papel higiênico, jarra d´água e bacia no famoso 63 na Ladeira da Montanha ainda anda pelas Ruas da Barra... e lá vem o poeta Bernardo do supermercado, com versos e ofertas na ponta da língua.
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( "...Domingo no Porto da Barra, todo mundo agarra, mas não pode amar..." )
Penso nisso, enquanto fico sentado diante de nosso Bistrô PortoSol, a poucos passos da Praia do Porto, esperando pelos primeiros clientes da noita. De terça feira a sábado.
Observo com gosto a vida alegre, os pescadores, segurando um dentão ou um dourado pelo rabo, encomenda de Enoque; trabalhadores da praia, carregando cadeiras de lona, caixas de isopor e sombreiros e banhistas indo para casa.
De muita gente que passa, sei até o apelido. O Buda, o Dunga, o Chicharro, o Marco Rodinha, o Arroz.
Batista e criador da maioria das alcunhas, "Dudú de Lurdes e Nita", também criou o cognome de Bilé, e de "Paulinho Boca de Cantor".
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Tudo que é bom é alvo de invejosos! Com a Barra não é diferente. "Ojú kokoró", se diz em Yorubá, "olhode chave" = olho gordo, em baianês, quando alguém fala mal de nossa Barra, que apesar de tudo que falam e escrevem, é um dos bairros mais lindos e seguros da cidade, graças à polícia e um detalhe geográfico importante: praticamente não há rota de fuga para eventual meliante escapar.
A qualquer hora há grupinhos de gente reunidos, enquanto na Áustria já no início da noite, você não vê ninguém na rua. Na Barra é assim: antes mesmo que o último retardatário chegue em casa, os primeiros já apanharam a varinha de pescar ou a peteca e foram para a praia.
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( "Quando o inverno chegar..." )
Hoje, com 40 anos morando na Barra, não penso mais em carreira profissional. Faz tempo que o meu universo é composto apenas de panelas, pratos, copos e os ingredientes para comida caseira austríacae húngara, que preparamos de modo tradicional no Bistrô Portosol.
Ainda torço pelo Baêêêa, mas torço ainda mais pela Barra, para que surjam mais lojas e restaurantes bons e transadinhos, conspirando a favor de uma vida mais ordeira em nosso bairro.
Mesmo não tendo mais idade, nem físico para jogar tênis, aguardo com simpatia o dia em que minha mulher e eu voltemos a frequentar a Associação Atlética da Bahia.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Quem diz que a Bahia tem que ser diferente?


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Há um ano e meio li um texto interessante na Revista Istoé e na parte "comportamento", de Suzane G. Frutuoso com o título sugestivo: "Vai doer no bolso".
A matéria fala do comportamento da massa urbana, mostrando no fim uma tabela de valores de multas cobradas mundo afora por jogar lixo no chão ou cuspir em via pública, tentando pegar um metrô sem pagar ou urinar na rua...
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Ué, pensei que isso só se fazia por aqui... ;-)
Disse a autora, que a administração urbana de Salvador gastou meio milhão para recuparar 14 pilastras do viaduto Luis Cabral corroidas pela acidez da urina dos baianos... depois de 8 passarelas terem sido reformadas devido a esse mesmo tipo de desgaste.
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Lembro de aniversários de crianças, filhos de amigos meus. Chocado com a displicência com que aqueles anjinhos jogavam papeluchos de brigadeiros e empadinhas no chão, tive de ouvir o que me deixou ainda mais perplexo:"há quem limpe"...
De fato... havia umas duas ou três mocinhas fardamentadas recolhendo a lixarada deixada pelos aniversariantes e demais pentelhinhas e pentelhinhos.
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Hoje, aquele pentelho tem uns 40 anos, MBA, pós disso, pós daquilo, só que a pos-tura... a postura diante do coletivo continua a mesma.
Não adiantou ele ter morado e estudado na Noruéga, no Canadá, na Suiça.
Lá é lá... aqui é a Baêêêa meu tio!
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É nessa hora me lembro de uma das melhores escorregadas verbais do sr. presidente Lula, quando durante a visita a um país no sudoeste do continente negro exclamou surpreso com a limpeza e a ordem da Namíbia... "Isto aqui não parece a África"!

