segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O valor dos partidos políticos

Se na cabeça de nossa gente partido político não tem importância, porque então há tantas siglas, tantas agrmiações diferentess.


Acho que temos ao todo uns 30 partidos políticos... com respectivos mandatários, candidatos, presidente, tesoureiro... de olho no fundo partidário...



Falando sério, pensemos só por um instante num partido como se fosse uma empresa, com a sigla sendo a sua vitrine, sua logomarca!

O povo compraria ou não o produto dessa empresa, votaria ou não nos candidatos.

Se o produto for bom e garantido, o povo voltará a comprar e a votar... a vida toda, como acontece em países como a Áustria.

Se o produto não for confiável, dá defeito e sendo de má qualidade, o povo não comprará mais. Simples assim!



O problema da atual administração da cidade do Salvador é que ninguém vai ao Procon por um simples motivo: não sabe qual partido denunciar!

Qual partido deve ser punido por fazer merda durante os últimos 4 anos?



Quanto ao candidato vitorios de ontem... Eu não compraria uma geladeira, talvez nem um liquidificador se a empresa se chamasse DEM!

Jamais votaria num partido em extinção ou prestes a mudar de sigla pela enésima vez.

Vai ser complicado ir ao Procon depois... hehe



Bem, espero estar errado! Se o garoto for gente boa e torcedor do meu Baêêêa que nem o pai dele, talvez eu mude de opinião!



BBMP e BBMP ( Bora Brasil Mudar a Política ) Número excessivo de partidos é anti-democrático!



Reinhard Lackinger

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

domingo, 16 de setembro de 2012

Na corte do Rei Momo - primeira parte









Prof. Dr. Gefiltfish y Mazzes veio com um papo estranho, falando de um detalhe curioso, que segundo ele, impedia uma solidariedade recíproca na sociedade brasileira.

Vendo minha cara de bobo, explicou que "solidariedade recíproca" era o fenômeno responsável pela diminuição da cratera, o abismo entre ricos e pobres numa nação!
- Os de cima cuidam dos menos favorecidos e os de baixo se comportam direitinho para não atrapalhar a farra dos milionários -, disse ele em tom de brincadeira séria.
Entendi que tanto a ostentação de riqueza de um lado como a baderna ruidosa do outro, não eram a melhor forma de se criar um povo coeso e solidário.

O fenômeno ao qual Gefiltfish y Mazzes se referiu estava no estranho comportamento de pessoas do povo se achando parte da corte, parte da elite, mesmo ganhando um salário de fome. Ele citou o exemplo de professorinhas primárias, garçons e de donos de borracharias, que em vez de torcer pelo Mengão e votar com um partido progressista, torcem pelo Fluminense e votam com partidos conservadores.
- Um fenômeno brasileiro -, disse ele.
- Um fenômeno lembrando Ufólogos e Teóricos de Conspirações internacionais, disse Gefiltfish y Mazzes. Gente, que em vez de ocupar-se com tarefas caseiras, buscam problemas fora e bem longe de seu alcance! Entendeu? -

Não entendi nada!

- Simples -, disse o professor. - Basta um pobretão brasileiro repetir o que diz "gente bem", imitando "pessoas brancas finas de valor" e já se sente parte da elite! Chamando atenção de um eventual erro de português de um figurão do partido progressista, é como bater o jogo de biriba com canastra real! -

- Você vai me perdoar a pilhéria, mas essa gente pobrinha, negando a sua origem humilde, tentando a todo custo ser elite, me lembra mestre-sala e porta-bandeira fora da escola de samba e depois da quarta feira de cinzas! -

Reinhard Lackinger


Na corte do Rei Momo - segunda parte
















Depois daquela explicação do Prof. Dr. Gefiltfish y Mazzes sobre "solidariedade recíproca" em nossa sociedade, os olhos do meu pensamento foram buscando imagens do Brasil colonial.
Não consegui enxergar nenhuma cena, com os moradores da Casa Grande demonstrando algum gesto solidário para com os escravos. Se pelo menos o tronco fosse de jacarandá e os grilhões de ouro maciço, igual aos adornos usados pelas copeiras escravas, que diante de visitantes tinham que ostentar a riqueza do sinhozinho, da sinhazinha.

Talvez tenha que partir do povão o primeiro passo para essa tal "solidariedade recíproca"!
"Bora" parar com a eculhambação! "Bora" acabar com a baderna; com a feiura ostensiva e de um padrão de beleza pouco convencional; "bora" deixar de usar roupas alheias ao gosto normalmente aceito; "bora" parar de gritar, de jogar lixo a esmo, de mijar para onde o pinto apontar... "bora" acabar com a farra dos porta-malas abertas para todo mundo ter que ouvir o mais novo hit do arrocha universitário e do parangolé do pós-doutorado!
Parece até que o populacho quer agredir "a gente bem" com esse comportamento desagradavel! Chega de bagunça, chega de desordem pública! Vamos cativar as elites assumindo Bôas Maneiras e se possível, ficar confinados nas ruelas da invasão em vez de invadir a praia dos "barão"!

Será que é esse o caminho? Será que é esse o primeiro passo para a gente ter uma sociedade mais gentil e amorosa???
Pensando melhor, o primeiro passo para ter uma sociedade mais bacana e mais justa não deveria ser dado pela elite?

Se enxergamos uma nação como empresa, o bom exemplo de uma convivência solidária começa com a presidência, com a diretoria!

Se você vê um gestor público beneficiando apenas uns poucos magnatas empreiteiros, do mercado imobiliário, do transporte urbano, da limpeza pública, os barões da muvuca, do carnaval etc. e pecebe que esse gestor tá cagando para o resto da cidade, ou seja, para as ruas e praças fora dos shopping centers e condomínios fechados, fica difícil pensar em "solidariedade recíproca"!

Reinhard Lackinger
p.s. não vai ter a terceira parte com Unkle Sam no papel do Rei Momo!!!

domingo, 9 de setembro de 2012

mercados de alimentos em Salvador


Nos anos da extrema penúria, quando a Áustria perdia uma guerra década sim, outra também, até o pão de cada dia era difícil comprar!
A aquisição de gêneros alimentícios basicos era limitada, havendo uma cota por habitante. Além do pão se comprava leite, batata, cebola, toucinho, ferelo de milho, banha e olhe lá. A situação só não foi pior porque verduras e galinhas a gente tinha em casa, sem falar do que colhemos nas relvas, nas matas.
Na medida em que o padrão de vida melhorou, os consumidores ficavam mais exigentes, fazendo questão de comprar carne, margarina, farinha de trigo, frutas, sucos e outros itens... até importados.

Uma evolução na oferta de mercadorias que eu achava estar acontecendo aqui na Bahia.
Será que imaginei coisas? Será que era uma miragem, uma "fata morgana" e toda aquela melhora da oferta de gêneros alimentícios, tanto na qualidade como na quantidade de coias diferentes era imaginação minha?

"Mas quá, despertei", como diz o nosso sambista Nelson Rufino.
Tento achar o fio da meada daquela evolução da oferta de alimentos e não acho mais!
A impressão que dá é que a oferta de produtos dos supermercados voltou aos níveis de pelo menos vinte anos passados!
Qual razão desse retrocesso?
Será que devemos procurar o motivo na nova massa de consumidores promovidos das classes D e E, agora frequentando também supermercados?
Será que devemos procurar o motivo desse achatamento da oferta no interesse maior dos donos dos supermercados exatamente nessa clientela "neo-pobre"? Será que encher o carrinho de supermercado de gente que recebe bolsa-família dá mais resultado do que mimar o consumidor cativo? Tudo indica que sim!

O reflexo disso se vê até nas lojas de delicatessen, onde alguns queijos, condimentos embutidos e verduras sumiram das prateleiras, enquanto cresceu a oferta de produtos que nada tem a ver com esses espaços, como detergente, papel higiênico, pasta de dente etc., indicando o éxodo de "gente bem" fugindo da invasão e da presença dos "neo-pobres" e "ex-miseráveis" nos supermercados.
A impressão que dá é que as lojas de delicatessen de Salvador perderam o interesse de ofertar "delicatessen", virarando supermercado para dondocas!

Com a melhora do padrão de vida das classes D, E e F, aceita-se apostas de quanto tempo vai levara para "neo-pobre" começar a frequentar também lojas de delicatessen e a gente voltar a achar em supermercados da cidade produtos hortifruti de razoavel qualidade, enquanto esperamos pacientemente pela conclusão das obras do CEASINHA e pela implosão da Feria de São Joaquim!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O que é esse Neo-Feudalismo e de onde vem?



A história da batalha entre o bom senso e o oportunismo míope

Era uma vez o povo labutando na terra, a pele escura, tostada pelo sol, sustentando nobres, que, de tanto farrear de noite e dormir de dia, tinham uma cutis tão alva, que dava para ver as veias... azuladas. Sangue azul, diziam, justificando os privilégios deles.

