terça-feira, 15 de novembro de 2011

Novembro Negro

Fico pensativo, quase depressivo toda vez que se aproxima o dia da consciência negra!
Pior, tão certo como o amem na oração, nessa ocasião vem sempre alguém dizendo que Salvador é o maior reduto negro fora da África!
O que será que querem dizer com isso?
Será que querem afirmar que nós podemos-nos orgulhar dos "trocentos" quilômetros quadrados de pele negra de nosso povo?
Logo, logo vem o carnaval e o concurso da Deusa de Ébano, com a vencedora balbuciando as palavras mágicas obrigatórias: "negritude e ancestralidade.
Enquanto isso há quem repita à exaustão que a desordem, a bagunça de nossa cidade é culpa do negro pobre da periferia!
Nessa hora estou com a pressão arterial de 45 por 13 e a caminho da UTI mais próxima!

Consciência negra para mim é outra coisa!
Consciência negra para mim é afirmar entre outras coisas que ser negro em Salvador não é nenhum mar de rosas! Muito pelo contrário!
Justamente aqui na Bahia o lobby da casa grande e de uma pretensa "zelite maomeno branca" são fortíssimos, contando com o poderoso apoio de Hollywood e da televisão nativa!

Vejamos, se antigamente era glamouroso imitar atrizes e atores de cinema, fumando cigarros, a garotada soteropolitana de hoje adora imitar os trejeitos um tanto negligentes e desdenhosos de sinhozinhos e sinhazinhas, de coronéis e cadetes anacrônicos.

É claro que isso é apenas mais uma maluquice minha! A loucura de um austríaco de alma negra, enxergando nessa imitação uma suposta perda de identidade do negro!
Será que existe negro de alma branca?

Se o nosso tecido social está meio amarrotado e esfarrapado, acho bom a gente procurar a razão na casa grande, não na senzala!

Quem tiver algum interesse, que procure conhecer o modo de vida e a religião dos africanos outrora escravizados na Bahia.
Quem tiver algum interesse por cultura e religião de matriz africana, vai descobrir ordem, conhecimento e respeito no trato com o próximo!
Vai perceber a riqueza de cuidados com a cultura, com a comida, cada uma sendo preparada entoando cantigas próprias, distinguindo comida de azeite, de carne e comida seca, ou seja, de folhas e grãos. Conhecimentos que engrandecem a Bahia!

Consciência negra para mim é cultivar essas raízes a começar pelas saudações, o respeito e o cuidade ostensivo para com o outro, com a memória dos ancestrais!

É o que eu gostaria de dizer para a nossa garotada nesses dias que antecedem o dia 20 de novembro.(1)
É o que eu gostaria de dizer neste novembro de 2011, meio século sem negros importantes como Frantz Fanon e Patrice Lumumba.

alãafiá fun gogbo ará dúdú

Reinhard Lackinger
onileounjé ni Bistrô PortoSol(

1) Se houver clima, diria ainda que nossas raízes não estão na Jamaica e sim na África ocidental e equatorial... e que apesar de gostar do reggae e não tolerar o pagode, nossas raízes estão no samba de roda!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Série global sobre comida japonesa

A comida japonesa pode não agradar a todos, mas tem um detalhe importante: ela mostra como aproveitar ingredientes simples e com aspecto um tanto exótco.

Alimentos, que outras culturas simplesmente desprezam, considerando-os impossíveis de trabalhar, os japoneses transformam em pratos saudáveis, com apelo visual deslumbrante.

Na verdade, não entendo nada da culinária do sol nascente.
Entendo sim da felicidade estampada no rosto de quem come gostoso!

Assistindo outro dia à matéria da Globo sobre a comida de Kyoto / Japão, não posso afirmar ter visto alegria no rosto do repórter global Roberto Kovalick ao experimentar um peixe (1) espinhento pra dedéu!
O que eu vi no semblante dele foi apreensão e o desejo premente de que o câmera desligasse a porcaria da máquina dele!

(1) O idioma japonês tem várias palavras oriundas das línguas ibéricas. "Copo", por exemplo. Presume-se que o primeiro biriteiro naquela terra era brasileiro... ou "Pan". Imagino que primeiro padeiro no japão tenha sido um galego. Finalmente Peixe em japonês é "Sakaná". Devem tê-lo chamado assim depois de comer o tal pescado espinhento que Kovalick encarou outro dia.
Mais uma maluquice patrocinado pelo taverneiro Reinhard do Bistrô PortoSol,onde se come gostoso sem sacanagem! hehe

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

GPS.. e o que mais vão inventar!




Idoso como eu, há décadas venho testemunhando a própria obsolescência.

Sou de uma época, em que certas profissões exigiam força muscular. Quem era fraquinho demais para pegar no pesado, virava confeiteiro, barbeiro ou alfaiate. Por outro lado, ferramenteiro, serralheiro e ferreiro tinha que ter habilidade manual.

Isso tudo acabou, ou quase.


As máquinas operatrizes com comando numérico fazem o produto acabado, sem necessidade de qualquer ajuste.

Hoje, o computador faz praticamente tudo. Aquela máquna de escrever, que imprimia o texto enquanto a gente digitava, desapareceu logo depois daquela calculadora Facit, pesando uns 15 quilos.

Já em 1975, prevendo calculadoras cada vez menores, e sabendo não ser possível diminuir o dedo, projetei um dedal com uma ponta fina, capaz de digitar os números certos até em calculadoras japonesas pequeninas. Sofisticação desse meu projeto hilário era a maneira de como fixar o dedal na ponta do dedo. Previ um parafuso de meia polegada de diâmetro com rosca grossa e cabeça sextavada, apertando justamente a unha do dedo indicador.

Tudo isso é neve de invernos passados! Atualmente, habilidade com extremidades, boca e língua, só jogador de bola, acrobata, músico, e cozinheiro. Perdão, esqueci a bunda da dançarina de axé, parangolé e funk.

Idoso como eu, vê toda essa evolução com certa reserva. Há quem veja em todos esses brinquedos eletrônicos uma perigosa armadilha e um caminho irreversível para a solidão humana!

Ouvi falar de games imitando a realidade, bem como de uma nova geração, que não larga o controle, o joy stick durante horas e mais horas, passando dias e noites sozinha diante do computador, conectada com o mundo através de facebook e outros ambientes virtuais, assistindo a filminhos do Youtube.

Ninguém mais escreve, manda, aguarda ou recebe cartas de alguém distante. Os amigos, que viajaram outro dia para o exterior, diariamente enviam fotos e filmes através do notebook, falam pelo skype, passeando com a câmera pelo quarto do hotel, mostrando a vista que têm da janela. E por falar em hotel, foi o GPS que os guiou até a porta.


Idoso como eu tem dificuldade em aceitar essas novidades eletrônicas. Eu olho para as fotos lá da Europa e vejo muito asfalto, muito passeio e poucos automóveis e ainda menos transeuntes. Muita urbanização para relativamente pouca gente.

Se na época em que meus familiares austríacos ainda estavam vivos, cada um morava só nos quatro paredes, imagine agora.

A certeza social, fruto de mais de meio século sem guerra, fez com que o cidadão pudesse viver tranquilo numa bolha invisível, não tendo que falar com ninguém, muito menos precisando defender o seu espaço de gente folgada!

As pessoas vivem só e morrem só! Uns são achados apenas em avançado estado de putrefação, vários anos após a morte. Não pelo fato de algum parente, amigo ou vizinho desse por falta, mas porque a correspondência acumulada diante da porta do sujeitro ameaçava impedir a passagem dos vizinhos.


Agora, depois de toda essa parafernália eletrônica, condenando as pessoas à solidão, vem ainda o maldito GPS.


Idoso como eu, também fica tempo demais diante do computador, mandando e-mails tipo "mala diretga sem alça", achando que assim cativa pessoas, fazendo com que venham até o mundinho de pensamentos dele, quem sabe, até ao Bistrô PortoSol.

Se há alguma geringonça eletrônica que não pretendo usar jamais, essa é o GPS. Não porque julgo ter algum conhecimento de geografia, mas porque gosto de perguntar aos transeuntes, às pessoas à beira das estradas. Interagir com estranhos em terras estranhas faz parte de minha maneira de viajar. Minha mulher Maria Alice, graças a Deus, embarca nesse passeio.

Fiquei sabendo que essas facilidades eletrônicas não são completamente seguras e que diversos condutores de veículos equipados com GPS acabaram num riacho ou num caminho lamacento entre plantações de beterrabas e milho.

Também tenho tido problemas ao perguntar pela direção certa. Viajando na época dos conflitos sangrentos na antiga Yugoslávia por países como Alemanha e Áustria, de 10 pessoas que perguntei, 13 responderam com forte sotaque do Leste Europeu, lamentando não poder ajudar. Era difícil achar algum nativo na rua. Pareciam todos embiocados em casa diante do novo televisor digital. Curtindo um passeio ao ar livre, aparentemente só bósnios e outros refugiados dos balcans. Eles pareciam adorar poder caminhar pela natureza, sem o receio de pisar numa mina terrestre.


Taverneiro idoso que sou, fico tempo demais diante do computador, redigindo baboseiras como essa, mandando e-mails e colando textos mais ou menos sérios no meu blog, porém pela manhã, você me vê correndo atrás de ingredientes e de terça feira a sábado, a partir das 18:37h passo horas a fio sem computador, interagindo com minha querida clientela do Bistrô PortoSol e espantando não-clientes! hehehe



Reinhard Lackinger

o taverneiro do Bistrô PortoSol

sábado, 8 de outubro de 2011

Médico ou Monstrengo. A raíz do custo Bahia!