É uma pena que nem ele, nem ninguém possa dizer o mesmo de Salvador!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mensagem de Natal do taverneiro


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Segundo o Prof. Shmuel Gefiltfish y Mazzes, "seres humanos não nascem, seres humanos são formados!"
"...e o pior", concluiu ele, "... e o pior... é que a gente jamais saberá o quanto contribuiu com a formação de alguém! Para o bem e para o mal!
O ser humano pega as coisas no ar!
A influência do meio é tão ou mais forte e importante do que a genética!
Às vezes basta um gesto, uma atitude para que um ser humano sigadeterminado rumo..."
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Nessa hora lembrei de Anton, vizinho nosso nos primeiros anos do pós-guerra.
Anton é uma década mais velho que eu e em criança jamais mantivemos contato.
Encontrei-o por acaso ao perambular pela nossa cidade natal numa das nossas últimas idas à Áustria.
Ao visitar o casal Anton e Paula em 1999, fiquei surpreso por ele ser amante de cactos, como eu também fui desde criança.
Na página do Bistrô PortoSol há fotos de mudinhas de mandacarú, de facheiro,de xique-xique, cuja semente colhi na caatinga entre Itaberaba e Sto Estevão.
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Outro exemplo que cabe aqui é do garoto Luiz Henrique, filho da jovem senhora que cuida da gente e de nossa casa.
Nunca sentei com ele para estudar, muito menos para olhar o atlas. Quem faz banca com ele é Maria Alice.
Ninguém consegue explicar o porquê o menino gostar tanto de geografia!
Ele desenha o mapa mundi de cabeça, como eu fazia quando era jovem.
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Como taverneiro não costumo imiscuir-me nas conversas de nossos clientes.
Mesmo assim percebo que ao longo dos anos tenho despertado para um monte de coisas, pelas quais eu passava batido até então.
Os meus textos postados em blog e em forma de "mala direta sem alça" talvez sejam o testemunho do quanto aprendi com as pessoas que frequentam o BistrôPortoSol!
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Por tudo isso acho legal a gente comemorar o aniversário de Jesus Cristo!
Penso também que devemos estar atentos ao que Ele tem nos ensinado com as atitudes Dele enquanto andava na terra!
Imagino que a nossa formação dependa disso!
Quanto à maneira como as nosas atitudes e gestos se propagam no mundo, não faço a mínima idéia!
Isso excede á minha compreensão!
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Feliz Natal!
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Reinhard Lackinger

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Analisando um tipo de Patriotismo "micro"!