Parte dos nobres gastava o que sugava do povo na construção de castelos ricamente decorados com obras de arte, cristais e adornos dourados em meio a jardins com plantas artisticamente podadas. parecendo poodles tosquiados, uma outra parte menos pacífica investia em exércitos, enquanto o clero mandava erguer igrejas, monastérios, catedrais, com sinos de bronze, cálices de prata e ostensórios de ouro... enquanto o povo se lenhava no campo, incapaz de questionar toda essa farra!

Mas o povo aprendeu a questionar e a lutar pelo direito dele. A falta de eventuais argumentos era compensada com o emprego de ancinhos, foices e machados.
Depois dos levantes dos camponeses veio uma nova consciência tipo "Liberdade, igualdade e fraternidade".
A essa altura da história, a nobreza mostrava decadência! Perdeu os anéis, os dedos e até a cabeça na guilhotina, mas nunca a pose!

Seguiam mais de dois séculos cheios de revoluções, com o povo insistindo na luta por mais direitos, mais comida e tudo aquilo que jamais sonhava ter na vida.
O povo tentava se organizar sem depender de casas reais, sem o jugo dos bem nascidos, trocando a aristocracia por uma tal "democracia"!
Como o populacho até então só conhecia a relação de poder feudal, coisa essa, cheia de truculência, violência e fraude aprendida com os nobres, acabou fazendo muita merda.. e a tão sonhada justiça para todos não era tão justa assim.
Houve recaídas! Articuladas na maioria das vezes por milicos como o Napoleão e outros.

Mesmo assim, o povo conseguia avanços sociais, alguma fartura e uma nova geladeira cheia de cerveja, criou instituições razoavelmente sólidas e até partidos políticos.
A nobreza estava vencida, mas não estava morta!
Ela ainda tinha bastante balas na agulha para tetonar democracias um tantinho frágeis e cambaleantes. Bastava por a tropa de choque em forma de imprensa escrita, falada e "televisionada" em campo, torcendo ligeiramente as notícias! Intrigas e zizânia sempre foram os esportes prediletos dos senhores feudais!
Como parte do povo era limitado intelectualmente, deixando-se iludir, achando que podia fazer parte da corte do rei, de participar de alguma forma da nobreza, só porque sabia ler e escrever, era fácil cooptar um monte de palermas em troca de umas perucas e vestidos de brocado.

De repente todas as mazelas da era feudal foram esquecicas e apagadas da mente um tantinho fraca do povo!
Vilões agora eram apenas aqueles que tentavam experimentar democracia, praticando-a cometendo os mesmos erros dos antigos algozes.
Pudera, nunca haviam visto outra coisa na vida!

E por falar em algozes... O populacho ignaro correu alegremente para o abraços dos antgos/ novos senhores feudais.

Essa é a história do Neo-Feudalismo! Qualquer semelhança com a história atual do Brasil não é mera coincidência!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

The Fiddler on the Roof



Panelão de Gulasch na minha frente, fogo baixo durante três a quatro horas, conteúdo levemente borbulhante, sem conter uma gota de água de torneira sequer, espalhando o cheiro gostoso por toda vizinhança. Enquanto a carne bovina não fica macia ao ponto de poder cortá-la com a colher, meus pensamentos viajam.

Diante dos olhos de minha memória desfilam instrumentistas de ontem, violino preso entre o queixo e a clavícula, as feições expressando sofrimento ou alegria, a depender da melodia sendo tocada. Um festival de caras e bocas, que já não existe mais! Os músicos de hoje executam o conteúdo das partituras com perfeição e sem mexer um só músculo da face... mesmo durante as passagens mais difíceis, rajada de notas mais curtas e sons agudíssimos.

É assim que vejo a culinária da atualidade! Técnica perfeita, cozimento dos alimentos em temperaturas controladíssimas, preocupações com o estado das proteinas, das fibras do colágeno. Desse modo uma carne, sendo "cozida" a 74,6graus centígrados leva quatorze horas e meia para ficar perfeita... e já me disseram que o ovo frito corretamente demora duas horas a uma temperatura de 62graus.

Acho louvável esse avanço tecnológico, mas será que isso tudo é viável num restaurante? E as demais produções culinárias? As que devem acompanhar aquela carne tratada termicamente como se fosse uma peça de aço especial para uma nave espacial? E a fome dos comensais como é que fica enquanto isso? Os clientes esperando pela comida durante horas com a mesma cara de bobo que nem eu, aguardando a carne do gulasch ficar macia???

Na Áustria, depois de um tenebroso inverno enaltecendo a técnica impecável dos solistas, surgem vozes cada vez mais altas e nítidas, exigindo a volta da alegria, da leveza e da descontração com que outrora se fazia música, se tocava instrumentos, se cantava!

Pelo mesmo motivo, minha mulher Maria Alice e eu ficamos fiéis ao modo de preparo de nossos pratos da culinária austro-húngara praticada em nossa taverna, no Bistrô PortoSol.
Para nós, os taverneiros do Bistrô PortoSol, a alegria na mesa é mais importante do que um eventual Prémio Nobel de Química.

Para nós, se a nouvelle cuisine já não subiu no telhado, está prestes a subir!

Prost Mahlzeit!!!

Reinhard Lackinger
o taverneiro do Bistrô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm

quarta-feira, 9 de maio de 2012

ainda os leitores

Esperei meu amigo Walter Egon terminar o gulasch de cogumelos, observando-o rasgar fatias de pão francês e raspar o resto do molho cor
de páprica do prato, até empurrar aquela louça redonda e recostar com ar de felicidade talhada na face.
Eu queria pegar a deixa e elogia-lo. Eu queria elogiá-lo, dizendo que ele era um dos frequentadores habitués do Bistrô PortoSol que conseguiram atravessar a "linha do équador do salsichão" de nossa teverna austro-húngara... amarrando uma analogia com o tal "Weißwurstäquator", a "linha do equador do salsichão branco" da Baviera, detalhe. que pretendo plantar numa das minhas futuras malas diretas sem alça.
Mesmo depois de mais de 10 anos de janela, ainda há frequentadores do Bistrô PortoSol, que jamais pediram outro prato, outro petisco, a não ser linguição ou salsichão... O destemido Walter Egon não se deixa afugentar por pratos exóticos no cardápio, como Gulasch de cogumelos, a Receita Medieval ou Powidltascherln, a nossa sobremesa tcheca.

Walter Egon deu um longo suspiro, parecido com um arroto. Ele ignorou o que falei, voltando ao tema "autor, editor versus leitores".

Ele tinha que assistir aquele capítulo da novela "Avenida Brasil", justamente na parte onde a vilã mostra à mocinha uma estante de livros
falsos, ou seja, uma parede inteira de um cômodo formada por uma biblioteca de mentirinha, ostentando apenas casquinhas de capas de livro.
Ora, quanta gente boa não exibe em seus gabinetes no alto de alguma torre fincada no condomínio Omegaville, estantes cheias de obras aparentemente sérias, compradas há décadas pelo reembolso postal?
Nenhum volume com sinais de desgaste visiveis, nenhuma prova de que algum desses exemplares sequer tenha sido folheado...

- Não é fácil redigir um texto que culmine numa peripécia, num chiste, num ponto inesperado -, disse Walter Egon.

- Curta prosa é como uma luta de judô. O autor às vezes consegue um "ippon"... O problema é que tanto o espectador dessa arte marcial quanto o leitor precisam ter algum preparo para perceber ippon e peripécia respectivamente.

No contato virtual e nas redes sociais, os usuários têm lançado mão de onomatopéias como kkkkk, quiaquia, hahahaha para mostrar que é para dar risada da mensagem e para que o interlocutor peso pesado não perca a piada. Será que esse jeiro contaminará um dia a literaura?

No teatro há a figura do "claqueur", da "claque", figuras misturadas ao público que aplaudem ou soltam gargalhadas na hora certa. Os olhos de
minha memória enxergam tabuletas erguidas mais ou menos discretamente, instruindo os espectadores, mandando-os rir, gritar, aplaudir.

Até na última novela de Miguel Falabella usaram esse recurso de uma forma sonora e por demais exagerada.

O povo precisa cada vez mais dessa ajuda?

O que seria do mercado literário sem as listas de Best Sellers, sem as críticas literárias, sem a voz de algum renomado figurão que nos diga
qual livro comprar? -

- Já entendi! -, falei. - Na próxima encarnação, em vez de um exótico bistrô austro-húngaro, abrirei uma pizzaria! Uma pizzaria ou uma creperia com música ao vivo bem alta, para que ninguém tenha que se envolver num papo cabeça, podendo usar a boca epenas para comer...e os olhos para ver bundas se remexendo no palco!"

prost

Reinhard Lackinger
o taverneiro risonho do Bisrtô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm

quinta-feira, 3 de maio de 2012














É nesse ambiente ( Bistrô PortoSol ) que pintam os dedões de prosa mais interessantes!

www.reg.combr.net/bistro.htm

Dedões de prosa no Bistrô PortoSol

Acontece todas as noites em nossa taverna. Uns trazem seus sonhos e
projetos na ponta da língua, outros receios e anseios. São os dedões de
prosa que rolam no Bistrô PortoSol. O clima em nosso espaço temático é
favorável a isso! Às vezes pinta até um papo tipo consultório sentimental...