- Eu me recuso a chamar baiano de folgado ou mal educado -, disse Prof. Dr. Shmuel Gefiltfish y Mazzes, que voltou ontem ao Bistrô PortoSol. - Parte significativa do povo baiano não É mal educado nem folgado!, repetiu ele enfaticamente. - Preste atenção no que estou dizendo! Essa gente ESTÁ folgada, ESTÁ mal educada e ESTÁ espaçosa! Pense num resfriado, que pode ser curado... Ou melhor, pense em Mr Hyde no drama "Médico e Monstro". Basta o malvado Mr.Hyde tomar aquela beberragem, aquele antídoto, para voltar a ser o respeitável Dr. Jekyll.-

Primeiro andei procurando pelos ingredientes baianos daquela droga, capaz de fazer com que um médico decente se transformasse num monstro, ou seja, transformar um cidadão baiano consciente e "porreta" num "sacaneta" folgado e mal educado -, disse Gefiltfish y Mazzes. -

Ainda estou no início de minhas pesquisas, porém tive uma revelação surpreendente! Em vez de achar a resposta nos "pretos pobres da periferia", isolei o provável princípio ativo daquela droga infernal em calças de veludo usadas há 400anos.
Analisando vestígios de cocô daquelas marcas inconfundíveis tipo "rastro de freio de pneu" numa dúzia dessas calças de veludo, colhi traços indeléveis de soberba, empáfia e arrogância.
Agora preste atenção! Se uma pessoa boa, mas simplória e de miolo mole, achar bonita e glamourosa a postura arrogante de quem usava calça de veludo, vai tentar imitar essa empáfia, essa soberba, esse olhar de desdém... Teremos então uma caricatura da sinhazinha, do sinhozinho e a resposta para o comportamento desastroso que costumamos ver nas ruas e também nos salões.
Até um pobretão, com a bunda de fora, anda imitando os trejeitos desdenhosos de um dono de engenho e escravocrata anacrônico, adorando transgredir e sujar o ambiente, como se todas as pessoas ao redor fossem escravos dele, encarregaos de limpar todas as travessuras, para não falar em cagadas. Um quadro ridículo, mas extremamente enervante e desgastante. É o nosso "Custo Bahia"!-.

- E o antídoto? -, perguntei.-

- Não sei! Talvez baste por um espelho na cara desses monstrinhos intermitentes! -, disse Prof. Dr. Gefiltfish y Mazzes, pegou o cardápio e começou a folhear.

ProstReinhard Lackinger
www.reg.combr.net/bistro.htm

domingo, 11 de setembro de 2011

Cultura? Que diabo é isso?

Tentando por alguma ordem no que penso acerca de cultura, me vêm à mente as diferentes formas que o ser humano tem achado para se virar em cada ambiente, em cada canto neste planeta.
Relevo do solo, rios, beira mar e praias, clima, recursos naturais, terremotos e tsunamis, inundações e secas têm norteado os indivíduos, criando padrões de comportamento. Um marujo enxerga o mundo de uma forma, um montanhês de outra. Quem foge da falta de comida, mais cedo ou mais tarde terá que enfrentar a disputa com quem chegou primeiro ao oasis de terra fértil.

Muitos de nós experimentam culturas diferentes apenas como uma fantasia carnavalesca. Alguns chegam a vestir sarongues, quimonos ou caftans tão logo descem do avião em Bali, no Japão, no Marrocos e só os tiram do corpo, depois de voltar triunfantemente para casa em Coração de Maria, em Xorroxó, ou em Santana do Carirí.

Penso que ser culto significa compreender o modo como estranhos se comportam, aceitando as respectivas diferenças ( esquisitices ) e saber conviver com elas.
Quem estiver disposto a encarar essa aventura, logo logo ai tropeçar numa pedra enorme: o idioma!
Como toda e qualquer sociedade é composta tanto de pessoas cultas, interessantes e de boa índole, quanto de plebe ignara, cretinos e indivíduos de sangue ruim, só há uma maneira de achar o interlocutor ideal: tentando falar com ele.
Nem sempre o inglês resolve. Tem gente interessante em Ouagadougou, em Kopfsberg bei Iggensbach ou em Lujan de Cuyo, que não fala inglês... e mesmo toda fluência neste idioma universal nem sempre garante a compreensão do outro. Lembro do exemplo do poeta Katsimbalis em "O Colosso de Maroussi" de Henry Miller, afirmando que os "causos" dele só podiam ser contados em grego e jamais traduzidos para o inglês...

Há quem fale rudimentos do idioma alheio. Essa pessoa achará o máximo, conseguir comunicar-se mesmo com uma pessoa nativa simples e de pouca cultura. Falar do tempo, de um quilo de batatas ou pedindo mais uma geladinha, já é muita aventura para uns.
Neste estágio, os habitantes de um país vizinho da Áustria levam uma enorme vantagem. E fácil entender o que eles dizem, já que habitualmente a conversa deles gira em torno de quantidades. Eles falam com naturalidade da segunda maior cidade do estado, onde fica a quarta maior torre de igreja do distrito e um estádio para 34.379 espectadores. De lá até a maior cidade do país são exatos 137km e o automóvel deles, um Volkswagen, gasta 6,32 Litros para percorrer 100 quilómetros. Não importa a língua em que Franz Mustermann vai contando isso. Qualquer pessoa entende a narrativa dele. Não há conversa mais agradável para quem sofra de insônia e que tenha um saco do tamanho de um rinoceronte negro da Tanzânia.

Esse mesmo Franz Mustermann se depara com outra cultura, ao fazer turismo. Morando e trabalhando num país, onde na maior parte do ano faz frio, chove e neva, obrigando-o a usar botas com sola antiderrapante, ceroulas, meias e gorro de lã, casaco e capote, ele deseja passar as férias num lugar praiano com muito sol, "cerfecha" e "caipirrrinhaa", enrolando-se com umas putinhas e uns vagabundinhos, dispostos a descolar uma graninha em troca de algumas macaquices e, quem sabe, outros favores não tão inocentes assim.
Como Franz Mustermann, além de poucas palavras em português só sabe pensar de forma linear, logo logo chega a concluir que toda sociedade baiana está no mesmo nível cultural daquela garotada da praia. Que há em Salvador, na Bahia e no Brasil pessoas cultas, preparadíssimas e de boa índole, ficará transparente para esses "Franz Mustermann da vida", para "Ferenc Nemeth" e para Francesco Tedesco" e outros visitantes interessados apenas no sol, na praia e na muvuca.
Por falar em Franz Mustermann... Conheci uns analfabetos nativos com conversa bem mais interessante do que muita gente com um currículo enooorme!

Com nossa infraestrutura física e cultural destruída, arrebentada e esquecida, a chance de se ter por aqui um turismo de qualidade e rentável é praticamente nula!
Ninguém vai conhecer a verdadeira riqueza cultural que há nesta nossa terra!!!
A cultura que oferecemos aos turistas - que vêm a Salvador - se resume numa lata de "Iskó" gelada, numas bundas remexendo ao som de pagode e parangolé e numa chupança de beiços alheios ao som de trocentos trios elétricos.
Para alguns, tá muito bom assim! Desse jeito ganham uns bons trocados... e a cidade que se dane... os cidadãos também!

Pior é a cultura das nações mais ricas do planeta!!! Pior para os países, que esses todopoderosos resolvem bombardear até destruir tudo, inclusive a cultura, para depois reerguer nos moldes que lhes convém, impondo a cultura do mais forte e, quem sabe, mais cretino. Tenho acompanhado isso, assistindo televisão, lendo jornais pela internet.

Falando em cultura... até o espaço enorme e a visibilidade imensa que nossa mídia dá a bandas horríveis com músicas bobas e com letras cacofônicas é impressionante!
Nossa cultura é isso?
Nossa cultura se resume no axé e nesse neo-panteismo trioeletrizado com sacerdotes e sacerdotizas berrando para dentro de microfones e se requebrando em cima de palcos móveis ou fixos, com uma liturgia previsivel e grotesca, tipo mãos para cima, bunda para trás???
É claro que não!
Temos mais bala na agulha em termos de cultura baiana!!!
Afirmo isso porque tenho a sorte de me relacionar com gente baiana culta e nobre desde quando cheguei em Salvador há mais de 40 anos.
É exatamente essa gente que frequenta o Bistrô PortoSol. Pessoas, que um dia já moraram e estudaram no exterior, tendo tido contato com outras culturas, não se incomodando com eventuais esquicitices de um taverneiro montanhês ligeiramente rústico, permanentemente obrigado a defender o espaço dele de pessoas pouco ou nem um pouco acostumadas com tavernas temáticas com culinária austro-húngara, confundindo um espaço ordeiro como o Bistrô PortoSol, onde há 10 anos se pratica love food de forma artesanal, com um boteco de praia!.

Outro dia falarei mais do love food, que acaricia o paladar, enche a barriga, ao passo que desperta o apetite para o amor!!!

Prost Mahlzeit

Reinhard Lackinger
o taverneiro do Bistrô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pequenas ações, grandes presepadas

Sugeri uma forma diferente de reagir diante dos problemas que nos afligem, por não sentir muita firmeza nas inúmeras manifestações que entulham o meu cérebro e o meu coração.
Eu já não acredito mais em passeatas, em abraços simbólicos, em revoadas de pombinhos soltos por gente vestida de branco nem de preto, nem em cruzes cravadas nas areias de Copacabana. Não acredito em mega-eventos, enquanto a gente se engasga com trocentos pequeninos detalhes de desordem pública diante do nosso nariz.
Detalhes, que chegam a inviabilizar por exemplo a construção de hotéis de luxo no bairro mais charmoso de Salvador e ao longo do famigerado circuito carnavalesco Barra-Ondina, onde tudo conspira a favor de camarotes e da muvuca rasteira e ordinária, e do turismo pé de chinelo!

Acredito sim na célula de cada um! Minha célula é composta por familiares, amigos e vizinhos, colaboradores e destinatários de minhas "malas diretas sem alça"!
Sugeri apontar os erros de quem se acha no direito de transgredir a lei, de bagunçar e subverter a ordem pública... nos passeios, nas ruas, nas praças, nas praias, nas filas de supermercado, no estacionamento, no shopping center e onde tiver pessoas sofrendo agressões por quem quer levar vantagens espúrias na marra.