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Patriotismo: substantivo masculino, significando Amor à Pátria!
O patriota é aquele que ama o Brasil como o torcedor do Baêêêa ama o Baêêêêa!
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Conheço uns malucos que se incomodam até com o que acontece de errado no Sudão, em Honduras, discursam durante horas sobre os campos de concentração da Austrália*, mais precisamente de um lugar chamado Woomera, onde imigrantes ilegais são guardados como bichos até serem deportados e devolvidos aos paises de origem.
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Eu me satisfaço em bradar contra as mazelas soteropolitanas e baianas, vendo com lente de aumento os problemas da Barra e arredores, já que ocupo uns poucos metros quadrados para morar e outros tantos para praticar gastronomia temática austro-húngara.
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Para o Porto da Barra, mais precisamente para a Rua Cézar Zama, onde fica o Bistrô PortoSol, quero ordem e limpeza e gente que compreenda a nossa proposta gastro-etílica.
Neste último quesito estou bem, graças a Deus.
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O problema são as pessoas que não se sentem donas de nada, de coisa nenhuma... por terem sido empurradas séculos a fio para a margem da sociedade.
Gente que nada possui além do próprio corpo... para o qual almeja apenas um sapato bom, uma calça boa, uma camisa boa, com bolso para guardar um telefone móvel, falando, telefonando, gritando para dentro do celular para todo mundo ouvir, enquanto leva o latão de Skol ao beiço...
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Chamo este comportamento de "patriotismo corporal" quando nada importa além da própria pele... e o resto do mundo que se dane.. e afogue no lixo, na urina, no cocô que essa gente produz e habilmente espalha pelos bairros nobres de Salvador... com a ajuda da Bahiatursa, da Prefeitura etc. ávidos em promover eventos e fazer bonito com o chepau dos outros... de nós que pagamos IPTU e o mico por apostar em morar num lugar que em termos de beleza natural e arquiteônica dá de goleada em qualquer St. Tropez, Sveti Stefan e Palaiokastritsa da vida.
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Ora, se essa gente tem dinheiro para ter telefone celular e o latão de Skol, que acaba de jogar no chão e na boca de lobo, certamente terá como pagar uma multa se houvesse algum policial instruido para coibir transgressões e para cuidar desses detalhes da ordem pública.
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Penso que a violência começa nessas pequenas agressões... e não apenas quando alguém saca e dispara uma arma!!!
São esses pequenos gestos de desordem pública, que relevamos e ignoramos solenemente, os embriões da violência!
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No dia em que em Salvador houver mais respeito ao próximo e o tipo de ordem que acabo de citar, o meu faturamento certamente melhorará e... quem sabe, poderei trocar o meu Gol seminovo, ano 1999 por um carro menos velho.. ;-))
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Reinhard Lackinger,
falando diretamente do Porto da Barra, espaço mais lindo do mundo e que só por isso merece todo nosso respeito e cuidado, merece ser frequentado, aproveitando a segurança, o estacionamento fácil e a simpatia quase amor de um taverneiro austíaco...
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* eu disse Austrália... não Áustria!!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

uma nova onda chamada "love food"







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Depois do "slow food", criado em meados dos anos 1980 para preservar maneiras tradicionais de cultivo e cozimento de alimentos... e como oposição à padronização dos sabores do "fast food" enfiado goela abaixo de nossa garotada naqueles currais inóspitos e barulhentos dos shopping centers, está surgindo uma novidade chamada de "love food".
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Como taverneiro curioso, fui logo assuntando na internet a fim de preencher os vazios no meu conhecimento sobre o assunto: "love food"!
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Fiquei surpreso ao achar logo três linhas de pensamento diferentes:
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1) "Love food" no altar de Afrodite e de Eros, servido a casais precisando de um empurrãozinho na desgastada relação, no erotismo um tanto enguiçado.
Diante de meus olhos da imaginação desfilaram pessoas "comendo mosca", literalmente, fazendo uso da cantaridina, propriedade afrodisíaca daquela "mosca espanhola"... ou então um pajé massai triturando o chifre do rinoceronte negro da Tanzânia. Lembrei também dos causos do velho Tomé, pescador de baleias de Arembepe, que apostava na eficácia das ovas cruas de pinauna.
Há quem prefira comer testículos de boi, de bode, ovos de codorna, amendoim...
Da ação das mais diversas formas da pimenta ninguém duvida.
Frequentador do Bistrô PortoSol aprecia a dosagem personalizada da páprica doce e picante. Segundo opinião de clientes habitués, um gulasch bem temperado além de ser deveras reconfortante, alegra a alma.
Eu penso que sem bem estar, sem estar bem alimentado e limitado aos sabores padronizados e "plastificados" dos abarrotados e ruidosos templos de "fast food", nenhum pozinho, nenhuma bebidinha afrodisíaca pode operar milagres!
Eu penso que não há nada mais erótico que dividir um prato de comida caseira...
Um ágape, por assim dizer!
Principalmente conhecendo quem manipula os alimentos, podendo interagir e determinar a maneira que se quer que o ítem da produção culinária seja temperado... de preferência com condimentos que estimulam o cérebro e a alma...
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2) "Love food" como filosofia de gente vegana! Pessoas, que resolvem alimantar-se sem matar, sem explorar animais!
Veganos, amantes da vida e de tudo que é criatura de Deus, na maioria das vezes são esquecidos pelos donos de restaurantes.
São raros os locais, cujo cardápio ofereça opções veganas. O Bistrô PortoSol, com uma página do cardápio inteira de ítens vegearianos e veganos, é uma excessão!
O conhecimento que o taverneiro Reinhard tem da cozinha vegana vem dos tempos difíceis do pós guerra austríaco. Uma época, em que proteina animal raramente aparecia na mesa, tendo que se recorrer ao que a relva e a mata ofereciam em forma de raízes, folhas, cogumelos e brotos.
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3) "Love food hate waste"! Filosofia que declara guerra ao desperdício.
Na medida em que os adeptos daquela forma de "love food" amam e cuidam de suas receitas e produções culinárias, eles contestam a monocultura, que segundo eles, conspira contra a diversidade de plantas. Vegetais, segundo eles, ameaçados de sumir das feiras e prateleiras de supermercados e lojas de delicatessen.
Na luta contra o desperdício, imagino cenas parecidas com o que era o quotidiano do titio taverneiro quando criança. Talos, cascas, caroços, de uma forma ou de outra eram aproveitados na alimentação... de humanos ou de animais domésticos.
Nesta época natalina lembro com saudades dos "aranzini", que a mãe preparava a partir de fatias de casca de laranja cozidas num xarope de açucar, canela e anis.
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Navegando por sites de "Love food, hate waste", além do ódio ao desperdicio de restos, percebi uma indignação ainda maior, tendo em vista as milhares de toneladas de alimentos industrializados - mesmo ainda dentro do prazo de validade - jogados fora, atirados no lixo a cada ano pelos moradores do assim chamado Primeiro mundo!
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Na próxima vez em que pegar num cardápio, pense nessas três formas de "love food" antes de chamar o garçon para fazer o pedido.
Bistrô PortoSol, endereço certo para adeptos e simpatizantes de qualquer uma dessas formas de "love food"