Ontem, no meio da conversa, Prof. Dr. Shmuel Gefiltfish y Mazzes puxou
um assunto, que parecia o fragmento de uma aula que ele devia estar
preparando para os alunos dele.

- Na Roma antiga -, dizia ele. - Na Roma antiga havia uma tal "Damnatio
memoriae". Tratava-se de um processo movido pelo senado, condenando
imperadores mesmo depois de mortos... Essa "Damnatio memoriae" implicava
a erradicação de quaisquer vestígios do imperador condenado e
amaldiçoado, como a destruião de estátuas, demais imagens dele em
moedas, além de escrituras do governante caído em desgraça. Assim, Nero
foi condenado em 68, Julian em 193 e Maximin 283.

Como exemplos de nossa história mais recente, Gefiltfish y Mazes ainda
citou Hitler e Stalin, porém já não pude mais dar atenção a ele por ter
chegado gente querendo ser atendida.

Aliás, não entendo como surgiu o papo dessa tal "Damnatio memoriae".
Pelo que me lembro, eu apenas havia falado do IPTU que vence no dia
cinco. Também citei uma simples passarela, sem prazo para inauguração
depois de mais de 4 anos.... um metrô depois de uns 12 anos e a via
expressa com um túnel cavado por um tatú embriagado...

Pelo visto, não só túneis podem não levar a lugar algum. Conversas
também. hehe

Prost

Reinhard Lackinger
o teverneiro risonho e brincalhão do Bistrô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm

domingo, 29 de abril de 2012

Bobagens dominicais

Aplaudi a aprovação das cotas para negros e pardos. Só não concordei com a opinião de um dos ministros dizendo que essa lei "veio para ficar"!
Penso qu ela seja necessária, porém transitória.
Penso que essa lei vai democratizar eventuais injustiças sociais ainda existentes no Brasil, obrigando cada um de nós carregar um pouco daquela cruz que até então pesava apenas nos ombros dos negros e pardos!
Ou seja, essa lei vai espalhar o cocô das desigualdades por todos nós!

Sempre pensei que minha alma fosse isenta de sentimentos de racismo! O máximo que me permitia era enxergar traços de comportamentos oriundos do cativeiro, da senzala, dos grilhões, mas também dos tronos de reinos africanos... sem esquecer de tudo de errado que os negros aprenderam dos ocupantes da casa grande...
É assim que compreendo o fenómeno do Rei Pelé.

Vendo imagens de índios invadindo terras no sul da Bahia, entoando canções e dançando, protestando assim contra os invasores brancos, fico sem entender o que se passa!Que índios são esses?Esses supostos donos daquelas terras não teríam de andar pelados, ter uma pele cor de cobre, cabelos prtetos, lisos escorridos... e feições de índio?
Mas o que vejo são figuras vestidas, fantasiadas de branco, apesar dos cocares e demais adereços típicos de índios.
Vejo também a pele sendo mais para negro e pardo do que para índio! O mesmo digo das feições dos que são entrevistados pelos repórteres de TV.Se eu fosse atropólogo, certamente teria respostas para essas questões um tanto complicadas, livrando-me dessa minha ignorância.Como leigo nutro uma leve dúvida se aqueles grupos que reivindicam extensas áreas no sul da Bahia são realmente legítimos herdeiros daquele mundão de terras férteis, e se não há outros interesses em jogo além do índio querer voltar a caçar peladinho da Silva... ou melhor, na selva.

Como os atuais donos daquelas terras conseguiram a posse das fazdendas ora invadidas, todos nós sabemos.. enquanto o nosso "grande irmão banco", que já demarcou áreas indígenas bem maiores nesse Brasilzão, anda empurrando o problema do sul da Bahia com a barriga.

O que nada tem a ver com esse assunto, mas se apresenta como produto marginal de minha ignorância étnica, é o meu olho grudado em feições que eu acho pertencerem a índios.Anacleto, "namorido" de Madalena, empregada na casa de meus sogros tinha feições de índio, apesar de sararámiolo. Outro representante legítimo de nosso indígenas é um cacique de Cachoeira de Itapemirim, o nosso Rei Roberto Carlos... e o ator global Murilo Rosa, que é a cara do mais emotivo dos brasileiros, deve ser da mesma tribo do Roberto...chega de maluquices por hoje

Prost

Reinhard Lackinger

sexta-feira, 27 de abril de 2012

sobre ler e escrever

- Atualmente é mais fácil conseguir uma data para casar na igreja da moda - agorinha em maio - , do que agendar o lançamento de um livro -, disse Walter Egon-
Hoje tem mais gente escrevendo e lançando livros do que leitores!

E pensar que na idade média, escrever era serviço de escravos! Era inclusive deles a obrigação de escrever os documentos, as determinações e ordens de um soberano. Até a assinatura do rei, do imperador era feita pelo punho daqueles escreventes, deixando apenas um espaço entre uma letra e outra. Cabia à majestade apenas o ato de fazer um traço, interligando essas letras.Erra quem pensa que todos os nobres da época eram analfabetos. Eles só não tinham a intenção de ficar horas, dias e anos diante de um pergaminho, pintando letra por letra e até desenhando folhas e frutinhas de carvalho nas iniciais coloridas.

Caligrafia vem do grego "Kali", o que significa bonito! - .Walter Egon adora ser didático.
- Atualmente é fácil escrever! Basta ter um computador com WordPerfect, corretor ortográfico e o scambau! Até um semianalfabeto ousado é capaz de produzir textos razoáveis. Por isso lhe digo, escrever se tornou muito fácil! O dificil é saber ler!

Se está havendo mais lançamentos de livros do que casórios, não quer dizer obrigatoriamente que aqueles que adquiriram um exemplar autografado, tenham a intenção de lê-lo.
Imagino que haja algum móvel na casa deles precisando de um calço para não ficar balançando.
E será que todos aqueles que por falta do que fazer peguem o livro para ler, comprendem o texto? Será que percebem detalhes vitais e eventuais sacanagens que o autor largou maliciosamente nas entrelinhas?

Será que é por isso que nas bibliotecas até os volumes de ficção estão separados por assunto?
Uma prateleira para romances policiais, outra para histórias de amor, de aventura... Essas coisas facilitam muito a vida do leitor. Ele sabe de antemão para onde o texto o levará.
É como os luminosos diante de uma pizzaria, churrascaria, creperia... Por outro lado, uma obra literária que não dá nenhuma pista é como o cardápio de seu restaurantinho temático!

Pessoas acostumadas a escolher a comida, olhando aquelas fotos dos pratos afixadas na entrada do estabelecimento, dificilmente se tornarão clientes seus -, disse Walter Egon e pediu um Gulasch de Cogumelos picante com pouco sal.

Prost

Reinhard Lackinger
o taverneiro risonho do Bistrô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm

p.s. Se você no inicio deste texto pensou que dessa vez o taverneiro não iria puxar a brasa para o salsichão dle, se ferrou! hehehe

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Código Florestal e um pouco da história recente de Salvador

Não esperava dos senhores representantes do povo lá de Brasília outra decisão que não fosse a mais predatória e descompromissada para com o meio ambiente!


Imagino que todos eles devam ter um ou mais latifúndios neste Brasilzão como reserva de capital, legislando assim em causa própria!

E digo mais: mesmo não constando nesse Código Florestal praticamente nenhum compromisso que proteja o solo e os rios da destruição, os donos das terras não deixarão de continuar a desmatar, não dando a mínima para eventuais limites acordados nesse código...

Por que digo isso? Experiência, exemplos já vividos por aqui!

Quando em 1994 (1) começamos a discutir aqui em Salvador o problema da poluição sonora, nenhum barulhento notório, militante e juramentado veio participar da conversa com a gente e o então vereador Javier Alfaya.

Minto, numa única das muitas reuniões na Câmera Municipal, apareceu um representante do Clube Baiano de Tênis - um dos piores poluidores sonoros da época -... chegando mudo e saíndo calado.

A Lei Municipal do Controle da Poluição Sonora foi aprovada em 1995 por unanimidade pelos 35 vereadores que Salvador tinha na época.

Repare... a porca começa a torcer agora...

Assim que a lei foi colocada na mesa da senhora prefeita Lídice surgiu um exército de barulhentos fazedo pressão contra a lei elaborada criteriosamente duante meses, tendo como parâmetro as resoluções do CONAMA, dispositivo que orienta o assunto no âmbito nacional.

O fato é que a prefeita acabou cedendo, sancionando a lei com limites mais generosos, além de dilatar bastante os prazos para os donos de casas de espetáculo e clubes se adaptarem, providenciando isolamento acústico.

Para você, que já está sem paciência de ler esta baboseira conto logo o fim dessa tragicomédia: os barulhentos não cumpriram nenhum acordo, nem os limites flexibilizados, permitindo mais barulho do que a lei original previa, como também não se mexeram para criar nenhum isolamento acústico eficaz, preferindo tapar o "som com a peneira"... ou com umas lonas e placas de madeirite.