Vários internautas me disseram que isso é utópico e que não dá para apontar um erro de um infrator, nem que seja com voz de anjo, em tom amistoso e com toda vaselina.
Infrator é gente ruim e a possibilidade de um individuo indignado e reclamão levar um tiro é enorme!
E se a gente conseguir transformar um gesto individual numa ação coletiva? Uma arma de fogo tem apenas seis a oito balas... hehehe
Diante dos olhos de minha imaginação há centenas de indignados com a ousadia de um bagunceiro, enquadrando-o numa boa! Outros, se fingindo até então de morto, vêm correndo, engrossando as fileiras... assim espontâneamente... e de repente a gente está com moral de peitar aqueles que se julgam donos do Brasil!

Reinhard Lackinger
P.s. Amanhã vou comprar cartolinas vermelha e verde para recortar cartões em forma de careta. Cara vemelha com os cantos da boca curvada para baixo, para mostrar para quem quiser ver, o que eu acho de determinada transgressão. Cara verde risonha para quem recolhe o cocô do carchorrinho e o leva embora... o cachorrinho e o cocô!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Manifestações diferentes, mas permanentes

Corrupção não é coisa só do Brasil!
Até nos países sacrossantos da Europa há patifes se beneficiando de informações privilegiadas, há gente corrompendo e se deixando corromper...
Mas ai de quem é pego! Vai pro ostracismo para sempre, além de ir para a cadeia!
Falo de países, onde o próprio povão se encarrega de repreender eventuais malfeitores.
Quem cometer o menor deslize, é condenado de imediato pelo público e se sente tão mal, que vai pensar três vezes, antes de fazer o que não deve.

No Brasil vamos fazer grandes manifestações! Tem mais uma sendo organizada. Maravilha!Imagino caras pintadas indo para as ruas e praças como na época das Diretas Já!

O meu cérebro prejudicado intelectualmente sugere uma manifestação um pouco diferente... e... permanente!
Que tal a gente passar a apontar, identificar e repudiar de forma civilizada e educada, porém ostensiva, quaisquer atos de transgressão à lei, por menor que seja, como...
- estacionar o veículo em vagas para idosos, gestantes e deficiêntes
- dar roubadinha e contra-mão nas ruas- dar fechada com o celular na orelha
- jogar lixo pela janela do carro- jogar lixo fora de recipientes apropriados e fora da hora da coleta
- agredir os outros com som exageradamente amplificado
- urinar para onde o pinto apontar
- infringir quaisquer normas da convenção de condomínio
- furar filas- tentar levar quaisquer vantagens- sonegar impostos, ignorando a Nota Fiscal
- jogar cestinha de supermercado com as alças dobradas, impedindo que o próximo consumidor possa encaixar a cestinha dele
- retardar uma ação - fazendo cera - fazendo com que outros percam tempo inutilmente
- complete você mesmo esta lista!
Já imaginou, se a gente começar a ter uma postura de repúdio a todo tipo de ação de gente folgada e bagunceira, formando um exército de vigilantes, não deixando passar mais nenhuma transgressão à lei, por menor que seja?
Na boa, elegantemente, sem violência verbal, de forma educativa!!!Sempre frisando firmemente, que quaisquer transgressão é um embrião da violência!!!

Indo para a tal manifestação Anti-Corrupção, se a gente não se dispuser também em combater as menores corrupções e picaretagens de nosso quotidiano, corremos um sério risco de sermos chamados de presepeiros!
É o que me ocorre neste dia 7 de setembro
Penso que a gente só se sentirá verdadeiramente independente dos corruptos, se combatermos a corrupção nas mínimas coisas!!!

sábado, 3 de setembro de 2011

eu conspiro, tu conspiras, nós conspiramos




A palavra "conspiração" era para mim algo que cheirava a máfia, a grupos de pressão e políticos fisiologistas de alguma bancada ruralista ou evangélica, na melhor das hipóteses clubes fechados com propósitos humanistas... até o dia em que ouvi um monge tibetano dizer que Budismo significa "conspirar a favor da vida"!

Cuidando de 44 metros quadrados do bairro da Barra e de um restaurante temático de culinária austro-húngara no Porto da Barra em Salvador, conspiro a favor deste nosso charmoso bairro... tão maltratado e esquecido pelo poder público.Venha você também conspirar junto, frequentando o Bistrô PortoSol




Reihard Lackinger

domingo, 21 de agosto de 2011

sobre anular o voto

Baba de criança.
Dois garotos formam os respectivos times entre os jogadores presentes. Eles escolhem alternadamente os que acham melhores, até os dois times estarem completos e em números iguais.
Funciona assim no mundo inteiro.
Agora imagina se um dos dois garotos se abstiver e não escolher ninguém.
Não haveria baba!
A vida pública é assim também! Um eterno baba. Não podemos simplesmente cair fora, desertar e achar, que o assunto, a peleja, a batalha, não é com a gente!
Você se lembra no que disse Berthold Brecht sobre o analfabeto político, não é???
É isso que eu gostaria de dizer para os que pensam em anular o precioso voto.
É nisso que penso agora, sabendo que mais e mais gente amiga decide anular o voto nas próximas eleições.
Ao mesmo tempo gostaria de saber como é o processo de naturalização de um estrangeiro no Brasil e quanto tempo demora.
Eu gostaria de poder votar ano que vem para prefeito e para vereador!
Não, não sei em quem votar, já que não sei ainda quem são os candidatos.
Sei apenas em quem eu não votaria de jeito nenhum!!!

Reinhard Lackinger
austríaco, sem nenhuma coloração partidária

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

é bucólico SIM!!!



Era 22:00horas mais ou menos, quando um carro parou na pracinha perto do Bistrô PortoSol.

Como o movimento de nossa taverna nessa quarta feira era fraco, aproveitei para sentar numa das cadeiras do passeio, curtindo a noite linda e agradável.

Nossa rua no Porto da Barra, a poucos metros da praia, durante o dia parece agitada como o mercado de Bagdá, de noite lembra a bucólica vila de Mar Grande dos anos de 1970.

Observei aquele carro estacionado na esquina. Luzes apagadas, atitude suspeita.

Os ocupantes não deveriam ser clientes meus, nem da academia de ginástica.

Depois de alguns minutos desceu um homem com roupa escura pela porta do carona, passou pelo Bistrô PortoSol, pela pizzaria e caminhou até a orla, onde o perdi de vista.

Depois de mais alguns minutos, outro homem saiu daquele automóvel pela mesma porta, vindo em minha direção. Era um jovem jornalista, conhecido meu.

Ele sentou comigo para conversar. Estavam numa missão secreta para assuntar o consumo e eventual tráfico de crack, além de outros crimes hediondos, chacinas e demais perversões. Atrocidades, que só acontecem em nosso bairro na cabecinha de gente sem noção, que não anda pela Barra à noite. São essas pessoas, enxergando em cada ser maltrapilho um perigoso assaltante, que dão as melhores entrevistas para os jornais. Basta juntar a foto de uma garota de progama, para que a mídia transforme o nosso bairro tranquilo em Sodoma e Gomorra.

Chega de babaquices!

Chega de delírios!

O Porto da Barra é um dos pedaços mais tranquilos e seguros de Salvador!

Não há "cracolândia" nem puteiro a céu aberto!!!

Há deficiências sim, quanto a urbanização! Culpa da incompetência do serviço público, que em vez de resolver os problemas básicos, como distribuir corretamente cestas de lixo e recompor as crateras nos passeios de pedra portuguesa, ilumina as copas das árvores, para o desgosto dos passarinhos e outros bichos que ali moram, transformando a nossa orla num cenário de peça infantil, em bolo de aniversário de criança e exemplo de mau gosto!

Falei ainda para o jovem jornalista que em 10 anos ali no passeio do Bistrô PortoSol, em momento algum tive a sensação de insegurança.

Se alguém fala mal do Porto da Barra, isso só pode ter uma razão: inveja! Inveja das "brabas"! Sai olho gordo! Sai ojú kokoró!

Se alguém quiser comprar uma pedra de crack ou dar um tapa num baseado, vai ter que ir para outro lugar!

O que rola no Porto da Barra é salsichão, chucrute, gulasch, carne suína defumada e cozida, com puré de maçã ou repolho roxo, preparados pelo trio do Bistrô PortoSol!...

Prost

Reinhard Lackinger

o taverneiro do Bistrô PortoSol

www.reg.combr.net/bistro.htm acessando esse site, você tem todas as informações para curtir esse espaço temático de culinária austro-húngara

domingo, 7 de agosto de 2011

Que categoria?!



Afrânio é um dos mais novos amigos de infância que ganhei ao longo dos 10 anos como taverneiro do Bistrô PortoSol.

Afrânio é um garotão risonho de 94 anos de idade, falando de seu mais novo projeto: Escrever um livro sobre os momentos que ele passou ao lado de todos os presidentes do Brasil ao longo dos últimos 60 anos.

Ontem, ele nos trouxe uma cópia da página de um livro de Pedro Calmon, exibindo, além da dedicatória desse notável autor baiano, os autógrafos de todos os presidentes, que governaram o Brasil desde os anos de 1950.

Afrânio é ou não é um homem ímpar?

Muitos brasileiros e muitas brasileiras são assim... Sui generis!

Brasileiros notáveis, porém sem-mídia, sem-holofotes, sem-públicidade!

Deve haver um exército de gente interessante por este país afora, cuja arte e cujo exemplo de vida poderiam enriquecer a nós todos.

Pessoas condenadas ao anonimato por não caberem numa categoria pre-existente!

Explico:

Só tem visibilidade, quem cabe numa daquelas molduras, que a nossa mídia disponibiliza.

Detalhe:

Algum nordestino virtuoso num instrumento musical qualquer, ganha no máximo 3 minutinhos de holofotes.

Quem não couber em nenhuma moldura pré-fabricada pela mídia, ficará para sempre no anonimato!

Quanto mais fácil de identificar o destaque, a "arte" e quanto mais comercial ela for, tanto maior a moldura e o tempo de exposição na mídia.


Você que pretende ficar conhecido, famoso e rico, lembre o seguinte:

O universo das bundas sacolejantes é infinitamente maior do que o das cabeças pensantes, capazes de interpretar um texto qualquer...