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Somos ou não um país cristão?

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Aproximando-se a data do aniversário Dele, cresce a pergunta, se somos ou não um país cristão?!
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Ouvi dizer que somos o maior país católico do mundo.
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Eu mesmo sou católico, mas vejo nos meus correligionários uma postura acanhada e claudicante... a exemplo do político paulista Geraldo Alkmin, vulgo "Picolé de Chuchu"...
Nada a ver com a figura do Jesus Cristo, que é um cara "retado"!
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Por outro lado vejo os adeptos das igrejas neo-pentecostais com a bíblia embaixo do sovaco e frases feitas na boca.
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Uma pergunta que lhes fiz há tempos, ainda não foi respondida: "se essa gente se considera cristã e evangélica, por que então anda citando apenas o Antigo Testamtento?"
Será que o Antigo Testamento se presta melhor para a teologia de resultado?
Será que o Antigo Testamento, escrito numa época, quando Papai do Céu ainda era um opressor vingativo, favorece a abertura da bolsa dos fiéis incautos, prestes a dar o último tostão para pagar a latrina de ouro para bispos e bispas, apóstolos e vice-Deuses fazerem cocô cheirando a ananda?!
Penso que há muita picaretagem acontecendo sob o manto da liberdade de credo!
Penso tembém que nem os velhacos das igrejas evangélicas, nem o pessoal do Vaticano têm muito a ver com Jesus Cristo!
Está na hora Dele voltar para expulsar esses vendilhões de novo da casa de Deus!
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Enquanto isso, nas ruas podemos ter a noção exata à quantas anda o nosso cristianismo.
O maior mandamento segundo Ele não é amar o próximo como a si mesmo?
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O que dizer dos companheiros de trânsito, parecendo saber engatar apenas a marcha "dane-se", praticando direção ofensiva, desde que deixam a garagem.
Fique de olho e verá outros exemplo do famoso "dane-se"... para usar um termo suave e socialmente aceitável.
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Por que será que é tão difícil viver e encontrar espírito natalino?
Será pelo fato da gente ter mais talento para o Carnaval do que para o Natal? Festival de Verão e tantas outras "muvucas" em pleno Advento!
Fala sério!
Será que somos tão sem noção que ainda nos vemos como um país cristão?
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Reinhard Lackinger
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p.s. Mesmo sendo católico, vou muito com a cara do Martinho Lutero.
Lutero era um cara retado, mandando o papa catar coquinho...
Segundo escritos do século XVI, Lutero era bom de garfo e de copo, bem ao contrário dos luteranos de hoje, que além de não saberem comer, preparam cada purgante medonho...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