É por isso que eu não acredito que os latifundiários mexam um só dedo para preservar as terras do Brasil ensolaradas lalalala...

Chega de lamúrias por hoje... saíndo para comprar ingredientes para a nossa comida austro-hungara ganho mais!


(1) quem na verdade iniciou o projeto da lei do controle da poluição sonora em Salvador foi o ex-vereador Itaberaba Lyra!

Ainda o problemão das cotas



Não se resolve injustiças sociais por decreto!

Também não se deve varrer eventuais conflitos por debaixo do tapete.

Pelo contrário, é preciso encarar os conflitos, colocando-os em discussão!

Até agora, os problemas, os pepinos, os abacaxis e o "mico preto" sempre estiveram unica - e exclusivamente na mão dos negros, dos pardos, dos afro-descendentes!

As cotas parecem ser um mal necessário e fazem com que este conflito social seja democratizado e distribuído por toda sociedade. Isso me parece bom e salutar!


Aposto que dentro de uns 10, no máximo 15 anos, ninguém vai mais falar do problema de cotas para negros.



Reinhard Lackinger

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O preço da esculhambação

Eu vi as filas diante do consulado dos EUA e também vi os números de quanto turistas brasileiros gastam lá fora.
Gastando com que?
Com compras, com alimentação, com entradas para os parquinhos da Disney.

Acabo de ler num jornal estrangeiro sobre os aumentos substanciais dos valores das multas para quem joga lixo na rua e/ou comete outro tipo de indisciplina... nos EUA e na Europa.
O periódico ainda mencionou o quanto a administração pública de lá gasta com a coleta do lixo. Não falaram do montante que eles arrecadam com multas, mas deve ser uma nota preta.

Quanto será que turista brasileiro paga de multas durante os passeios pela Europa, pelos EUA?

Será que turista brasileiro não paga multa porque é gente com educação inata, congénita e hereditária, não cometendo nenhum deslize?
Será que transgressores contumazes e folgados inveterados e crônicos não viajam para o exterior?
Ou será que lá fora, os nossos queridos se comportam, com medo de serem admoestados e multados???

Por que apesar dos trocentas corporações de seres uniformizados que temos no Brasil, nenhum transgressor, nenhum sujão, mijão ou barulhento é admoestado, autuado e multado?
Por que temos que ter a pecha de sermos um país esculhambado???

Dr. Shmuel Gefiltfish y Mazzes outro dia arriscou um palpite, dizendo que os nossos políticos são culpados pela vida mansa dos folgados, dos desordeiros. Eles não querem bater de frente com bagunceiros e baderneiros para não perder votos!

Prost

Reinhard Lackinger
p.s. Outro dia, no programa CQC, Aguinaldo Timóteo em alto e bom tom fez apologia ao crime ( jogo do bicho ) e nada aconteceu. Lá fora, ele teria sido preso, algemado e processado na hora... sendo deputado ou não!

pps. Essa nossa esculhambação cansa e doi no ( meu ) bolso, mas eu adooorooo! Jamais poderia voltar a viver na asséptica Áustria!

domingo, 8 de abril de 2012

sobre a ressurreição de nossa democracia

Como amante de analogias e otimista incorrigível vejo um fio vermelho correndo entre a Passagem ( Pessach, Páscoa ) e a democracia de nações que num passado recente eram lideradas por ditadores. Vejo instituições democráticas ressurgindo de regimes totalitários.

É compreensível que como austríaco eu pense logo nos governos que sucederam o regime nazista... e em seguida no Brasil, na Argentina, no Paraguai, no Chile.
Regimes totalitários costumam governar com mão de ferro, valendo-se de estímulos negativos, ou seja... "escreveu, não leu, pau comeu"!

Na China, a bala que executa quem ouse atravessar a rua fora da faixa de pedestre, ou cometa um delito igualmente grave, é cobrada da família do defunto.
Na Alemanha nazista, quem não demonstrasse abertamente ser torcedor do Führer, do Adolf, do "Bigodinho" com um fervor comparável ao choro copioso dos coreanos do norte com a morte de Kim Jong-Il, corria o risco de ser preso e internado num campo de concentração.
Em regimes totalitários, como já diz o nome, não há oposição. Todo cidadão sabe quem manda! A tarefa de cada um é obedecer!
Além de não haver oposição, nas ditaduras também não costuma haver direitos humanos nem imprensa livre.

Falando dessa Passagem no Brasil, lembro que num determinado momento passamos a ter dois partidos: ARENA e MDB.
O medo de ser da oposição - especialmente no interiro do país - ainda era tão grande, que em vez de ter MDB, a oposição de certos cafundós preferia ser chamada de ARENA2.
Quem viveu aquela época ainda sabe quais eram os políticos daquelas duas agremiações políticas, lembra do Ulisses, do Tancredo... e do Amaral Netto - cruz credo mangalô três vezes - .

Desde a redemocratização muita coisa mudou! Já não temos mais apenas dois partidos políticos!A democracia do Brasil atual é do tamanho deste país continental. (1)
Hoje temos direitos humanos... maomeno... temos liberdade de imprensa... tá legal, temos... e temos oposição, embora nem eu, nem você saibamos quem são os oposicionistas no âmbito municipal, estadual ou federal.

Lhe dou um grande ovo de páscoa recheado se você for capaz de enumerar todos os "trocentos" partidos políticos existentes no Brasil de hoje e dizer se esse ou aquele apoia o governo ou é oposição.... nos três níveis de competência.
Aliás, se acertar essa questão não lhe dou um simples ovo de páscoa de chocolate e sim o mais precioso dos Ovos Fabergé!!!

abraços democráticos

Reinhard Lackinger
p.s. Você conhece alguma democracia séria com mais de meia dúzia de partidos políticos?






(1) Tô de sacanagem!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Nosso calvário de cada dia



Quanta gente não estará agorinha mesmo viajando para Nova Jerusalém, a fim de assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo?


O mesmo tema foi tratado e retratado em "trocentas" montagens teatrais fora daquele cenário do agreste brasileiro e em um número de películas talvez maior ainda.


Já não sei mais o que é pior: a distorção da alegria pela atual "muvuca carnavalesca", ou a banalização da dor de Jesus pela simplificação teatral de espetáculos quase tão rentáveis quanto a folia momesca.


E haja ketchup por debaixo da coroa de espinhos e molho de tomate brotando dos punhos e palmas das mãos dos protagonistas dessa "maior história do universo"!


Será que era só dor física que Jesus Cristo sentiu entre ser preso no monte de oliveiras e a morte na cruz?

E a dor moral? Onde a dor moral fica nisso tudo? Não havia um cálice cheiinho de dor moral nessa história?


Assistindo às encenações da Paixão de Cristo, o que se vê é um exagero de dor físcia violência e brutalidade, enquanto a dor moral é varrida por debaixo daquela passadeira vermelha onde pisa o Pontius Pilatos.

Explorar o lado sado-maso, sadista e masoquista desse espetáculo me parece cair facilmente no gosto do povão.

Compreender dor moral, principalmente a dor moral alheia, exige certo senso de justiça e solidariedade, além de meia dúzia de neurónios.


Para jogar os holofotes nessa dor moral poderiamos começar a mostrar o pescado consumido na Semana Santa, enquanto um representante do Greenpeace falasse das espécies de peixes ameaçados de extinção por causa da pesca predatória mares afora... com frotas de navios pesqueiros no fundo, cujos donos e comandantes não estão nem aí para o futuro da humanidade e dos oceanos sem peixes.

Para jogar os holofotes nessa dor moral .poderíamos desviar o caminho para Nova Jerusalém e dar uma passadinha num lugarejo bem seco daquelas plagas espinhentas do Nordeste e ver mulheres com as panelas vazias, crianças com olhos e bocas de fome, enquanto lavradores, depois de ter preparado a terra para o plantio e semeado, usando os últimos grãos que poderiam amainar a fome dos filhos, espera em vão pela chuva.


Ora, até o nosso quotidiano urbano nos presenteia com tantos exemplos de dor moral, que parece haver nenhuma necessidade de viajar para Nova Jerusalém!


Existe dor moral pior do que ver, perceber e assitir pela televisão diariamente que Barrabás continua sendo mais popular do que Jesus Cristo?


Boa Páscoa


Reinhard Lackinger

Sentindo a cada dia uma dor moral "retada" vendo a Barra sendo negligenciada e destruida!

quarta-feira, 4 de abril de 2012



A descarnavalização do carnaval de Salvador.


Março de 2011.

Escrevo esse texto, pensando nas pessoas que nasceram a partir de 1980 e por isso não conheceram o carnaval de Salvador.



Essa festa que acontece na nossa cidade desde o início dos anos 80, e que prefiro não chamar de carnaval, segue o velho rito da colonização.


Após se apropriar das terras que invade, o colonizador transforma em servos os seus antigos donos.

As praias do Nordeste brasileiro são um exemplo.

Os antigos proprietários estão vendendo as suas terras por ninharia, para se tornarem empregados dos novos donos.


Desde que o mundo é mundo, a coisa funciona dessa maneira. Abandonamos a tribo, em troca de uma civilização que privilegia o patrimônio em detrimento do ser humano. Isso nos escraviza e nos mata todos os dias.