Até que ponto precisamos de publicações como a lista dos Best Sellers, o Guia Gault Millau, as revistas Caras, Forbes e Tititi, o Guiness Book of Records...além da programação dos shows de pagode, axé e parangolé neste fim de semana?


Se você pensa que este é mais uma "maluquice-cabeça", com a intenção de puxar a brasa para o salsichão de nosso Bistrô PortoSol, você acertou em cheio!

Aguardo a mais nova edição do suplemento da revista Veja, com os melhores restaurantes sendo avaliados, com culinária francesa, italiana, japonesa... pizzaria, churrascaria, creperia, enquanto espero há anos em vão pela inclusão de nossa culinária austríaca ou austro-húngara entre os estabelecimentos avaliados...

Será que o Guia 4Rodas este ano vai mencionar o nosso Love Food austro-húngaro, que praticamos no Bistrô PortoSol?

O Bistrô PortoSol é um espaço sui generis, mas até agora parece não caber em nenhuma classificação préexistente, embora pratiquemos há 10 anos essa culinária tradicional, simples e à moda antiga!

Graças a Deus há pessoas como Afrânio, que não precisam de ninguém que lhes diga aonde ir para comer gostoso.

Ele e Vera são clientes habitué do Bistrô PortoSol!

Prost

Reinhard Lackingero

taveneiro do Bistrô PortoSol

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Avante Centroavante

Em sua coluna sobre futebol esta semana, Sócrates fala sobre os "reis" paparicados por todos, que, depois da derrota contra o Paraguai, tiveram que cair na "real"!


O que ele não disse, é que a culpa de mais essa atuação vergonhosa é da imprensa, que há décadas fatura alto, vendendo o mito do talento do jogador brasileiro, que a qualquer momento pode desequilibrar a partida e ganhar o jogo. Não nego essa possibilidade, mas essas jogadas miraculosas são cada vez mais raras! Para cada finta desconsertante em cores verde amarelo, com direito à pose para as câmaras, temos amargado umas dez partidas sem vencer. Para cada lance genial, passamos dez jogos morrendo de raiva!

A culpa é nossa! Temos sido nós que valorizamos demais a habilidade com a bola, achando um drible mais importante do que um gol!!!

Nunca pensei que um dia eu fosse dizer algo elogioso sobre a a ditadura militar, mas neste momento rendo a minha homenagem ao general Emílio Garrastazú Médici, que resolveu incluir o desengonçado Dario Peito de Aço na delegação da seleção de 70.

João Saldanha não topou, mas Zagalo engoliu o Dadá numa boa!

Digo isso, me lembrando que o Dadá Maravilha ou Dadá Beijaflor jogou há exatos 30 anos e em 1981 no meu Baêêêêa.

Dadá fazia muitos gols, sem se preocupar com a pose, sem se importar se ele saia bem na foto ou não. Dadá Maravilha ganhava dos zagueiro na corrida e estufafa a rede, Dadá Beijaflor cabeceava as bolas cruzadas, mesmo vindo meio rasteiras e a apenas um palmo do chão!

Mesmo assim, ele conseguiu ser ídolo e marcar até "gol do fantástico". Melhor, ele chegou a apostar que iria fazer o gol mais bonito da rodada e fez!

Será que a mídia, que vem endeusando "artistas da bola" e "rei do drible" não estaria de certa forma desestimulando jogadas de velocidade e força, evitando assim o surgimento de um novo Sérgio Chulapa, um novo Ronaldo Nazário, um novo Beijoca, um novo André Catimba, um novo Dario?


Cá entre nós, o "marreco" do Alexandre Pato não cabe na minha seleção e sim no elenco da novela global "Malhação".


Todos juntos vamos, pra frente Brasil, Brasil, salve a Seleção.... hehehe

Reinhard Lackinger

o taverneiro do Bistrô PortoSol www.reg.combr.net/bistro.htm





terça-feira, 26 de julho de 2011

O último Imperador no Porto da Barra



No mês em que morreu Otto von Habsburg, filho de Karl I, último imperador da Áustria e rei da Hungria, depois de diversas homenagens póstumas nas terras onde residira, faltou uma palavrinha de quem pratica a culinária austro-húngara no Porto da Barra em Salvador.

Não sou monarquista.

Não sinto saudades de uma época em que governantes esbanjavam fortunas com a construção de suntuosos palácios e obras de arte, contratando os melhorescompositores e artistas para o deleite da corte, enquanto o povo comia o pão que o diabo amassou.

Apesar de toda soberba e todo nepotismo, há até hoje quem sinta falta da ordem que havia na sociedade imperial e real. Algo que lembra a missa solene de católicos aos domingos.

Foram os Habsburg que nos deram Pedro II, filho de Pedro I e Dona Leopoldina e também foi um Habsburg, o Maximilian I, a tentar governar o México em meados de século dezenove.

Achavam que um imperador faria bem ao México e à autoestima dos mexicanos.


Dizem, que foi nessa época que a páprica, pimentón em espanhol, chegou à Europa e nas panelas da culinária austro-húngara. Assunto bem mais sério e agradável do que a política!


Tanto na Áustria e na Hungria, quanto no Brasil e também em países como o México, o povo, um dia, resolveu acabar com a monarquia.

Não sou cientista político para dizer até onde os regimes que sucederam reis e imperadores conseguiram acabar também com o nepotismo, com o esbanjamento de fortunas e com todo tipo de injustiça social.


Eu sei apenas que um gulasch sem páprica seria um desastre! Seria um guisado sem graça!


O filho do último imperador está morto! Viva a culinária austro-húngara, servida nas casas da burguesia da Áustria imperial e nas tavernas e estalagens de Viena, Budapeste, Praga, Graz e arredores na época da Monarquia do Danúbio... e há 10 anos no Bistrô PortoSol.


Prost


Reinhard Lackingero

taverneiro do Bistrô PortoSol

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Elixir da Felicidade Parte 1




Há quem morra de inveja dos habitantes do assim chamado Primeiro Mundo, que, de tão prósperos e socialmente superprotegidos por um papai estado, não dependem mais uns dos outros, com cada um podendo viver nas proprias quatro paredes.


Vivendo há mais de quatro décadas no Brasil e mantendo contato até hoje com parentes e amigos na Áustria, Suiça e Alemanha, vejo as coisas de outra forma.


Vejo com nitidez o mal que a solidão faz ao ser humano.


O ser humano é um "bicho social"! Mesmo invejando certas benesses dos países industrializados e criticando todas as nossas falhas de urbanização e a "ditadura da bagunça" instalada em Salvador, prefiro viver na Bahia!


No Brasil, a gente é obrigada a interagir com o próximo!


No Brasil, a gente é obrigada a se relacionar com todo tipo de pessoas, agradáveis ou não.


No Brasil, a gente é condenada a negociar o espaço com flanelinhas, mendigos e toda sorte de figuras folgadas, que atravessam o nosso caminho.


O que à primeira vista parece ruim, na verdade é ótimo e é o verdadeiro elixir da vida!


Talvez seja por isso que aquele mal que atinge idosos se chama "Alzheimer" e não "da Silva"!




Reinhard Lackinger


com mais uma maluquice sendo patrocinada pelo


Bistrô PortoSol


terça-feira, 5 de julho de 2011

Elixier da Felicidade parte 2

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A crônica de Márcio Alemão na Carta Capital de 22 de junho de 2011 diz mais ou menos o seguinte: Não importam as esquisitices da "gororoba", nem eventuais imperfeições técnicas do prato servido, se você está acostumado a comê-lo desse jeito, então está perfeito, irretocável e fora de série!


O Bistrô PortoSol, por praticar uma culinária um tanto exótica, de épocas passadas e incomum nestas plagas, tem poucos ítens sujeitos a comparações com pratos servidos em outros estabelecimentos.
Tanto no Brasil, quanto na própria Áustria, onde a cozinha tradicional vem dando lugar à nouvelle cuisine e a outras perfumarias modernas.
Quem está acostumado a um Gulasch de Carne de boi preparado com músculo, pode achar essa iguaria húngara feita com alcatra ou chan de dentro um tanto exótica, já que no Brasil temos essa facilidade de ter carne de primeira.
Quem está acostumado a comer Joelho de Porco defumado e/ou tirado do espeto de uma "televisão de cachorro" pode estranhar Eisbein sendo servido como carne suína à moda austríaca com molho de alho e Kümmel.


Será que de tanto comer o que sai pingando da fritadeira, aquecido mais ou menos uniformemente em fornos micro-ondas ou esperando por nós horas a fio em rechauds, a gente se acostuma à comida mal feita, perdendo a noção de saber apreciar sabores revelados artesanalmente na panelinha?
Pense nisso no dia em que resolver atravessar o "Equador do Salsichão"(1),aventurando-se num dos inúmeros pratos deliciosos da culinária austríacae húngara, que constam no cardápio do Bistrô PortoSol...

Na próxima oportunidade atravesse o "Equador do Salsichão" sem susto!!!

Reinhard Lackinger
o taverneiro do Bistrô PortoSol
www.reg.combr.net/bistro.htm
(1) Há quem não consegue fugir do linguição, nem do salsichão!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cara de Pau ISO 14001

José Serrão, é um cidadão que observa, questiona e critica ações que prejudicam o meio ambiente de Salvador, mais precisamente em bairros como Barra e Ondina.
A última observação dele foi muito oportuna e me despertou para um detalhe muito importante: Empresas, que pousam de "bom moço" e detentoras de Classificação IS0 14001, supostamente empenhadas em cuidar do meio ambiente, financiam festas populares como o carnaval de Salvador, ou seja, são coresponsáveis pelo despejo de toneladas de lixo nas ruas e principalmente nas praias, matando animais marinhos.

Confira o texto de José Serrão a seguir:

Prezados,

Não há dúvidas que só a educação intensiva e obrigatória nas escolas privadas e públicas pode mudar o quadro das nossas ruas e praias, haja vista que os gestores públicos são inoperantes e desprovidos de quaisquer compromissos com a preservação do meio ambiente.