uma conta difícil de fechar

Foto acima,
João Roberto clicando Édila em Berlim.

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Ródila mostrando flores de época


Como tantos outros brasileiros ultimamente, nossos amigos Édila e João Roberto também viajaram pela primeira vez ao exterior em 2010.


Aproveitaram que Ródila, a filha caçula, estava estudando na Europa, ficaram seis meses e voltaram com ela, percorrendo diversos países.


Ontem trouxeram as fotos para a gente olhar.


Além de mostrar o que mais lhes chamou a atenção "lá fora", eles comentáram.


Chegando na primavera, observaram um pequeno exército de jardineiras e jardineiros revirando a terra de canteiros em praças e avenidas da cidade de Ródila. Era época de tirar as tulípas, que acabaram de perder as pétalas e guardar os búlbos para o próximo mês de março... substituindo-as e plantando no lugar flores da nova época.


Foi esse o pormenor que mais lhes impressionou!


Não foi a limpeza costumeira do espaço público, nem a pontualidade hilária dos bondes a encantar esses nosso amigos em viagem pela Alemanha, Áustria, Suiça, norte da Itália e França. Foi a quantidade de gente cuidando dos mínimos detalhes, para manter a urbanização impecável.


- Igual como aqui em Salvador -, disse João Roberto às gargalhadas.


Aí eu pensei, durante os 22 anos que vivi na Europa, nem depois em nossas viagens à terra natal, nem acompanhando a vida de lá através de edições online de jornais de Graz e de Viena, jamais soube de nenhuma queixa, nenhum comentário sobre o custo de todos esses cuidados para com o meio ambiente.


Aqui no Brasil, toda hora ouço alguém dizer que a máquina do estado está inchada e que era preciso diminuir o custeio da coisa pública.


Danou-se! Se já não se vê nenhum servidor público cuidando da limpeza da cidade, do verde, da ordem pública, como isso vai ficar, se diminuirem ainda mais a presença do estado?


Ou será que sentimos apenas falta de "índios", enquanto os gabinetes e Brasilia estão cheios, abarrotados e superlotados de "caciques"... sem falar de "mocinhos" e principalmente bandidos atuando naquele mesmo filme sobre conluio e outras picaretagens, que a gente já conhece de loooongas datas?


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pedágio entre Espertolândia e Nova Velhacos