Mas, voltemos ao carnaval. Essa festa, regida pelo ano lunar do Cristianismo da Idade Média, surgiu a partir da criação da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações motivou a criação de festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, primeiro dia da Quaresma. A palavra “carnaval” origina-se da expressão latina “carnis valis”, que significa prazeres da carne.


O carnaval tinha duração de três dias, domingo, segunda e terça-feira, sendo esse último chamado de Terça-feira Gorda, conhecida na França como Mardi Gras, em função do seu contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação. Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX.

Paris foi a principal exportadora da festa carnavalesca para o resto do mundo. Cidades como Nice, New Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspiraram no carnaval parisiense para criar as suas novas festas carnavalescas. O Rio de Janeiro criou e acabou exportando para outras cidades do mundo e do próprio Brasil, como São Paulo, o estilo de carnaval com desfiles de escolas de samba.
Salvador foi contemplada com a festa vinda de Portugal, nos idos do século XVI, conhecida como entrudo. A sociedade baiana desfilava pelas ruas do centro de Salvador nos seus automóveis conversíveis, trajando fantasias, leques e máscaras importados de Paris, lançando quilos de confetes e serpentinas, além de perfumes também importados, borrifados a partir de pequenos frascos dotados de uma bombinha de borracha. Os carros alegóricos com suas bandas de música completavam o cortejo, assistido de fora pelas pessoas mais simples.


No inicio dos anos 50, Dodô e Osmar invadiram as ruas do centro de Salvador, no domingo daquele carnaval, tocando nos seus instrumentos elétricos um repertório de frevos pernambucanos, levando ao delírio a população que naquela época apenas assistia à festa, sem dela participar. Nesse dia, durante o desfile do Clube Fantoches da Euterpe, o frevo eletrizado tocado por essa dupla de músicos baianos em cima de uma fobica, um Ford ano 1929 com dois alto-falantes, dirigido por Olegário Muriçoca, arrastou a multidão para dentro da festa, transformando o carnaval numa verdadeira manifestação popular.


Três dias de liberdade total, uma só “tribo”, sem diferenças de classe, cor, credo ou sexo. Todos na rua com suas mortalhas e pierrôs, sozinhos, em pequenos grupos de amigos ou nos blocos de bairro, com suas bandinhas ou simples batucadas.

Os afoxés, manifestação da cultura afro-baiana, e os blocos de índio, marcando presença das vítimas da nossa colonização européia, se juntavam nessa verdadeira confraternização da alegria. Os Clubes Sociais faziam os bailes de carnaval à noite, as “batalhas de confetes” pela manhã e os bailes infantis à tarde.


Importante lembrar que esses bailes eram animados por grandes Orquestras que chegavam a ter mais de trinta músicos, incluindo vários instrumentos de sopro e no mínimo dois cantores, uma voz feminina e uma masculina, além da percussão. A mais famosa delas era a Orquestra de Britinho e Seus Stukas (ou Stucas). No repertório, marchinhas, frevos e sambas de compositores cariocas, pernambucanos, paulistas e baianos, que se tornaram muito conhecidos por vários carnavais, a exemplo da marchinha “Colombina”, do compositor baiano Armando Sá . Esses mesmos Clubes chegaram a desfilar numa época com os seus Carros Alegóricos, a exemplo do Fantoches da Euterpe, da Associação Atlética da Bahia e do Clube Cruz Vermelha.

Outras Agremiações se mantiveram no desfile, a exemplo dos Mercadores de Bagdá, Cavaleiros de Bagdá, Inocentes em Progresso dentre outros.

As famílias instalavam suas cadeiras nas calçadas da avenida durante os dias da folia, com o objetivo de assistirem o carnaval com os seus filhos, parentes e amigos, colocando seus nomes para identificá-las e só as recolhendo no último dia da festa.


A “dupla elétrica” Dodô e Osmar trocava o velho Ford por uma picape Chrysler e acrescentava mais um músico, Temístocles Aragão, tocando o triolim, um cavaquinho tenor com quatro cordas, completando assim o trio elétrico, com Osmar Macedo tocando guitarra baiana, que na verdade era (e é) um cavaquinho elétrico com afinação de bandolim, e Adolfo Nascimento, conhecido por Dodô, tocando o violão elétrico de seis cordas, fazendo a harmonia e os baixos, no estilo do violão de sete cordas dos conjuntos regionais. No ano seguinte, com uma pequena ajuda financeira de Miguel Vita, dono de uma fábrica baiana de refrigerantes Fratelli Vita, Dodô montou um caminhão com vários alto-falantes do tipo corneta, desses de praça de interior, iluminado com lâmpadas de filamento coloridas e fluorescentes, e fixou os músicos da percussão, que antes tocavam andando ao lado da fobica, um pouco abaixo da parte superior onde eles tocavam, numa espécie de varanda em volta da estrutura de aço montada sobre o veículo. Toda essa parte técnica, montagem da estrutura do trio e, acima de tudo, a invenção dos instrumentos elétricos, tinha a assinatura do radiotécnico, eletricista, inventor e músico Adolfo Nascimento, o Dodô. O seu invento, a guitarra elétrica com captação eletromagnética, por não ter sido patenteado, foi copiado por um fabricante norte-americano, dando origem a diversas marcas de guitarras, hoje muito famosas no mundo inteiro. Além de mais esse ato de colonização, e por mais incrível que pareça, o nome “trio elétrico”, também por não ter sido patenteado pelos seus verdadeiros inventores, foi igualmente colonizado e hoje é de propriedade de um repórter francês, de nome Remir Colaponca, pelo menos no registro. Ele pediu autorização a Osmar para ser representante do trio elétrico na França, em 1990. Com o documento assinado por Osmar, o francês registrou o nome trio elétrico em seu país.


Nos anos seguintes, ainda na década de 50, foram surgindo outros trios elétricos, como o da Aguardente Jacaré e o do Esporte Clube Bahia que, juntos com o da Fratelli Vita, animavam os foliões durante os três dias de carnaval. Todos eles montados na oficina de Dodô, no bairro da Calçada, arrastando multidões vestidas de pierrô, mortalhas de diversas estampas e tantas outras fantasias, de acordo com a criatividade de quem as usava, além das máscaras, muito comuns durante o dia. Em 1958, o carnavalesco Orlando Campos lançou o trio elétrico Tapajós, que ficou muito conhecido no nosso carnaval. Campos foi o inventor também do Caetanave, um trio em homenagem a Caetano Veloso que mais tarde, no ano de 1972, entraria na Praça Castro Alves tocando “Chuva Suor e Cerveja”, frevo criado pelo compositor baiano durante o seu exílio em Londres.


O lança-perfume Rodouro, um aerosol de aroma muito agradável, lançado no carnaval do Rio de Janeiro em 1904 pela Empresa francesa Rhodia sediada na Argentina, era usado para jogar uns nos outros, por pura brincadeira. As famílias compravam caixas deles, junto com os pacotes de confetes e serpentinas, a fim de levar para os Clubes e para o carnaval de rua. O lança-perfume não era proibido, pelo contrário, era praticamente um acessório obrigatório no carnaval, e até as crianças usavam, direcionando jatos gelados e perfumados nas pernas dos adultos. Depois vieram os abusos e a conseqüente proibição em 1961 pelo então Presidente Jânio Quadros.


Em 1969, o frevo “Atrás do Trio Elétrico”, composição de Caetano Veloso e uma justa homenagem a essa grande invenção baiana, fez ecoar no resto do País, através das rádios e dos discos compactos que bateram recordes de vendas, esse fenômeno ainda desconhecido da maioria dos brasileiros. Caetano seguia para o exílio em Londres e o seu frevo invadia as ruas de Salvador, tocado pelos trios elétricos que nessa época não tinham microfone e por isso as músicas eram apenas soladas pelas guitarras baianas. As letras das composições de carnaval só podiam ser ouvidas nos bailes dos clubes pelos crooners das orquestras, ou pelos próprios foliões. Três anos depois, ao retornar para Salvador, Caetano apresentou ao público pela primeira vez como convidados especiais, no seu show realizado no Teatro Castro Alves, os inventores do trio elétrico Dodô e Osmar. Osmar fez um resumo da história do trio elétrico e dos fantásticos instrumentos inventados por Dodô. Armandinho Macedo, filho de Osmar, se apresentou junto com eles, todos tocando instrumentos acústicos, devido à limitação do equipamento de som, que precisou substituir de última hora os aparelhos “Altec” trazidos de Londres por Caetano, queimados durante os ensaios em conseqüência da falta de familiaridade do técnico inglês Maurice com a rede elétrica do Teatro. Tocaram, entre outras músicas, o “Frevo do Trio Elétrico”, composição de Dodô e Osmar, com a letra podendo finalmente ser ouvida pela platéia atônita. Após esse espetáculo, que foi apresentado também no Rio de Janeiro, o trio elétrico passou a ser definitivamente conhecido em todo o Brasil, como o elemento mais importante da revolução do carnaval da Bahia.