Durante o carnaval nos bairros da Barra-Ondina todo o lixo plástico é descartado nas praias do Porto da Barra, Farol e Ondina, então estas milhares de toneladas de lixo plástico vão para no mar e são ingeridos por tartarugas e outros animais.
As consequências são trágicas para os animais que ingerem o plástico, pois vêm a óbito em pouco tempo.
O curioso é que há um projeto de preservação da tartaruga marinha na praia do Forte e outros os pontos do litoral brasileiro.
Estes projetos que têm a finalidade de preservar as tartarugas são afetados pela geração do lixo plástico, durante o carnaval, mais intensamente, bem como outras épocas do ano.

Estranho é que empresas que possuem o certificado ISO - 14001 promovam a festa carnavalesca e outros eventos geradores de lixo plástico e portanto algozes das tartarugas e outros animais marinhos e as entidades ambientais pernamecem em silêncio por todo este tempo.
Não é preciso ser especialista em oceanografia ou ambientalista para ver o massacre dos animais marinhos, graças as milhares de toneladas de lixo plástico lançados na Baía de Todos os Santos e patrocinados por empresas que deveriam educar, eliminar a geração na fonte e valorizar o Cerficado da ISO 14001.

Será que os auditores da ISO não perceberam que as ações ambientais de empresas possuidoras da ISO-14001 são válidas dentro e fora destas empresas?

domingo, 19 de junho de 2011

Dúvida cruel


















Não sei o que é pior... ouvir Fafá de Belém cantando fado, ou "musicuzinhos" do axé se imiscuindo nas festas juninas, tocando forró.
Acho que prefiro escutar as canções do Chatotorix, aquele bardo "afinadíssimo" da aldeia de Asterix!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Atestado de óbito do carnaval oficial de Salvador



Os mais antigos se lembram daquela leveza frívola dos carnavais passados, com a rua virando salão e os salões virando rua, onde cada um aprontava à sua maneira... de sábado até as primeiras horas da quarta feira de cinzas.


Era tudo amadoresco. Mortalhas, fantasias, brincadeiras, cheirinho da loló, lança perfumes, bandinhas...

Havia quem saísse na rua com um penico cheio de cerveja e uma salsicha cortada dentro, ou carregando uma gaiola com a portinha aberta, com um cartaz dizendo: "Quem achou a minha rola?"

O "Broco" do Jacu não tinha corda, mas tinha charme e eu encontrava gente amiga, que só se via nessas ocasiões.


O carnaval mudou, se modernizou, se profissionaliziou.

Onde havia uns três ou quatro trios elétricos e uma multidão a espera, passou a ter "trocentos" trios, que já não são mais trios faz tempo.

O carnaval, que era uma oportunidade de cada um se auto-realizar, se esbaldar e brincar pra valer, perdeu a fantasaia, tornando-se uma coisa óbvia!

Mataram o carnaval de Salvador!

O carnaval podia ser tudo! Tudo, que a gente inventasse, menos óbvio!


"Vambora reagir! Vambora a gente se mexer"


Pode ser que não consigamos mais domar o monstro em que o carnaval de Salvador se transformou, mas podemos evitar que façam com o São João o mesmo que fizeram com o carnaval. Um mero negócio!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Artimanhas

Todo mundo conhece o "causo" daquele desocupado, que, ao sentir vontade de trabalhar, deita na rede e espera a vontade passar!
O Prof. Shmuel Gefiltfish y Mazzes me disse, que aquele sujeito ainda conseguia dormir o sono dos justos, descansando de um trabalho, que ele nem ao menos chegou a começar, a tentar fazer!

Além de você, eu e todas as outras pessoas conhecerem esse "causo" como sendo uma piadinha, há quem consiga valer-se dele... e bem!!!
Promotoras do Meio Ambiente e demais figurões do serviço público, ao marcar audiências públicas ou reuniões com cidadãos, que muitas melhorias têm a reivindicar.

Repare nos atrasos de mais de meia hora, de mais de uma hora!!!
Quanto maior o atraso da reunião, da audiência, melhor...
... pois enquanto as pessoa aflitas e preocupadas com o universo em que vivem, sentindo-se vilipendiadas, esperam pelos "figurões", elas vão falando de seus anseios, esperneando, se queixando, narrando fatos escabrosos, descrevendo problemas que sofrem a cada minuto por conta de um serviço público "meia boca"...

A reunião, a audiência pública, se é que não têm a data remarcada em cima da hora ou transferidas de lugar, invariavelmente é um tiro n´água e nada se resolve! Nada mesmo!!!
Porém o povo deixa o local da reunião, da audiência pública aliviado e com a nítida impressão de ter consertado o mundo... só por ter tido mais uma oportunidade de espernear!

Tem ainda outro bom exemplo tendo a ver com o "causo" daquele sujeito deitado na rede... ou como certos psicólogos costumam chamar atos de reserva ou ações compensatórias, ou como Freud diria : "Ersatzhandlungen".
Mas esse exemplo não posso colocar aqui neste e-mail...
Esse exemplo por demais relevante só pode ser revelado pelo próprio taverneiro Reinhard ao vivo e em cores!

Love Food ...mais um capítulo













As formas de se gastar dinheiro estão cada vez mais impessoais.
O armazém de secos e molhados, com o dono anotando a compra no caderninho, deu lugar ao supermercado faz tempo...
O rosto da pessoa, que lhe vende aquele carro, aquele apartamento, fica escondido atrás de um monitor.
A comida, na maioria das vezes, se resume numa bandeja cheia de coisas...e a brigada do restaurante chique se parece com um exército de soldadinhos de chumbo.
Não, isso não é mais uma alfinetada nas praças de alimentação de shopping centers! Muito pelo contrário! Será?
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Com os apartamentos ficando cada vez menores, os shopping centers ganharam uma nova função: ser a sala de estar de toda a vizinhança.
Com tanta gente circulando e consumindo, com toda essa "festa de largo" acontecendo, não há como se ter serviço a la carte e tratamento pessoal, muito menos dedinho de prosa...
Pudera, com todo esse burburinho ensurdecedor não dá para se escutar mais nada...
Serviço a la carte e culinária artesanal, com o cheirinho gostoso da comida invadindo a sala, na medida que os taverneiros aprontam os pratos, só em espaços exclusivos como o Bistrô PortoSol.
Bistrô PortoSol, em seu décimo ano praticando o "Love Food"!
Love Food, a maneira impar de saciar o estômago, com ingredientes poderosos agindo nos humores internos e cutucando os hormônios, abrindo um apetite diferente!!!
Essa magia não tem preço!!! É o prêmio da sua sábia escolha!!!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A origem da rabugisse...









































... ou o eterno conflito entre gerações


Alois Brandstetter, professor emérito da Universidade Klagenfurt / Áustria, onde lecionava germanística antiga e história, é autor de um montão de livros, e desde o fim dos anos de 1960 é dono de uma fazendola na terra natal dele, na região de Wels na Alta Áustria... do outro lado dos alpes austríacos.

Alois Brandstetter é filho e neto de agricultores.

O pai dele nasceu no finzinho do século XIX como caçula de... salvo engano... quinze filhos nascidos vivos.

Certo dia, quando Alois lhe mostrou a propriedade que comprara, o pai a reprovou de cara, achando os terrenos íngremes demais para qualquer atividade agrícola.

"Pirambeira pura", dizia com ar de desgosto.

Alois comprou aquela fazendola para servir de refúgio, não para produzir nada além do que o pomar lhe oferecia.

O velho Brandstetter, que a vida inteira lutou, plantou, colheu, criou animais, prestando serviços de moagem de cereais, aproveitando ainda o riacho para gerar energia elétrica para sí e alguns vizinhos, a fim de sustentar a família com doze filhos, não compreendeu que alguém pudesse ter um pedaço de terra, sem querer explorá-lo economicamente.

Alois deve ganhar bem como catedrático, além de auferir uns trocados com os honorários dos livros publicados... alguns traduzidos até para o americano, como me contou.

Alois tem mulher, dois filhos, mas ao contrário dos antepassados, ele não tem as mãos calejadas, nem receio de perder a colheita para uma chuva de granizo. Alois, que nasceu em 1938, pode não plantar nada além de umas ervas, tomates e pepinos por diletantismo para o consumo próprio, porém pratica a agricultura de outra forma!

Ele transformou o celeiro dele num museu de artefatos antigos!

Esse celeiro está cheio de todo tipo de tranqueira, que os agricultores de antigamente usavam para plantar, colher e beneficiar os frutos que obtiveram da terra. Apesar da poeira, vale a pena pegar naquelas ferramentas rústicas, recipientes e partes de equipamentos feitos de madeira e de ferro... testemunhos de uma época, em que ainda não havia plástico, muito menos fibra de vidro ou fibra de carbono, quando a tara ainda tinha enorme peso! Ao levantar um daqueles baldes usados antigamente para ordenhar as vacas de madrugada, a gente tem uma boa noção de como era penosa a vida dos agricultores de gerações passadas.

Alois não precisava fazer muita força para aumentar a coleção de objetos antigos.

Novos vizinhos, ao reformar propriedades adquiridas de quem já não pretendia mais ser fazendeiro, o presenteiam toda hora com o que para eles é apenas lixo. Novos donos de fazendas sendo transformadas em casas de campo, com cercas vivas, arbustos tosquiados que nem poodles de madame e grama tipo campo de golfe, substituindo pomares, e plantações de batatas e milho.

Penso que é bom e salutar o pai de Alois não ter que presenciar mais essa "desvirtuação" do campo.

Agricultura na Áustria de hoje...

...só com equipamentos moderníssimos, em terrenos, que permitam o uso dessas máqinas.

As subvenções agrícolas, que o governo dá para os fazendeiros, não estimulam muito a produção de alimentos que dependem do emprego da força manual. Não é difícil imaginar qual o assunto que costuma rolar nas tavernas austríacas entre os velhos fazendeiros, que já passaram o comando da propriedade para o filho mais velho.