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No mundo inteiro, onde há pedágios - portagem para os irmãos lusitanos - no mundo inteiro, onde há pedágios, há também outras alternativas de se chegar de A a B...
... ou seja, você não é obrigado a pegar a autopista, a carretera, a Autobahn, a freeway, e pagar pedágio, se não quiser!
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Gente, de cavaleiros salteadores, em alemão "Raubritter(1)", entendo eu!
Em Kapfenberg, Áustria, minha cidade natal, os "nobres" que há uns 1000 anos ocupavam a fortificação no alto do monte do castelo, que dá o nome à cidade, eram uns patifes, uns ladrões sanguinários.(2)
A palavra "Kapfenberg" vem de "gaffen vom Perch", em português: "olhar da montanha".
Os cavaleiros pouco cavaleiros ficavam, do alto do castelo, de olho nos três vales, espreitando diuturnamente caravanas de mercadores, saqueando-os.
Mais tarde, construíram a estrada que passava pela cidade de tal forma, que era necessário atravessar duas pontes sobre o rio Mürz... com uma cobrança de pedágio em cada uma das pontes...
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Não sei por que me lembrei logo agora dessa "gente fina", desses picaretas?
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Talvez porque você, que diáriamente vai de Espertolândia a Nova Velhacos(3), tem que enfiar por duas vezes a mão no buraco da calça e pagar $ 4,60...
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Reinhard Lackinger
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(1) A receita do "Raubritterteller"(a), em português "Prato Medieval", que você come no Bistrô PortoSol vem daquela época... com uma diferença: hoje a gente usa batatas e há uns 1000 anos, quando a batata ainda não havia chegada das Américas, se preparava um angú feito de fubá de cereais, misturando ao bacon frito e aos cogumelos, antes de adicionar a salsa fresca, o creme fraîche e o toque mágico dos taverneiros.
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(2) Os salteadores acabaram sendo punidos pelo arqueduque da Estíria. Ele mandou destruir a sede da KLN, ou melhor, o castelo de Kapfenberg, reconstruído décadas depois, servindo hoje de hotel e de cenário para jogos, torneios, falconaria e outros costumes medievais...
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(3) Maldade minha com os moradores prejudicados e saqueados, mas você entendeu o que quis dizer com a brincadeira!
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(a) Essa palavra lembra e reforça aquela brincadeira beleza com o idioma alemão e a fictícia palavra "Hottentottenattentäterkuttenrattenlattengitter"!!!
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Nota importante:
Depois de postar este texto percebi um erro grave!
Existe sim uma via alternativa para soteropoliano chegar às praias do litoral norte!
Basta pegar o caminho mais próximo até o CEASA e a Via Parafuso até o Polo Petroquímico. Antes de chegar lá, vire à direita para pegar uma cascalheira de uns vinte quilómetros de extensão... e em menos de uma hora você estará em Monte Gordo e a um passo de Guarajuba... sem pagar um centávo de pedágio! Fala sério!

exercitando o físico e o paladar




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Outro dia mostraram na TV uma matéria, perguntando se era preferivel fazer o exercício físico numa academia de ginástica ou ao ar livre e nas ruas da cidade.
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Imagino que as caminhadas forçadas nas ruas sejam menos enfadonhas e bem menos chatas. Além disso há um monte de obstáculos pelo caminho, para a prática da assim chamada "neuróbica", que nada mais é do que a ginástica dos neurônios.
Isto é, além de se distrair ao saltar sobre buracos no passeio, sacos de lixo rasgados, cascas de bananas, de mangas, cocos vazios, cocô de cachorro, pedras portuguesas soltas e moradores de rua transando em cima de papelões e até colchonetes, você exercita o cérebro ao dar dribles em problemas inesperados e inusitados, enquanto seus olhos admiram a linda paisagem e o marzão da Bahia.
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Há quem prefira o ambiente da academia de ginástica e a visão de rostos suados de pessoas, apenas preocupadas com seus respectivos músculos, com as panturrilhas, os glúteos, os peitorais, os biceps, os triceps e a barriginha.
Há quem prefira a musiquinha um tantinho alta demais o som da rebetação das ondas do mar... Há quem prefira a visão do bumbum da esteira da frente a de um veículo estacionado no passeio. Há quem prefira o cheirinho do suor de gente se exercitando em redor naquele ambiente fechado, aos gases de carros e a brisa do sargaço que o vento traz do oceano.
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Penso que cada um deve fazer o que quer!
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Posso compreender até um fanático, que resolva comparar o ambiente de uma academia de ginástica repleto de aparelhos, halteres e espelhos a uma praça de alimentação, a restaurantes num shopping center ou a uma pizzaria e demais templos da gastronomia da mesmice com uma curiosa padronização de comidas lembrando um cocho.
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Reinhard Lackinger
precisando urgentemente de exercícios físicos e mentais!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Morte do Malandro