Uma Gravadora se interessou pela novidade e em 1975 lançou o LP “Jubileu de Prata”, primeiro disco do trio elétrico Dodô e Osmar, comemorando os 25 anos do trio elétrico. Moraes Moreira participou do projeto como parceiro em algumas composições da dupla Dodô e Osmar, além de intérprete. Mais tarde viria a colocar letra numa música bem antiga da dupla Dodô e Osmar, “Double Morse”, que passou a se chamar “Pombo Correio” e se transformar num dos seus maiores sucessos.

No carnaval daquele Jubileu, Moraes Moreira subiu no trio elétrico de Dodô e Osmar com um microfone, e cantou durante o carnaval todas aquelas músicas que até aquele dia eram apenas soladas pelos instrumentos elétricos. Moraes Moreira passou a ser o mais importante compositor do carnaval baiano, criando verdadeiras obras primas em parceria com Dodô e Osmar, Armandinho, Risério, e outros, além de Galvão, seu eterno parceiro do grupo “Novos Baianos”. Suas composições de carnaval tornaram-se históricas, entrando obrigatoriamente em todos os repertórios de interpretes carnavalescos, incluindo, é claro, os trios elétricos. Misturou o frevo com o ijexá e se tornou “a cara do carnaval”, passando a ser reverenciado como “Moraes Carnaval Moreira”, título inclusive de um dos seus álbuns.
Com a inclusão do grande guitarrista filho de Osmar, o trio elétrico de “Dodô e Osmar” passou a se chamar “Armandinho, Dodô e Osmar”, agregando mais outros três filhos e músicos, Aroldo, André e Betinho. O trio elétrico dos Novos Baianos entrava na festa, sempre montado de última hora, com as caixas de som muitas vezes amarradas com arame. O som impecável, com Pepeu tirando um timbre inconfundível na sua guitarra baiana, e as vozes por demais conhecidas de Baby Consuelo, Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira. O povo delirava com “Chão da Praça”, “Pessoal do Aló” e tantas outras maravilhas de Moraes.


No carnaval de 1978, o “Traz os Montes”, bloco de adolescentes do bairro da Barra, único a sair de macacão no lugar das mortalhas, substituiu a sua banda de sopros e percussão pelo trio elétrico “Tupinambás”, tornando-se o primeiro bloco a sair com um trio elétrico e um cantor/puxador em cima do trio. No ano seguinte passaria a ter o seu próprio trio elétrico, contratando uma banda de Rock chamada “Scorpius”, que mais tarde mudaria o nome para “Chiclete Com Banana”.


No começo dos anos 80, em mais um lance de ousadia e criatividade dos líderes do bloco, os amplificadores valvulados foram substituídos por equipamentos transistorizados super potentes, aparelhos de ar-condicionado foram instalados para proteger esses equipamentos, e as bocas dos alto-falantes cederam lugar às caixas acústicas retangulares, com colunas de caixas de som que destacavam a voz do cantor e as notas graves do contrabaixo, além de projetar a música para bem longe.


Toda a Banda, com bateria, cantor e demais músicos, subiu para o topo da estrutura transformada em palco, eliminando o “varandão” que existia em volta e abaixo, onde antes tocava o pessoal da percussão.

O uso de amplificadores transistorizados em substituição aos até então valvulados foi considerado uma loucura por aqueles que se mostravam céticos com essa “opção moderna”, inclusive o próprio Osmar, que afirmava ser impossível essa tecnologia agüentar o tranco do carnaval sem queimar. Para surpresa geral, quando o som transistorizado saiu pelas caixas acústicas do caminhão do bloco “Traz os Montes”, invadindo todo o centro da cidade com a sua potência e qualidade inigualáveis, todos se curvaram diante dessa novidade e, logo no ano seguinte, os demais trios elétricos substituiriam os seus amplificadores valvulados pelos transistorizados. Com o caminho aberto pelo bloco “Traz os Montes”, outros blocos iniciaram gradativamente a introdução do trio elétrico dentro das suas cordas.


Essa nova possibilidade despertou o interesse de grupos que passaram a ver nessa festa sem dono, com forte apelo popular e midiático, uma fonte promissora de riqueza.

A profissionalização da festa virou lei.

O bloco “Traz os Montes”, apesar dessas inovações tão importantes e que viriam influenciar nessa profissionalização do carnaval baiano, manteve-se no amadorismo salutar, com os seus organizadores limitando-se apenas a pagar as contas com o dinheiro rateado entre os associados, muitas vezes tirado do próprio bolso, já que tinham as suas profissões e os seus salários, e o bloco era apenas um hobby.


Na verdade, o povo era o verdadeiro dono, o principal personagem, a grande estrela da festa. Não havia destaques, os músicos se misturavam com os foliões e mesmo aqueles que tocavam em cima dos trios elétricos eram ilustres desconhecidos. Durante o ano, todos eles tinham as suas profissões, e no carnaval apenas se divertiam tocando nos trios elétricos. Exemplo disso é um fato curioso que ocorreu em 1960: o trio elétrico Dodô e Osmar deixou de sair no carnaval de Salvador, porque os dois se dedicavam ao exercício da profissão, o que não combinava com o carnaval, que era considerado uma diversão. Assim, a única idolatria que existia era pela magia da festa, das músicas muito bem elaboradas e daquele folião ou daquela foliã que despertava interesse e paixões.

O mundo já começava a conhecer o carnaval de Salvador, reconhecê-lo e respeitá-lo como a sua maior festa popular, vista através das redes de televisão.


Estava aí o gênesis de um grande negócio. Obedecendo ao tal ritual da colonização, os empresários, sempre ávidos por lucro, invadiram esse território da maior festa popular do Mundo, se apropriaram da sua cultura e do seu espaço físico, transformando os seus inventores e verdadeiros atores em espectadores e empregados.

O anzol do sistema fisgou o grande peixe com a isca da “geração de empregos”. Como resultado, um mundo de gente que criou essa festa, transformando-a num evento de inclusão social, sendo excluída vergonhosamente, transformada em “cordeiros”, “pipoqueiros” e afins.

Os músicos passaram a acompanhar as grandes estrelas criadas pela vitrine que a festa foi transformada, submetendo-se a duras jornadas de trabalho, muitos deles sem nenhuma segurança trabalhista.


O amadorismo despretensioso foi substituído pelos contratos milionários, submetendo os novos cantores/empresários a pousarem de garotos-propaganda de cervejas, eletrodomésticos, cosméticos e tantos outros, além de animarem programas de auditório de gosto duvidoso das redes de televisão, sem falar da quantidade de apresentações que são obrigados a cumprir num único dia, na sua maioria em localidades distintas, fora da época do carnaval. Os foliões, além de serem iludidos pela mídia que fatura em cima das suas imagens coloridas de abadás e danças que aprendem em uma semana nas academias, são literalmente espremidos dentro das cordas dos blocos, que lhes cobram fábulas para estourarem os seus tímpanos.

Os chamados “carros de apoio”, carretas que vendem bebidas e comidas dentro dos blocos milionários, tiraram o trabalho de centenas de barraqueiros, excluídos da festa pelos novos “proprietários”.


Os atuais “Camarotes”, outra invenção esquizofrênica desses industriais do entretenimento, atraem consumidores e celebridades de fora da nossa cidade, oferecendo “perfumarias” com nomes americanizados do tipo all inclusive, free bar, além de boites, DJ, salão de beleza e outras imbecilidades alheias ao carnaval.

Do alto desse éden da caretice, pode-se assistir “com segurança” aos desfiles das estrelas, que viajam em cima de carretas apinhadas de convidados das redes de televisão e carregadas de patrocinadores. A vítima maior, o nosso verdadeiro carnaval, jogado no lixo pela ignorância e ganância desses empresários, com a cumplicidade do poder público, igualmente ignorante.


Uma festa em que o trio elétrico um dia incluiu, ironicamente passou a excluir, sepultando uma história que as novas gerações desconhecem.


Será que podemos chamar essa festa de carnaval?

Só quem não conheceu e/ou não entende o seu significado pode chamá-la desse nome. Claro, alguém pode dizer que tudo tende a evoluir e isso não poderia deixar de acontecer com o carnaval.

É verdade. Longe de mim ser contra a evolução. Mas também é verdade que nem tudo que evolui muda para melhor ou que não tenha efeitos colaterais nefastos.

É verdade também que nos tornamos escravos do sistema e o carnaval não é a sua única vítima. Mas não posso concordar que continuem dizendo que é a “maior festa popular do mundo”, pois não é mais.


Felizmente no Guiness Book consta como “a maior festa de rua do mundo” e não popular, como a mídia costuma vender.


Também discordo que a continuem chamando de carnaval.

Isso é apropriação indébita do nome. Criaram um grande negócio usando o espaço público e um período que pertence ao calendário cultural da nossa Cidade, além de um nome que descreve uma manifestação popular, uma manifestação cultural, e por isso não pode ser apropriado pelo setor privado, com o objetivo de auferir lucro.