É fácil falar em conflito de gerações! Prefiro viajar nos textos de Alois Brandstetter, de Franz Stelzhamer, de Peter Rosegger, nas minhas próprias lembranças e no cardápio de nossa taverna austro-húngara.. .


Por falar em minha própria vida... fui ser metalúrgico e ferramenteiro, pisando nas pegadas de meu pai. Vivi uma época, em que o emprego de ferramentas manuais era vital na fabricação de componentes de máquina, fazendo ajustes. Vi essa importância se esvair mesmo antes do surgimento de máquinas operatrizes com comando numérico. Não foi fácil motivar os alunos do curso técnico de mecânica no manuseio de ferramentas de corte.

Não adiantou muito falar naquela cunha de metal mais duro penetrando na superfície do aço e de metais não ferrosos... Conhecimento necessário para a operação de quaisquer máquinas operatrizes... a garotada só pensava em passar no vestibular para medicina, para direito ou economia...

Penso que a minha habilidade no manuseio de ferramentas manuais tem hoje a mesma importância que tem um mecânico consertador de máquinas de escrever... ou seja, nenhuma!Já não me resta quase ninguém com quem pudesse falar a respeito. As dificuldades de ontem, "os leões que matamos" diariamente, já não significam nada para a geração atual.


Vejo como todo ser antigo, como a vida fica mais fácil ao passar das gerações...


Na minha época, muitas profissões além de um conhercimento teórico, dependiam de força muscular. Quem era franzino e fraquinho, virava confeiteiro, cabeleireiro ou alfaiate.


Como todo ser antigo, espero que os jovens de hoje usem e aproveitem os avanços tecnológicos para o bem da humanidade, para a produção de alimentos saudáveis para todo mundo, para criar condições dignas e paz para todos os povos...

O que a minha geração fez a esse respeito?

O que nós fizemos mais do que os nossos pais, que se envolveram ou foram envolvidos década sim, outra também em guerras e conflitos sangrentos? Entendo o pai de Alois Brandstetter, como entendo a rabugisse dos mais velhos, que lutavam nas guerras e contra dificuldades que ninguém mais conhece.


Entendo a rabugisse de quem espera mais resultados positivos e melhores coisas de uma geração cercada de mimos eletrônicos... Entendo a rabugisse de quem não se conforma com o desperdício de hoje... principalmente do tempo supostamente perdido diante do computador.


Lembro ainda de Osmar Macêdo, inventor do trio elétrico. Ele não me parecia rabugento, embora deixasse claro para todo mundo o descontentamento dele com a evolução nefasta de sua criatura, que havia virado um monstro medonho de umas 50 toneladas.. já não mais fomentando apenas aquela leveza frívola do carnaval de antigamente, tendo sido transformada numa simples máquina para fazer dinheiro.


Para escapar do aparente caos da pós-modenidade só há uma rota de fuga : o caminho mais próximo para o Bistrô PortoSol com sua decoração retrô, sua trilha sonora antiga e seus acepipes da Monarquia do Danúbio.

abraços gastro-etílicos


Reinhard Lackinger

o taverneiro do Bistrô PortoSol www.reg.combr.net/bistro.htm

Pimenta nos fundilhos dos outros...


















Prefácio:
A primeira vez em que estive em Portugal (1969 ), aprendendo o idioma em Lisboa, as pessoas, com que convivi - classe média, universitários e gente humilde - me pareciam tristes! Muito tristes!!!
Terá sido pelo facto de Salazar estare para morrere?
Lisboa era um fado a céu aberto! Apenas o craque moçambicano, que atendia pelo nome de Eusébio - o jugadore mais mascarado que já vi entrare no relvado - destoava à maneira dele, deixando o Estádio da Luz ao lado do compatriota e amigo Coluna num opala vermelho... não sem antes dar um autógrafo para um jovem austríaco de 22 anos.
***
Uns vinte anos depois e mais ou menos uma década após a Revolução dos Cravos, ou seja, em 1988, lá estava eu com minha mulher Maria Alice no bar de um hotel em Coimbra a falar e trocar idéias com um nativo... um senhor bem vestido e bem falante, provavelmente professor universitário, com algumas posses... quiçá algum primo daquela Inês tão linda...
Numa certa altura da conversação animada, o gajo bem apessoado me veio com a seguinte narrativa:
"... antigament´ o pobre cunhecia o lugar dell! Hoje, tudo é diferentt! Pobre agora está a falare alto nas ruas, no comboio, no elétrico... está a exigire coisas,,, direitos nunca dantes imaginados!!!"
É claro que o meu fígado socialista gritou, berrou, uivou ao ouvir tamanha barbaridade!

Hoje, em meio a "ressurreição" dos miseráveis, vendo gente jogando lixo na rua, bem defronte de nossa taverna, o Bistrô PortoSol, tendo que assistir como o pessoal esvazia a bexiga na entrada da porta dos outros ou no muro lá adiante, tendo que ouvir pagode a 100 decibéis vindos da praia do Porto da Barra.. e tendo que defender com unhas, dentes, barriga e cara feia o meu espaço temático de gastronomia austro-úngaro de gente, que nada tem a ver com nosso local transadinho, lembro da cara daquele burguês lá de Coimbra.
Diante dos olhos de minha imaginação, ele está a dizere:
"viu sacana... pimenta no cu dos outros é refresco!"

Pois Pois

Reinhard Lackinger
p.s. Apesar desta maluquice politicamente abominável, estou convencido, de que estamos passando por uma fase de adaptação, uma acomodação econômica das classes Cê Dê, E, Fê e Gê!!! Demanda reprimida, diriam os economistas.

pps. Enquanto o gajo português falava, num outro canal, o Zé de Ribamar Sarney dizia, que era indadmissível mencionar vícos linguísticos em livro didático... O que o nobre senador deseja? Será que ele quer que o nosso ZéPovão escreva e fale como o finado Josaphat Marinho, que Deus o tenha??? Aliás, até o Todopoderoso lá no Céu deve ter dificuldades para entender o bolodório arcáico daquele, por nós todos querido, senador da república!
***
Epílogo: No fundo d´alma, eu também gostava mais de Portugal e de Lisboa de antes!!!

Não antes da Revolução dos Cravos e sim, antes da terrinha querida ser vendida para a EU, para a União Européia!!! Doi no coração, sendo monitorado por uns sem noção, uns parvos lá de Bruxelas; vendo acabar as tascas giras, o vinho fresco de barril, as garrafas sem rótulos na mesa, contendo azeite, vinagre e vinho. Em breve nos tirarão o bagaço de vinho verde! Mosca já não há! Ginginha com elas idem!

domingo, 22 de maio de 2011

Paraíso dos folgados














Na matéria "Paraíso dos folgados", Irina Stolichnayowa relata um estudo sobre o comportamento de pessoas potencialmente folgadas, relaxadas, desrespeitadoras e inconveniêntes, feito em 178 países.
O referido estudo mostra a profunda aversão que "folgados" têm à toda forma de crítica e reclamação em todo mundo. Em 176 dos 178 países pesquisados, a multa e até um olhar reprovador mantém os folgados e bagunceiros na linha... Em 176 países, o poder público com policiamento e principalmente com a opinião pública atuatne, se encarrega dos folgados e mantem a sociedade e o meio ambiente em ordem.


Apenas na Bazófia Oriental e num outro país, cujo nome não estou lembrando no momento, os Folgados gozam de uma liberdade total! Há um defeso perene dos folgados e um verdadeiro paraíso para os que estão nem aí para o próximo, transgredindo e bagunçando geral!
A razão para tanta liberdade para os folgados, segundo o estudo:

NINGUÉM SE INCOMODA!!!

NINGUÉM QUER SE INDISPOR COM NINGUÉM!!!

NINGUÉM RECLAMA DE NADA!!!


Na Bazófia Oriental, reclamar é feio!


Outro detalhe intrigante e assaz curioso: quem reclama da ação nefasta de um folgado, perde a razão!

Só na Bazófia Oriental e num outro país, cujo nome não lembro no momento, a pessoa agredida consegue perder a razão, enquanto o agressor, o folgado, fica na boa.

Li a matéria de Irina Stolichnayowa com gosto. Conheço a Bazófia Oriental e os bazofianos, e a coisa é exatamente como ela relata!

Cientistas citados na matéria, como o Prof. Dr. Shmuel Gelfiltish y Mazzes falam até de uma tal "Custo Bazófia", referindo-se ao mal que tanto os folgados, quanto os que aturam pacientemente os folgados, causam à Bazófia Oriental.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nosso ensino de português




















Acompanhei o estardalhaço que a Rede Globo fez em torno do novo livro de português, admitindo que alguém fale errado, a depender das circunstâncias.

Devo adiantar para a compreensão do que quero dizer com essas mal traçadas linhas, que eu próprio já nasci bilingue. Com os pais, com irmão, vizinhos e amigos, eu falava o alemão regional, enquanto o rádio insistia em mandar as mensagens em alto alemão. Nas escolas, na igreja, no trato com repartições públicas, na ópera e na maioria das peças de teatro, o papo era em alto-alemão. Fora disso, a gente lascava um linguajar regional parecido com que se fala na Baviera. Coisa que nenhum alemão do norte da Alemanha entende!

A crítica, que a Globo anda fazendo, me lembra o dedo em riste contra um personagem de desenho animado do Maurício de Sousa: o Chico Bento! No início, os nossos eruditos eram unânimes em dizer que as crianças, que lessem essas revistinhas do Chico Bento iriam aprender a fala errada do Chico, do Zé Lelé, da Rosinha... Besteira, nada disso aconteceu!

Todos os brasileiros e até as cascas de côco espalhadas pelas nossas ruas sabem, que o português correto continua sendo ensinado e cobrado nas escolas!

Comparo essa certa tolerância com os vícios linguísticos, como forma de inclusão de milhões de brasileiros, que desde cedo não tiveram ensino formal de qualidade báh, só, uai, oxente, taí... ... tá rebocado e piripicado!

Falta dizer que macaco não gosta de olhar para o próprio rabo! Logo a Rede Globo tinha que abrir o bocão, gastando litros de saliva e para lá de um quarto de hora com as críticas daquele livro didático de português!