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Nem bem enxuguei as lágrimas de emoção ao ver a bandeira do Brasil hasteada no alto do Complexo do Alemão, vêm os eternos estraga-prazeres e pessimistas de resultado de plantão me dizer em e-mails de página e meia, o porquê a polícia e as forças armadas não poderem vencer a guerra contra o narco-tráfico.
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Ora, em mais de quarenta anos de Brasil ouvi essa gente medíocre me falar que o Brasil não tinha petróleo, que por aqui não era possível plantar trigo, que a agricultura familiar era inviável e que o país só podia desenvolver-se à sombra dos Estados Unidos da América.
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O resultado: a postura do malandro, segundo o psicólogo de massas Shmuel Gefiltfish y Mazzes.
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"Já que como Brasileiro estou condenado a um papel de coadjuvante, com algum gringo no papel principal, vou buscando o meu lugar ao sol do jeito que posso... de preferência com um mínimo de responsabilidade e roupa no corpo!!!
Já que como brasileiro não tenho chance no cenário internacional, quero sair pelo menos bem na foto"!!!
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Nos alfarrábios do manuscrito de "A Morte do Malandro", Gefltfisch y Mazzes constam fotos, que mostram um dirigente do rubro negro baiano aparecendo em reunião formal do clube só de sunga!
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Agora que sabemos da existência do pré-sal, que há condições de haver até duas safras de trigo na Bahia, que a agricultura familiar é rentável SIM e que o mundo é bem maior do que os Estados Unidos da América, muitos brasileiros estão mudando de rumo, assumindo uma postura nova, deixando muito gringo de boca aberta!!!
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Sim, nós podemos! Tirando os trapos mal amanhados do pessimismo de resultado e pondo vestes da modernidade brasileira.
É a morte do malandro!
Enquanto uns me mandam e-mails cheios da descrença de outrora, nasce uma geração nova! Pessoas centradas, que sabem o que querem, não necessitando de tutela nenhuma! Vejo gente assim todo dia, brasileiros jovens e coroas, frequentando o nosso Bistrô PortoSol!

Aquela Favela, com poder paralelo... já era!


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Um dos "banguebangues" que marcaram a minha juventude é "Sete Homens e Um Destino", estrelado por Yul Brynner, Steve McQuinn, Horst Bucholz etc. e Eli Wallach no papel do temido bandidão Calvera,
cujo bando volta e meia saqueava uma aldeiazinha mexicana, causando sofrimento, fome e um forte sentimento de revolta naquele lugarejo.
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Um dia, os camponeses resolveram contratar uns pistoleiros para defender suas propriedades...
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Seguem-se cenas de bravura e heroísmo, de canastrice e de medo e dúvida por parte dos camponeses.
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Numa certa altura, não aguentando mais a pressão, os aldeões "mijaram para trás", entregandoos pontos e a aldeia ao bandolero Calvera e traindo o grupo chefiado por Chris ( Yul Brynner ), já que o bandidaço Calvera nunca pegava tudo, deixando sempre algumas migalhas para que os aldeõs não morressem de fome...
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No gran finale há uma luta que acaba com a vida de 4 dos pistoleiros contratados, porém o mais importante nesse filme é a coragem repentina que brota dos camponeses, pegando em enxadas, ancinhos, pás e o que achassem pelo caminho para bater nos bandidos, expulsando-os para sempre de sua vila.
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Nessa hora, eles finalmente se libertaram dos algozes.
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Penso que a atuação da polícia e das forças armadas foi de grande importância para limpar o Complexo do Alemão e outras comunidades, instalando as UPPs.
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O mais importante porém foi a atuação corajosa do povo!
O povo resolveu acabar com o estigma da favela carioca!
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Stefan Zweig, escritor e pensador austríaco, que em seu texto "Brasil, País do Futuro", escrito em fim dos anos 30 do século passado afirmara que o Brasil iria acabar com as favelas, finalmente teve razão!
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Depois do que aconteceu no Complexo do Alemão, não há mais favelas no Rio de Janeiro, quiçá no Brasil!
Não há mais favelas com governos paralelos no Brasil!
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Reinhard Lackinger
um patriota