A Lavagem do Bonfim chegou a sofrer essa ameaça e quase foi extinta, não fosse criado o Bonfim Light (nome mais infeliz e preconceituoso do que esse, impossível) para atender a esses grupos que obtêm lucro à custa da exploração das novas gerações, induzidas através desse ridículo nome a não se misturarem com o povo.


Foi assim que acabaram descarnavalizando o carnaval de Salvador, transformando-o numa festa de exclusão social elitezada e imbecilizada. O que temos hoje é uma manifestação exclusivamente comercial, que chamam de carnaval. Eu não posso inventar uma bebida escura, cor de café, gaseificada, e chamá-la de Coca Cola, mesmo que tenha gosto bem parecido. Estão chamando uma festa com o nome de outra que não existe mais.

Ela evoluiu, é verdade, mas para outra festa que não é carnaval.

Tanto é verdade que esse mesmo evento acontece em diversas capitais durante o ano, fora do período do carnaval, com outros nomes. Por que não fazê-la também em Salvador fora do período do carnaval, e chamá-la de “Salvador Folia”, “Carnaval Light” ou “Pague e Pule”, e resgatar o nosso verdadeiro carnaval?

Difícil acreditar nessa possibilidade, o dinheiro fala cada vez mais alto e essa situação parece irreversível. Mas, por favor, ao menos mudem o nome dessa festa.


Deixem o nome “carnaval” apenas para lembrarmos daquela que foi um dia a maior festa popular do Mundo.


Haroldinho Sá.

domingo, 1 de abril de 2012

nova forma do fast-food

Depois de meter a bomba nas fritadeiras com óleo re-re-reaproveitado, servindo de fonte de calor para o cozimento de carnes, áves e peixes num só recipiente, não resisto à tentação de dar uma sacada nos tais restaurantes "gourmet" brotando aos borbotões por esse mundão afora.

Outro dia, Danuza Leão, colunista carioca, falou da decepção pessoal vivida em Paris.
A gastronomia parisiense já não era mais aquela, dizia ela... Explicou que grande número de restaurantes colocam cozinheiros para preparar itens do cardápio num regime que lembra Charles Chaplin em "Tempos Modernos".
Depois de guardar as "trocentas" porções em recipientes próprios para o forno micro-ondas no freezer, os chefs batem o ponto e vão para casa.
Na hora da onça beber água e o frequentador daquele restaurante gourmet querer comer, basta um ajudante de cozinha para por, enfiar e meter a comida pre-pronta por um minutinho no forno micro-ondas, espalhar um matinho por cima do filé, do salmão, do carneiro e pincelar ou pingar algum molho colorido no prato em torno daquela coisa sem cheiro ... e pronto.

Você, que não é cego nem nada, já deve ter visto sinais daquilo que a colunista descreveu.

Certa feita, num desses espaços gourmet fui premiado com um pedaço de plástico no meio da comida.
Lembrei-me disso quando li a matéria de Danuza Leão.
Nós consumidores merecemos isso? Alguns de nós com certeza!!!

Analisando o atual custo da mão de obra de uma boa cozinheira, de um bom cozinheiro e vendo os taverneiros do Bistrô PortoSol ralando na contramão disso tudo, preparando todos os pratos na hora em que o cliente pedir... sem apetrechos modernosos como processador, fritadeira e micro-ondas, entende-se a tendência gastronômica apontando para mais essa modalidade tipo fast food.

O duro é ter que aquentar o neologismo para lá de cabotino e eufemístico "espaço gourmet"!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Opressão assaz indigesta das fritadeiras

Outro dia, um cliente novato que não pode ingerir gluten de forma alguma, expressou o receio de que eventual comida pudesse conter resquícios de algum prato servido antes.

A que ponto chegamos?

Resignamos diante do arsenal de fritadeiras com óleo re-re-re-aproveitado???

Será que ninguém mais acredita que ainda haja taverneiros preparando comida à moda antiga, ou seja, cortando os alimentos com a faca e refogando-os na panelinha?
Os pratos servidos no Bistrô PortoSol podem demorar um pouco a sair, mas você pode ter certeza de saborear receitas austro-húngaras de séculos passadas, preparadas de modo exclusivo para você e em panelinhas lavadas cuidadosamente após cada uso!
Talvez seja cabotinice minha comparar nossa proposta gastronômica com a alta costura.
Até uma pizza é feita na hora, embora tenha a cara dos demais "rangos" fast-food tipo "prêt-à-porter.

No Bistrô PortoSol, os pratos são feitos "sob medida" para você!

domingo, 25 de março de 2012

Nossa viagem ao Chile 2012

https://plus.google.com/photos/100010770042924025435/albums/5723048823235035745

divirta-se, clicando no endereço acima.

abraços

Reinhard e Maria Alice
p.s. Os comentários pouco sérios são do taverneiro Reinhard. Por favor inclua Maria Alice fora disso. ;-)

pps. Por favor fechar os olhos diante dos meus erros de ortografia. Faltou tempo para a revisão!

segunda-feira, 19 de março de 2012

por estadas chilenas...



É da natureza do turista voltar de viagem com a boca cheia de impressões, comentários e opiniões.


Comigo não poderia ser diferente, apesar de ter apenas 1 ( hum ) comentário de certa relevância a fazer sobre o Chile.


As estradas chilenas são nota 10!!!

O asfalto lisinho até no último cafundô convida você a passear, dirigindo sem cansar por aquele tapete mágico.

Sem falar do trânsito em Santiago, nem dos passeios excelentes para caminhar, para sentar diante de uma taverna...


Em alguma matéria escolar ouvira falar de uma tal "solidariedade recíproca". Relação sadia entre elite e povão. Algo, que a maioria de nós deve ignorar por completo, já que neste nosso país é difícil sentir traços de alguma solidariedade recíproca".(1).

Um exemplo bom de "solidariedade recíproca" percebe-se na feitura e manutenção das estradas do Chile.

Um exemplo bom de "solidariedade recíproca" percebe-se na ação ostensiva por parte do governo chileno de cuidar das estradas.

Todo chileno e também o turista mais cego vê e compreende esse gesto democrático.

Boas estradas para todos!(2) Pelo menos entre Santiago e Puerto Montt e arredores.

Asfalto lisinho e sem defeito para todo povo! Para os que andam de automóvel novinho, como para os que dirigem carros mais antigos. Para os que passeiam, como para os que levam sua produção para o mercado... Também não é a toa que o Chile tem uma equipe notável de ciclistas.


Pois é, o asfalto das estradas chilenas mata de inveja qualquer um de nós!

Mal cheguei de volta a Salvador e já enfiei a roda de meu carro num buraco... num bairro nobre como a Graça.

Nosso asfalto, comparado com o do Chile, é uma porcariazinha!

Minto!!!

No início do primeiro mandato do atual prefeito, puseram um asfalto tão bom na Rua Barão de Itapuã, Porto da Barra(3) que até hoje se encontra num estado razoavel.

Antes daquela intervenção do João Henrique, o trecho entre a orla do Porto da Barra e a AAB vivia esburacado. Pudera, por lá passam uns trocentos ônibus por minuto. Volta e meia vinha uma caçamba e uns servidores jogavam massapé nos buracos. No dia seguinte vinha outro pessoal pincelando um asfaltinho mentiroso por cima daquilo.Três dias depois, a buraqueira havia renascido, mostrando as velhas crateras lunares. O atual prefeito acabou com esse sofrimento!Agora há umas depressões, mas o asfalto resistiu! Ponto para o João!

Ponto para o João Henrique e para nós a certeza de haver jeito para nossas ruas!

Basta por um asfalto bom e de gente grande como na Rua Barão de Itapuã e nunca mais teremos de ouvir a conversa mole tipo:

"Temos de esperar parar de chover para iniciar a ação tapa buraco"!(4)


abraços gastro-etílicos


einhard Lackingero

taverneiro do Bistrô PortoSol



(1) no lugar de uma "solidariedade recíproca" parece haver um ruidoso "dane-se"!

(2) Quem não quiser pagar pedágio na Ruta A5, tem outras alternativas excelentes. Que nem aqui na Bahia, né?

(3) Rua mais curta da Barra.

4) Com a mão de obra bem mais cara do que há uns 10 anos, vale a pena rever certos conceitos e usar asfalto de melhor qualidade!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cultura europeia em perigo!?

O ministro de interior da França falou recentemente da necessidade premente de defender a cultura europeia.

Valores como liberdade, igualdade e fraternidade devem merecer prioridade perante valores islâmicos por exemplo, onde a mulher ainda é considerada ser humano de segunda linha.

Ele ainda citou a tirania e outros parâmetros culturais tidos como medievais.
Justo, muito justo, não é?
Por que será que eu acho isso tudo um tremendo papo furado?
Vejamos por exemplo aquela coisa de "liberdade, igualdade e fraternidade".
Liberdade, igualdade e fraternidade" para quem cara pálida?
Essa "liberdade, igualdade e fraternidade" algum dia atravessou o mar mediterâneo para chegar à Argélia, à Tunísia e arredores?
Pergunte ao pessoal de Oran/Argélia o que acha disso!

Estarei tão errado ao achar as declarações daquele ministro francês um papo de um roto falando de um esfarrapado?