Todos nós sabemos que o elenco da Globo é o que mais maltrata o idioma de Camões, mais erros de português vem cometendo... nas novelas, nos talk-shows, nos telejornais!

Se eu estiver errado com mais esse meu pensamento, me perdoe. Não sou nenhum doutor em pedagogia e sim um simples taverneiro austríaco!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ser Patriota

Terá sido coincidência eu ter marcado minha viagem à Brasilia, a fim de renovar o meu passaporte na embaixada austríaca, justamente na semana em que completaria 42 anos de Brasil?

Foi!

Devo ter premonizado o prazer cívico incomensurável que me daria esta viagem.

Levantei às 4:30h e me mandei para o aeroporto 2 de julho, achando uma vaga para idoso a poucos metros do caixa. No check in não tive a mesma sorte. Avião da Webjet penúltima fila.

Imagine uma baleia encalhada... Ao meu lado, o da janela, outro cetácio loiro, grudando a caraça no vidro, filmando quase todo trajeto, liberando a vista apenas quando só havia nuvens.

Minha perspicácia fez com que em menos de 40 minutos conseguisse um daqueles taxis, que você chama pelo telefone. Se o meu nome fosse José, Ricardo ou Raimundo, teria sido mais fácil ainda. Pelo menos para os taxistas, que chegam aos montes gritando, Se na segunda tentativa não pegasse um motorista poliglota, provavelmente estaria naquela fila até agora.

Rodamos por uma paisagem linda. Achava que a qualquer momento estaríamos chegando em Conceição de Feira ou em Coração de Maria, quando o táxi diminuiu a velocidade num lugar lembrando uma empresa do Centro Industrial de Aratú dos anos 1970.

O porteiro, simpaticíssimo, a telefonista, a atendente idem! Soube, que eu estava na embaixada austríaca, quando me mostraram uma escada que tinha que subir até um andar superior. Era coisa de alpinista. A linda moça, que me atendeu, já tinha tudo preparado. Só precisava assinar a papelada. Levei os originais dos meus documentos pessoais de graça. Até a máquina, que queria copiar as impressões digitais de meus dedos indicadores já estava pronta para ser usada... e quase me ofereceram um copo d´água! A gentil atendente mandou a telefonista chamar um táxi e fui embora.

Não levei mais de 30 minutos plantado diante daquela "empresa do CIA". Finalmente o táxi chegou e mostrei ao motorista um papel com o endereço do Restaurante Fritz na asa sul, já que não não conseguia mais falar. O ar seco de Brasília havia colado a minha língua no céu da boca.

Probleminha que uma Antárctica Original resolveu nos primeiros goles. Bebi, comi e conversei longamente com Fritz Klinger, simpático dono daquele estabelecimento. Numa certa altura do papo animado, dois jovens sentados à mesa do lado, se meteram na nossa conversa. Um deles disse conhecer o nosso Bistrô PortoSol, elogiando a comida de nossa taverna.

A viagem de volta foi bem mais agradável que a ida. Estava na fila 9, onde a distância entre a sua cadeira para a da frente é aproximadamente 3 centímetros maior do que nas últimas fileiras. Medi isso com a palma da mão. Voltando a Salvador, o tempo e o trânsito estavam bons, chegando são e salvo em casa às oito e meia da noite. Apenas a minha bunda estava quadrada de tanto ficar sentado...

Em quatro semanas receberei o meu passaporte.

Da próxima vez em que alguém disser espantado:" "o que? você ainda não é brasileiro naturalizado??" saberei o que responder!

Será?


Salvador 10 de maio de 2011




Reinhard Lackinger

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Guia rápido...

... para se orientar em estabelecimentos de gastronomia.

1) Se uma pessoa fardada lhe abrir a porta, uma moça de boa aparência lhe perguntar sobre reserva e a próxima pessoa com que você se bate é um maître com a face expressando 40% desdém, 50% tédio e 10% subserviência, telefone imediatamente para o seu gerente de banco, pedindo um crédito extra. 15% desse empréstimo serão para pagar a conta e 85% para a oficina consertar a avaria provocada pelo manobrista... Mossa ou arranhão, que você só vai descobrir amanhã.

2) Se o dono do estabelecimento, para o qual você se dirige, estiver vestindo apenas um calção ou bermudão, exibindo um tronco nu e barba por fazer, é sinal de que os frequentadores não devem ter uma autoestima lá muito elevada, que o banheiro é sujo e fedido e que pode pintar qualquer bagunça. Talvez até uma briga! É preferível esperar o aguaceiro / a chuva de granizo / a nevasca passar dentro do carro!

3) Se você conseguir permanecer por mais de cinco minutos naquela praça de alimentação do shopping center, sem sair correndo do burburinho alucinante, do barulho de mais de 90 decibéis, você pode entrar na fila, pegar a bandeja e o que mais você encontrar pela frente. Não olhe no espelho pelas próximas três horas. A satisfação pela comida ingerida reflete de seu semblante por pelo menos duas horas e trinta e sete minutos. Por isso procure evitar conhecidos ou amigos. Eles certamente lhe perguntarão se o filme de terror 3D, que você supostamente assistiu é bom... E não se esqueça de participar do concurso: "Avestruz Brasil 2011"!

4) Se o dono do estabelecimento estiver vestindo calça comprida, camisa branca, usar suspensórios vermelhos, meias brancas e calçar alpercatas de couro, você pode deixar que ele o conduza a uma mesa. O ambiente será agradável, descontraido e familiar, a trilha sonora também e a comida farta e saborosa. Não haverá susto com a conta, que você pagará rindo com cartão de crédito ou débito VISA ou MASTER, ou então com as moedas que lhe sobraram durante o dia. Vale a pena deixar o seu endereço eletrônico com o taverneiro Reinhard. Ele lhe mandará o endereço do site do Bistrô PortoSol www.reg.combr.net/bistro.htm e às vezes também "malas diretas sem alça", como esta bobagem que você acaba de ler.

Prost


Reinhard Lackinger,

o taverneiro do Bistrô PortoSol
aberto de terça feira a sábado a partir das 18:37h
Rua Cézar Zama, 51 Porto da Barra71 3264-7339 9963-6433

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Atitude na éra do gelo














Dizem, que essa malemolência baiana vem do calor que faz na Boa Terra!

Com um molejo todo especial, o povo dribla as altas temperaturas, que até durante a noite não querem baixar!
Agora, que a sanha imobiliária dos donos de Salvador desmatou o cinturão verde entre o Iguatemi e o Aeroporto, o calor na cidade parece ter aumentado ainda mais.

Haja ânsia por uma brisa vinda do mar... ou pelo menos por um leve vai e vem da rede de descanso.
Trabalhar, fazendo esforço físico, neste clima ideal para não fazer nada, só podeser castigo de Deus. Uma mão na labuta, a outra na testa, tirando e enxugando o suor.

Foi pensando nisso, que Roberto Eli mandou instalar enormes aparelhos de ar condicionado - iguais aos usados em pataformas de petróleo - em todos os escritórios das empresas dele.
A ordem era manter a temperatura nos ambientes de trabalho em 17 graus centígrados e nem um grauzinho a mais.
Isso seria bom para o corpo e para o espírito, fazendo o trabalho fluir melhor, dizia ele, com mais da metade da cara azul... não de frio e sim pela barba, que ele devia fazer umas quatro ou cinco vezes ao dia.
Roberto Eli estava acostumado a trabalhar em ambiente gélido. Ele morou nos EUA. Quem sabe, no Alasca!
Era comum ver auxiliares, chefes, secretárias e gerentes fantasiados de esquimó, movendo-se com rapidez, batendo à máquina no mesmo rítmo que batiam o queixo de frio...
Apenas os superintendentes pareciam imunes às temperaturas baixa nas respectivas salas.
Um deles, locado num escritório no Texas, tinha uma voz, que lembrava estampidos de revólver. As palavras saíam curtíssimas do telefone. Teria sido o frio intenso do local de trabalho dele, cujo nome era Wagner Antônio? Para mim, até então, Wagner era sobrenome e também estranhava nome de batismo sendo usado como sobrenome... Algo, que qualquer europeu arquivaria se pronto como"curiosidades brasileiras".

Vestir menos roupa do que os friorentos de plantão para uns era como as divisas dos oficiais do estado maior. Além dos 17 graus nos locais de trabalho de Roberto Eli, a gente percebe a importância da temperatura na urbanização, nos casarios.

Enquanto a cidade Treze Tílias, o Tirol brasileiro tem sua arquitetura típica dos alpes europeus distribuida generosamente por um relevo agradável de se ver, o mesmo lugarejo, construido nos alpes austríacos, caberia num espaço bem menor do que ocupa em Santa Catarina.

Na Áustria, por causa do frio dos invernos, as casas - fundadas antes de se ter automóveis com aquecimentos - estão mais próximas umas das outras. Os habitantes, tem que vencer a neve e o frio intenso. Cada passo dado ao ar livre é decisivo. Enchendo os pulmões de ar gelado de uns 20 graus negativos corresponde a um forte soco no peito.

Embora o frio faça a gente andar e trabalhar mais depressa, não creio que o calor seja desculpa universal para relaxamento e falta de uma atitude positiva diante das obrigações do quotidiano.

Vejamos os lordes ingleses nas colônias da África, da Índia. Não importava o calor que fazia, invariavelmente às 5 horas da tarde, trajados a rigor, se reuniam para o five o´ clock tea cerimonial!
Não havia ar refrigerado! O ambiente deles era parecido com o do Bistrô PortoSol e a atitude também... if you allow this comparison!

Só não dá para comparar os sabores da cozinha austro-húngara do Bistrô PortoSol com a gororoba triste dos súditos da rainha! "Is reboqueito and pripicato!!!" ;-)

Prost

Reinhard Lackinger
o taverneiro do Bistrô PortoSol

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Atitude gastrô
















A palavra "disciplina", irmã da "pontualidade", não é o substantivo mais simpático em nosso vocabulário.

