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Depois do "slow food", criado em meados dos anos 1980 para preservar maneiras tradicionais de cultivo e cozimento de alimentos... e como oposição à padronização dos sabores do "fast food" enfiado goela abaixo de nossa garotada naqueles currais inóspitos e barulhentos dos shopping centers, está surgindo uma novidade chamada de "love food".
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Como taverneiro curioso, fui logo assuntando na internet a fim de preencher os vazios no meu conhecimento sobre o assunto: "love food"!
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Fiquei surpreso ao achar logo três linhas de pensamento diferentes:
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1) "Love food" no altar de Afrodite e de Eros, servido a casais precisando de um empurrãozinho na desgastada relação, no erotismo um tanto enguiçado.
Diante de meus olhos da imaginação desfilaram pessoas "comendo mosca", literalmente, fazendo uso da cantaridina, propriedade afrodisíaca daquela "mosca espanhola"... ou então um pajé massai triturando o chifre do rinoceronte negro da Tanzânia. Lembrei também dos causos do velho Tomé, pescador de baleias de Arembepe, que apostava na eficácia das ovas cruas de pinauna.
Há quem prefira comer testículos de boi, de bode, ovos de codorna, amendoim...
Da ação das mais diversas formas da pimenta ninguém duvida.
Frequentador do Bistrô PortoSol aprecia a dosagem personalizada da páprica doce e picante. Segundo opinião de clientes habitués, um gulasch bem temperado além de ser deveras reconfortante, alegra a alma.
Eu penso que sem bem estar, sem estar bem alimentado e limitado aos sabores padronizados e "plastificados" dos abarrotados e ruidosos templos de "fast food", nenhum pozinho, nenhuma bebidinha afrodisíaca pode operar milagres!
Eu penso que não há nada mais erótico que dividir um prato de comida caseira...
Um ágape, por assim dizer!
Principalmente conhecendo quem manipula os alimentos, podendo interagir e determinar a maneira que se quer que o ítem da produção culinária seja temperado... de preferência com condimentos que estimulam o cérebro e a alma...
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2) "Love food" como filosofia de gente vegana! Pessoas, que resolvem alimantar-se sem matar, sem explorar animais!
Veganos, amantes da vida e de tudo que é criatura de Deus, na maioria das vezes são esquecidos pelos donos de restaurantes.
São raros os locais, cujo cardápio ofereça opções veganas. O Bistrô PortoSol, com uma página do cardápio inteira de ítens vegearianos e veganos, é uma excessão!
O conhecimento que o taverneiro Reinhard tem da cozinha vegana vem dos tempos difíceis do pós guerra austríaco. Uma época, em que proteina animal raramente aparecia na mesa, tendo que se recorrer ao que a relva e a mata ofereciam em forma de raízes, folhas, cogumelos e brotos.
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3) "Love food hate waste"! Filosofia que declara guerra ao desperdício.
Na medida em que os adeptos daquela forma de "love food" amam e cuidam de suas receitas e produções culinárias, eles contestam a monocultura, que segundo eles, conspira contra a diversidade de plantas. Vegetais, segundo eles, ameaçados de sumir das feiras e prateleiras de supermercados e lojas de delicatessen.
Na luta contra o desperdício, imagino cenas parecidas com o que era o quotidiano do titio taverneiro quando criança. Talos, cascas, caroços, de uma forma ou de outra eram aproveitados na alimentação... de humanos ou de animais domésticos.
Nesta época natalina lembro com saudades dos "aranzini", que a mãe preparava a partir de fatias de casca de laranja cozidas num xarope de açucar, canela e anis.
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Navegando por sites de "Love food, hate waste", além do ódio ao desperdicio de restos, percebi uma indignação ainda maior, tendo em vista as milhares de toneladas de alimentos industrializados - mesmo ainda dentro do prazo de validade - jogados fora, atirados no lixo a cada ano pelos moradores do assim chamado Primeiro mundo!
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Na próxima vez em que pegar num cardápio, pense nessas três formas de "love food" antes de chamar o garçon para fazer o pedido.
Bistrô PortoSol, endereço certo para adeptos e simpatizantes de qualquer uma dessas formas de "love food"
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