Ademais, não há cultura sem o conflito saudável que o encontro de costumes diversos cria e alimenta!
Não há cultura sem o encontro e a fusão de diferentes etnias.
Nós já conhecemos o resultado de querer evitar qualquer forma de missigenação, não é?
Ou será que já nos esquecemos do desastre que foi querer formar um povo puro de olhos loiros e cabelos azuis?

Reinhard Lackinger
há 44 anos vivendo o conflito saudável e o choque cultural óbvio de qualquer estrangeiro

Lançamento do livro LOVE-FOOD

Clique no link abaixo e confira imagens do lançamento BOOKLINK/Bistrô PortoSol do livro Love-Food, abrindo o apetite para o amor.

O livro poderá ser adquirido no Bistrô PortoSol ou através do site da BOOKLINK Editora http://www.booklink.com.br/ impresso ou em formato digital.

Fotos e Album feito por Marcelo Abbehusen

É só clicar em alguma foto, avançar ou retroceder. comigo funcionou. hehehe comentário de idoso!https://picasaweb.google.com/lh/sredir?uname=mabbehusen&target=ALBUM&id=5703991867085201665&authkey=Gv1sRgCJzoyJ-L1OmXqAE&feat=email

Quero aproveitar a oportunidade para agradecer a todos que prestigiaram esse evento, compraram meu livro e ainda me deram presentes de aniversário.

Reforçarei o agradecimento na próxima vez em que vier jantar em nossa taverna temática www.reg.combr.net/bistro.htm hehe

abraços

Reinhard Lackinger
o taverneiro austríaco

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Love-Food é outra coisa!





Vê se isso não é mais uma incongruência dos países ricos:

Lá fora e no primeiro mundo os consumidores dão cada vez mais valor a verduras orgânicas e aos ovos postos por galinhas felizes, ou seja, os bichos, antes de por ovos, dar leite ou serem abatidos, não podem mais ser confinados em gaiolas sem espaço para se movimentar nem luz do dia!

Agora repare só em que locais essa gente se enfia para comer!
Praças de alimentação ruidosas, filas de comida a peso, restaurantes tidos como chiques, com comida padronizada num ambiente que lembra um estábulo de bichos premiados prontos para o desfile.

Há quem prefira frequentar tavernas com pratos elaborados artesanalmente, num ambiente descontraído e ordeiro, sobrando sempre um tempo para um dedinho de prosa.

Espaços desse tipo são cada vez mais raros.
Uma dica:
Bistrô PortoSol, onde se pratica o tal LOVE-FOOD! Basta ultrapassar o equator do linguição e se aventurar nas demais produções culinárias dos taverneiros Reinhard e Maria Alice.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Barulho do Baralho



- Há barulho normal ou inevitável -, disse R., o novo paciente do manicômio judiciário.
- Há ruídos que são inevitáveis e outros tantos perfeitamente evitáveis - explicou.
- Já morei próximo de indústrias. Havia uma linha de trem passando a menos de vinte metros de meu quarto. Eu conseguia contar o número de vagões só pela mudança do som das rodas batendo nas emendas dos trilhos. Era barulho inevitável e normal. Não me assustava, nem me tirava do meu sossêgo, o meu sono.

Se eu tivesse estudado psicologia, entenderia a razão pela qual o indivíduo não se assusta com ruídos normais e inevitáveis.
O som que o vento produz ao agitar as copas das árvores, ou o mar, quebrando as ondas na praia, nos rochedos. Nem o barulho dos automóveis com silenciosos intactos e ônibus com os freios regulados assustam. Alguns motoqueiros saem da linha. O resto é burburinho normal da rua. Não assusta! Não coloca ninguém em estado de alerta! Pelo contrário, acalenta!
Já passei noites em claro, sofrendo a ausência de ruídos. Estava em viagem e cansado por ter dirigido o dia inteiro de Paris até Kopfsberg bei Iggensbach. Mais de 1.000 km ao volante e depois meia dúzia de canecas de cerveja durante o jantar, antes de cair nos edredons.
A falta de barulho me despertou. Eu olhava pela janela e para a noite gélida, observando a beira da mata alemã. Ainda não era hora de algum gamo ou veado sair da "madeira" para pastar e se deliciar na grama cheia de orvalho.

O cérebro humano seleciona os ruídos. Barulho normal, ou seja, o som que não oferece perigo, recebe "um visto permanente", uma licença e um sinal verde.
Por outro lado, qualquer ruído anormal e fora do script, o som, onde deveria ter uma pausa, arranca o indivíduo do sossêgo e catapulta para um estado de alerta total.
Os que estudaram a mente humana chamam o estado mental da pessoa que sofre constantes interrupções do sossêgo por ruídos fora do comum ou evitáveis de stress! "Poluição sonora deixa a gente maluca", diz o Dr. Mittagsruhe, diretor desta instituição -, disse R., o novo paciente do manicômio judiciário.

- Como vigia noturno acostumei-me com os ruídos normais da rua, do trânsito, do burburinho da vizinhança, conseguindo dormir de dia. Pelo menos até aquela hora no meio da tarde, quando costumava passar o miserável do vendedor de pão com a desgraça da buzina! Aquele estrondo não era inevitável e sim pefeitamente evitável, além de ilegal! Há uma lei do Controle da Poluição Sonora que diz claramente que é proibido acionar uma buzina com a finalidade de chamar alguém que mora no decimonono andar do prédio, despertando toda a vizinhança, menos o comparsa do buzinador. Já falei para ele vir até a portaria e usar o interfone e já me prontifiquei em interfonar para o ap. 1904, mas o buzinador me olhou como quem olha para uma sinaleira com o parabrisas embaçado.
O buzinador motorizado não me estressava! Quando ele passava, já estava no trabalho.

O meu problema era filho da mãe do vendedor do pão. Já pensou ser arrancado todo dia do sono profundo por uma corneta do inferno tipo carreta Scânia? Nem em estádio de futebol usam geringonças potentes como essa.
Fui falar com o dono da "biboca" de onde saem os vendedores de pão, empurrando carrinhos de mão com enorme cesto coberto por uma lona listrada de azul e branco. Expliquei a minha condição de vigia noturno, dizendo que era despertado todo santo dia pela corneta pneumática montada no carrinho de pão para chamar a clientela de todo bairro e adjacências. Falei para o vento. Nada mudou.
Voltei até aquela portinha que originalmente era uma garagem e perguntei se ele, o don, me dava uma nota fiscal se eu comprasse alguma coisa na mão dele. Não havia nota fiscal e eu não consegui nenhum nome do estabelecimento para denunciar na delegacia.

- Agora você entende o porquê eu estar aqui -, disse R., o novo paciente do manicômio judiciário. - Se eu lhe puder dar um conselho -, finalizou R., o novo paciente do manicômio judiciário. - Procure tolerar todos os barulhos inevitáveis ou não, toda toda sujeira e toda desordem nesta cidade. Tente com fé... pelo menos até o fim deste ano! Caso contrário você vai ficar maluco que nem eu e passar o resto de seus dias nesta instituição! -

Napoleão Bonaparte

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Toda e qualquer forma de cotas é injusta!
Toda e qualquer ação afirmativa nasce de pé quebrado!
O que não é justo, é deixar o preto pobre e eterno desvalido com o mico preto na mão!
O que não é justo, é deixar o preto pobre e eterno desvalido sozinho na chuva segurando a bomba da desigualdade social, criada na época do Brasil feudal e mantida até hoje de forma velada!

Todas e quaisquer ações afirmativas têm uma única razão de ser: a de democratizar esse conflito! A de revelar, materializar e dividir esse antigo conflito por toda a sociedade.
Estou convencido de que em 10 anos ninguém falará mais em cotas para estudantes, nem para empregos no serviço público!
Estou convencido de que em 30 anos não haverá mais bolsa família nos moldes de hoje!

Dirigindo hoje pela manhã pelas ruas da cidade baixa, tive uma revelação!
O mesmo raciocínio que acabo de descrever se aplica aos folgados desta cidade! Hoje, quem paga sozinho a conta da bagunça reinante em Salvador é o cidadão correto e respeitador da lei e da ordem, o condutor de veículo que dirige, observando o que aprendeu na autoescola, tendo consideração com demais motoristas.

No dia em que o serviço público resolver trabalhar para o bem da coletividade e punir os folgados, os motoristas inescrupulosos, que se acham no direito de transgredir, pensando estar dirigindo na roça deles, e multando todos que agem contra a coletividade, o cidadão correto não pagará mais sozinho pela conta social!
Basta por um i-phone na mão de cada homem fardado e ensinar a ele aomo usar esse trem para multar os folgados!
Haverá num primeiro momento uma enorme receita ( das multas cobradas ) para melhorar o serviço público como um todo!
Haverá também um alívio
Violência não principia só quando um sujeito saca uma arma de fogo ou uma p
eixeira!
Desordem, sujeira, bagunça e pecados no trânsito são embriões da violência! Esse e-mail vou mandar para o meu candidato a prefeito de Salvador!

Reinhard Lackinger