O que me surpreende, é a atitude de nossa gente brasileira diante da organizaçãodas coisas do primeiro mundo! Mais precisamente da Europa, já que não conheço os EUA.

Para a gente viver e conviver na Europa, é preciso ter disciplina e pontualidade. Pois então... Não conheço nenhum brasileiro que faça cara feia para a disciplina e a pontualidade exigida na Europa. Pelo contrário!

Neguinho se borra de dar risada diante de procedimentos e protocolos pouco inteligíveis... excluindo-se evidentemente a pontualidade.

Lembro de um domingo, em que chegamos em minha cidade natal de trem, vindo de Atenas. Um casal de brasileiros, Maria Alice e eu. Iríamos alugar um carro apenas na segunda feira, estando a mercê do transpórte público. Pois bem, nos divertimos enormemente com a pontualidade do ônibus local. O papelucho plastificado pendurado no ponto de ônibus nos avisava que o buzú austríaco ia chegar naquele ponto dentro de um minuto... e de fato, lá vinha ele em meio à rua praticamente deserta. Na Europa, a gente pode acertar o relógio, orientando-se pelos eventos que ocorrem ao longo do dia.

Acertamos o relógio ao encontrar um vizinho indo para o trabalho, vendo o Sr. August Sarsch abrindo a tabacaria dele, ou o porteiro da sala de cinema fechando a porta no início do jornal...

Aqui em Salvador, a gente pode acertar o relógio apenas ao passar pela Rua Cézar Zamano Porto da Barra, de terça a sábado.

Se o taverneiro estiver pondo o boneco com um papelucho plastificado na porta, o relógio marca exatamente 18:37h. Tá rebocado e bi-repicado... ou piripicado!!!

Será coincidência, que só não estranha as maluquices do taverneiro Reinhard do BistrôPortoSol, quem já morou lá fora, quem já teve contato com a cultura européia?

Pois bem, o taverneiro Reinhard não é nenhum bicho papão! Muito pelo contrário... porém um dos ingredientes imprescindíveis para a gastronomia praticada pelo casal Reinhard e Maria Alice Lackinger do Bistrô PortoSol tem a ver com essas mal traçadas linhas.

Prost

Reinhard Lackinger

o Taverneiro do Bistrô PortoSol

aberto de terça feira a sábado, a partir das 18:37horas

Rua Cézar Zama, 51, Porto da Barra defronte onde era o Manga Rosa

71 3264-7339 9963-6433

Atitude Bistrô
















Optando por uma pequenina taverna temática, como é o Bistrô PortoSol, a gente aposta todas as fichas no clima intimista tipo casa de família, para recriar com cada prato preparado na hora e de modo tradicional, os sabores de uma época, que se perde no passado e no Império Austro-Húngaro.

A única diferença para a cozinha da avó Maria Hatzl para a do Bistrô PortoSol do neto Reinhard, está no calor usado para o cozimento. Nós usamos gás de cozinha, minha mãe, Aloisia Hatzl Lackinger, nascida em 1915 usava energia elétrica e antes disso, lenha e carvão. Minha avó, em fins do século dezenove, deve ter usado apenas lenha e serragem prensada.

Optando por resgatar receitas da época em que eu era garoto lá na Áustria e reviver sabores, que eu trouxe na memória, executando cada detalhe como se fazia antigamente, cortando tudo com a faca e cozinhando os alimentos na frigideira, sem o uso de processadores, fritadeiras ou fornos micro-ondas, a gente consegue atender uma clientela seleta.

Pessoas, que compreendem a nossa proposta culinária! Gente, que aprecia o jeito de cozinhar, passado durante gerações de mãe para filha e finalmente para a nora Maria Alice.

Nesse mix de taverna, museu e teatro, com apenas três pessoas cuidando de cada detalhe, o ar intimista só muda e fica ligeiramente rarefeito com a presença de gente, que não entende a nossa proposta gastronômica.

Pois é, ocorre às vezes, que chega alguém que queira fazer do Bistrô PortoSol a continuação da farra iniciada na praia do Porto da Barra, zoar e soltar os bichos, como num boteco qualquer, comer antes da comida chegar à mesa, começando pela namorada logo ali no sofá...

Não, não tenho estrutura para servir cerveja, para quem quiser apenas beber!

Teriamos que largar trocentas vezes os nossos "afazeres temáticos", para levar mais uma geladinha... Além disso, o nosso espaço é limitado e dispomos de bebida gelada e gelo apenas para quem vem em busca de comida austríaca! Penso também seriamente em consultar uma fonoaudióloga, para aprender a dizer mui docemente para por favor tirar o pé na cadeira... é que essa postura não combina bem com o nosso Bistrô PortoSol. hehehe!

Optar por um espaço temático é motivo de alegria e descontração!

No nosso caso também é uma viagem no tempo!

www.reg.combr.net/bistro.htm

terça-feira, 5 de abril de 2011

Herança tosca!


Herança tosca,


ou,


toda ação tem a reação que merece...


Só que essa reação âs vezes vem tardia e atinge as pessoas erradas!


Depois de receber mais um e-mail ( Baianoterapia ) fazendo piada com os baianos, resolvi reagir e escrever um texto sobre o assunto!

É um tema ótimo para um doutorado, que deixo para outro desenvolver.

Como taverneiro tenho coisa melhor a fazer... e por falar no meu trabalho no Bistrô PortoSol, que devo abrir logo mais, vou ser curto e grosso!


Chega de papo de bêbado, chega de conversa de botequim inacabada de que baiano é isso, é aquilo, que é mal educado, indisciplinado, que é preguiçoso, impontual, folgado, lerdo e o skambau!


Chega! Não quero ouvir mais nenhuma piadinha de baiano!!!


Se não tivessemos aprendido a história do Brasil e da Bahia só para passarno vestibular, talvez compreendêssemos hoje melhor o nosso próprio comportamento!


Estarei errado, se eu afirmar que esse nosso comportamento revela fragmentos de reações à ações dos senhores escravocratas e de uma sociedade feudal teoricamente extinta há mais de 100 anos?


Penso que da época de sinhazinha e de sinhozinho sobrou bem mais do quea peruca, a roupa e o rapapé do mestre-sala das escolas de samba!


Há senhoras e senhores feudais anacrônicos, que Cláudio Lembo chama de"nossa elite branca".


O observador atento num instante descobre na nossa sociedade baiana trocentos exemplos, em que "gente bem" imita os senhores feudais de outrora.


Nem sempre dá vontade de rir dessa boçalidade, dessa empáfia, dessapostura caricata!

Na maioria das vezes perdemos a razão, reagindo mal!

Na maioria das vezes perdemos a razão, apelando para um comportamento hostil!

Na maioria das vezes nos defendemos, sendo indisciplinados, mal educados, impontuais... e quem acha que baiano é lerdo e lento, porque é preguiçosose engana!

Não se trata de nenhuma lentidão passiva e sim de um tipo de desobediência civil, uma reação à ordens arrogantes de algum patrão, que perdeu o rumo dahistória!


É "feudo" ter que conviver até hoje com caricaturas da era feudal!


Em vez de fazer piadas com "baianos", que tal brincar com o comportamento caricato dos que insistem em bancar sinhazinha e sinhozinho, com gestos, que você conhece no mínimo tão bem quanto eu!


Quem sabe, assim a gente consegue rir da arrogância mambembe dos que parecem ter o "rei na barriga".

Quem sabe, a nossa sociedade não se torna assim mais cordial?


Salvador, 5 de abril de 2011


Reinhard Lackinger

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Guia 4Rodas


Já viajei bastante por esse Brasilzão, sempre com o Guia 4Rodas a tiracolo.

Toda vida me dei bem consultando o Guia 4Rodas!

***

Não, eu não desconfiei que a linda jovem, ocupando uma das mesas no lado de fora do Bistrô PortoSol, fosse da Editora Abril, mais precisamente do Guia 4Rodas!


Pudera, é comum senhoras desacompanhadas virem ao Bistrô PortoSol, que é um espaço ordeiro, pacato e bem familia, além de ser um restaurantinho temático de culinária tradicional austro-húngara. com receitas de família, praticadas desde os idos da Monarquia do Danúbio.

Eu só fiquei sabendo que a moça trabalhava para o Guia 4Rodas, depois dela ter pago a conta e exigir a nota fiscal.

Ela me vez um monte de perguntas, checou preços no cardápio e visitou a nossa cozinha, registrando informações no computadorzinho que cabe na palma da mão.

Aproveitei a oportunidade para questionar o porquê do Bistrô PortoSol constar no Guia 4Rodas como restaurante de "comida variada" e não como comida austríaca, ou austro-húngara!

A resposta foi de difícil digestão!

"O Guia 4Rodas não dispõe dessa categoria de comida"!

Ora veja, praticamos em nosso restaurantinho uma gastronomia austríaca talvez única neste Brasil e nos enquadram como "comida variada"!

Raillóò... alguém conhece outro restaurante austro-húngaro neste Brasil, onde os petiscos e os pratos são preparados na hora e de modo tradicional pelos próprios donos como há 200 anos?


Será que isso não merece um destaque?

Em que outro estabelecimento você tempera e prepara a sua própria cerveja?

Para o Guia 4Rodas, especialidades oriúndas de etnias como a tcheca, a eslovaca, a húngara, a sérvia, a croata, a eslovena, a austríaca simplesmente não existem!


Registro aqui o meu mais veemente protesto!


Protesto também contra a sugestão do Bistrô PortoSol ser enquadrado como comida alemã!

Era só o que faltava!!!

Geeeeente, alemão é bom numa série de coisas, mas comer e cozinhar, com toda a certeza, não é uma delas!

Não, não posso aceitar que coloquem o Bistrô PortoSol na catgegoria "comida alemã"!

Prefiro vestir a camisa do Vitória. como qualquer palmeirense poria a camisa do Coringão!

Apesar de toda essa polêmica, agradeço ao pessoal do Guia 4Rodas pela força que vem dando ao Bistrô PortoSol ao longo de 10 anos e pelas dicas que continuo a extrair desse valioso "vademecum" turístico!